Diálogos da Transição

Por que a transição deve incluir as comunidades locais?

Além de desenvolvimento socioeconômico, energia comunitária aumenta autonomia na gestão local de recursos financeiros e energéticos

Instalações da central geradora de energia na comunidade de Ololosokwan, Tanzânia
Instalações da central geradora de energia na comunidade de Ololosokwan, Tanzânia

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 04/01/22

Editada por Nayara Machado e Gustavo Gaudarde
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Estudo da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês) aponta que comunidades de energia renovável são um poderoso acelerador da transição.

Além de gerar desenvolvimento socioeconômico local, a inclusão de comunidades nos projetos de energia limpa também permite maior autonomia na gestão dos recursos financeiros e energéticos.

“Para garantir uma transição energética social, justa e equitativa, governos, instituições financeiras e outros parceiros têm um papel fundamental a desempenhar na facilitação de projetos de energia da comunidade”, diz a agência.

Uma variedade de abordagens para o desenvolvimento de energia comunitária pode ser encontrada em todo o mundo, destaca a IRENA, e ambientes políticos estáveis e não discriminatórios têm sido cruciais. Veja na íntegra (.pdf)

Na epbr, já mostramos exemplos de iniciativas de transição justa em diferentes partes do mundo, desafios envolvendo o mercado de trabalho (aqui também) e até mesmo como a busca por segurança pode ser um fator reacionário rumo a uma matriz mais limpa. 

Aqui, destacamos quatro motivos para engajar comunidades na transição energética:

Aproveitamento de energia renovável na produção local. Mini-redes instaladas pela Sosai Renewable Energies não só forneceram acesso à energia às famílias e empresas em duas aldeias nigerianas, como também estão empoderando as mulheres da região.

Cada comunidade tem um quiosque solar administrado por mulheres locais que alugam secadores para agricultores, carregadores para telefones e vendem seus produtos.

No Canadá, a Three Nations Energy (3NE) está aproveitando o sucesso de sua primeira fazenda solar para investir em iniciativas de segurança alimentar e soberania energética.

Já a Citizens Own Renewable Energy Network Australia (CORENA), expandiu o projeto de financiamento focado em renováveis e eficiência para projetos de substituição de gás fóssil e veículos elétricos.

Na Alemanha, a cooperativa de energia UrStrom começou a implementar o uso de energias renováveis ​​na descarbonização de outros setores, como o transporte.

Capacitação e participação. A inclusão da comunidade por meio de capacitação permite à população compreender questões técnicas, políticas e financeiras e até desenvolver planos de negócios para as iniciativas de energia da comunidade.

Um exemplo vem das Irmãs Beneditinas de Santa Inês na Tanzânia, que tomaram decisões importantes durante a construção da Usina Hidrelétrica de Tulila, e receberam treinamento para se tornarem as principais responsáveis ​​pelas operações e manutenção do projeto.

Veículo para a igualdade de gênero e juventude. Iniciativas de energia da comunidade podem fechar as lacunas de gênero ao estabelecer estruturas de governança que exigem representação igual de mulheres em posições de liderança.

É o que acontece na Hidrelétrica de Tulila, onde a Sosai Renewable Energies contrata mulheres para gerenciar os negócios da usina.

E nas comunidades na Nigéria, onde cerca de 30 mulheres agricultoras com acesso a secadores solares conseguiram sair da agricultura de subsistência para montar seu próprio negócio.

E novas parcerias. Segundo o estudo da IRENA, as comunidades se esforçaram para cultivar relacionamentos com novos parceiros e recorrem a outras comunidades em busca de inspiração e orientação.

Além disso, ao trabalhar com organizações parceiras, as comunidades ajudam na compreensão dos contextos locais e necessidades para tomada de decisão.

O documento apresenta o exemplo do fornecedor de energia francês Enercoop, que contou com uma intervenção da cooperativa de energia belga Ecopower e de bancos cooperativos para uma garantia financeira quando os credores tradicionais não estavam dispostos a fazê-la.

As comunidades também podem se associar de maneira mais formal para trocas mutuamente benéficas.  Na iniciativa AfrikaSTARK 1, a cooperativa alemã Energiegenossenschaft Starkenburg ajudou a financiar um projeto de irrigação de água solar na região de Sikasso, no Mali.

A troca gerou benefícios socioeconômicos para a comunidade do Mali, além de um retorno financeiro concreto para a cooperativa.

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