Congresso

Senador tenta urgência para votação do PL das eólicas offshore

Setor se movimenta para vencer resistências ao projeto antes do início do recesso parlamentar

Senador tenta urgência para votação do PL das eólicas offshore (576/2021) antes do início do recesso parlamentar. Na imagem: Irineu Orth fala, à bancada, durante audiência pública da CMA no Senado, para debater a compensação financeira sobre geração de energia, em 9/4/2024 (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Senador Irineu Orth (PP/RS), autor do requerimento de urgência para o PL das eólicas offshore (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

BRASÍLIA – O senador Ireneu Orth (PP/RS) trabalha para conseguir assinaturas para o requerimento de urgência para votação do PL das eólicas offshore (576/2021), em uma tentativa de vencer a resistência ao projeto e permitir que a proposta sob relatoria de Weverton Rocha (PDT/MA) seja aprovada antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18/7.

Para que o texto siga direto para sanção presidencial, é preciso manter a proposta que veio da Câmara, com todas as emendas – que beneficiam térmicas a carvão, a gás natural, PCHs e outras medidas.

O requerimento de urgência partiu de agentes que atuam no setor eólico e temem desperdiçar a janela de oportunidade para atrair investimentos no offshore. A Abeeólica informou à agência epbr que não teve participação no pedido feito ao senador. A entidade já se manifestou diversas vezes a favor da aprovação do marco das eólicas offshore, sem as emendas.

Weverton Rocha, por sua vez, tem sinalizado que não cabe a ele decidir sozinho sobre as emendas, sem um acordo que respeite a vontade da Câmara.

Após o aval de deputados da base, o Planalto – bem como os ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Minas e Energia (MME) – adotou uma postura contrária a todas as alterações no texto que chegou ao Senado.

Caberia, então, ao governo vetar as emendas, desgaste que o Planalto também tenta evitar.

Carvão busca solução para usinas

As propostas para o carvão, o artigo 23 do projeto, têm mobilizado o setor, diante da preocupação do Congresso Nacional em endossar a proposta do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT/CE).

No PL das eólicas offshore, o artigo prevê a prorrogação dos contratos das usinas a carvão até 2050. Foi recebido com críticas por consumidores e ambientalistas, mas é uma forma de preservar as atividades do setor nos estados da região Sul até o limite dos prazos da NDC.

No PL 1.956/2024, José Guimarães replica o texto da MP 1212 (subsídios para fontes renováveis) e inclui uma emenda para recontratar térmicas a carvão, mediante conversão para gás natural.

Nem a urgência para votação do texto de Weverton, tampouco a emenda de Guimarães, participaram de uma articulação da Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS), que representa os interesses de agentes da região Sul.

“Do jeito que está posta, não resolve a questão do carvão nacional. Teria que ser reescrito”, afirmou Fernando Zancan, presidente da ABCS, nesta quarta (10/7).

“Desastre tarifário”

No mês passado, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro Alexandre Silveira (PSD) criticou o PL das eólicas offshore. Falou em “desastre tarifário”, em referência aos jabutis inseridos no projeto.

“Esse projeto que veio do Senado para cá – e voltou para o Senado – representa 25 bilhões de custo a mais para o consumidor brasileiro. Se o Senado aprovar aquele PL do jeito que ele saiu dessa Casa, nós vamos ampliar a CDE [Conta de Desenvolvimento Energético] de R$ 38 bilhões para R$ 53 bilhões, prejudicando em especial a população mais pobre”, criticou.