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Redução da recuperação de custos vai acelerar receita da União com a partilha do pré-sal, diz Tabita Loureiro

“Esse crescimento vai ser abrupto, a gente precisa dar previsibilidade”, explicou executiva, que participa da OTC 2024

HOUSTON, TX – O fim da curva de recuperação de custos dos projetos em produção em áreas de partilha vai levar a um crescimento abrupto dos volumes que cabem à União nesses contratos, disse a diretora técnica e presidente interina da PPSA, Tabita Loureiro, em entrevista ao estúdio epbr durante a Offshore Technology Conference (OTC) 2024, em Houston (Texas), nesta segunda-feira (6/5). Assista a íntegra da entrevista acima.

A previsão é que a fatia da produção destinada à União na partilha passe dos atuais 50 mil barris/dia para 103 mil barris/dia em 2025. Em 2029, o volume deve superar os 500 mil barris/dia.

“Essa produção é ascendente, então a gente precisa se preparar para poder vender essa curva de produção”, disse Loureiro.

Nos contratos de partilha, o governo é “sócio” no lucro. Assim, uma parte da produção fica com a União, que é representada pela estatal PPSA. Esse modelo de contrato é aplicado em áreas dentro do polígono do pré-sal.

O crescimento da produção destinada ao governo nos próximos anos decorre do fato de que os operadores dos campos podem descontar de 50% a 80% da receita como recuperação dos custos para colocar os projetos em produção, a depender dos contratos.

Hoje, o percentual que cabe à União é calculado depois desse desconto. Entretanto, nos próximos anos algumas dessas áreas vão começar a atingir o teto permitido para a recuperação de custos. Assim, a base da receita para o cálculo da produção destinada ao governo vai aumentar.

O resultado é que, na prática, a produção total nas áreas da partilha vai duplicar nesse período, mas o volume da União vai aumentar em dez vezes.

A PPSA anunciou na manhã de hoje que vai fazer dois leilões, em julho de 2024 e abril de 2025 para a venda da produção da União nos contratos dos campos de Mero e Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.

Os contratos anteriores para a venda da produção desses campos foi fechado em 2021, com duração de três anos, portanto, acabam em 2024. Os campos de Tupi e Sapinhoá ainda têm contratos de comercialização fechados até 2026.

Nesse primeiro leilão, serão negociados, ao todo, 33 milhões de barris, que devem render de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões para o governo, a depender do preço do barril de petróleo no momento da venda e do desconto em relação ao Brent oferecido pelos compradores.

Os volumes serão vendidos em dois lotes com 10 milhões de barris e um lote com 10,5 milhões de barris do campo de Mero.

Um quarto lote, do campo de Búzios, terá 2,5 milhões de barris, volume menor, dado que a curva de recuperação de custos do contrato é maior, antecipou a agência epbr. A divisão em lotes deve contribuir para ampliar a competitividade nas negociações.

Intenção é ter um calendário de leilões

Segundo Tabita Loureiro, a intenção é ter um calendário de leilões para a venda da produção da União, de modo a dar previsibilidade ao mercado.

A expectativa é realizar até abril de 2025 a concorrência para a venda da produção de 2026. Nesse leilão, já deve entrar o volume do campo de Bacalhau, operado pela Equinor, a primeira área a ter um operador privado a entrar em operação na partilha.

“Esse crescimento vai ser abrupto, a gente precisa dar previsibilidade porque as empresas precisam ter capacidade de navio para buscar essa produção”, afirmou.

Os compradores da produção da União nos contratos de partilha tendem a ser empresas que têm disponibilidade de navios aliviadores com posicionamento dinâmico (DP).

Em geral, são companhias que já produzem no pré-sal e aproveitam os contratos com a PPSA para ampliar o volume retirado na região. Segundo Tabita, refinarias privadas, como a Acelen, também podem se interessar por comprar essas cargas.

Loureiro disse ainda que a PPSA discute com o Ministério de Minas e Energia (MME) a possibilidade de antecipar parte das vendas, com a possível negociação de volumes de 2027 e 2028 já no próximo ano.

Segundo ela, a antecipação é benéfica para as operadoras terem disponibilidade de navios. A ideia é ter um horizonte de leilões, de modo a dar tempo para que as empresas preparem a infraestrutura para retirar os volumes.

“Em 2027 o mercado [de navios] vai começar a apertar, então a gente precisa da previsibilidade para que as empresas tenham essa infraestrutura”, disse.

Cobertura completa do estúdio epbr na OTC 2024, em Houston, Texas