Cerca de 130 empresários embarcam para os Estados Unidos nesta semana, em missão empresarial organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O objetivo é abrir caminhos para reverter a taxa de 50% aplicada sobre produtos brasileiros. Os setores mais afetados pelo tarifaço também estarão representados, como máquinas e equipamentos, madeira, café e cerâmica.
A agenda inclui reuniões com empresários e parlamentares norte-americanos, encontros bilaterais com instituições parceiras e uma plenária com representantes do setor público e privado dos dois países para fortalecer o diálogo e avaliar os impactos comerciais e estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os dois países.
Também está prevista reunião com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Ribeiro Viotti.
Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, o propósito da missão empresarial é aprofundar o diálogo e contribuir para as negociações, por meio de argumentos técnicos. “As economias brasileira e americana são complementares”, destacou.
“A nossa contribuição nesse processo busca reforçar a necessidade de que Brasil e Estados Unidos utilizem os canais estruturados de cooperação existentes para garantir que as relações comerciais e de investimento permaneçam justas, recíprocas e benéficas para ambos os países”, disse Alban.
Na quarta-feira (3/9), às 10 horas, haverá uma reunião no Capitólio, a sede do legislativo americano. Os nomes dos parlamentares americanos que terão reunião com a comitiva empresarial brasileira ainda não foram divulgados.
Entre 12 horas e 16 horas, estão previstas reuniões bilaterais com instituições brasileiras e suas contrapartes/parceiros nos EUA. Às 16 horas, os representantes da indústria terão audiência com a embaixadora do Brasil em Washington.
Paralelamente, entre 9 horas e 17 horas, por meio do embaixador Roberto Azevêdo, consultor da CNI, a entidade brasileira vai participar da audiência pública relacionada ao processo contra o Brasil, aberto pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) com base na Seção 301 da Lei de Comércio.
A investigação, aberta em 15 de julho, abrange temas como comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, tarifas preferenciais, proteção de propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e questões ambientais (como desmatamento ilegal).
A CNI já apresentou posicionamento técnico argumentando que o País não aplica práticas desleais ou discriminatórias que prejudiquem a competitividade das empresas norte-americanas e sustentou que as preocupações identificadas pelo USTR não justificam medidas restritivas ao comércio nos termos da Seção 301.
A instituição destaca que não há base jurídica ou factual para a imposição das tarifas adicionais, que o comércio bilateral entre Brasil e EUA é mutuamente benéfico, com superávit para os EUA e tarifas baixas, e que medidas unilaterais enfraquecem essa parceria estratégica.
A agenda prossegue na quinta-feira (4/9), a partir das 8h45, com um diálogo empresarial Brasil-EUA para discutir os impactos comerciais e as estratégias para aprofundar a parceria econômica entre os dois países.
Participam o presidente da CNI, o vice-presidente executivo da US Chamber of Commerce, Neil Bradley, o CEO da Amcham Brasil, Abraão Árabe Neto, e a diretora global de Política de Comércio e Investimento da Dow e membro do Brasil-US CEO Forum, Lisa Schroeter.
Em outra mesa, estarão os representantes dos diferentes setores (brasileiros e norte-americanos).
Comitiva
Dirigentes de 8 federações estaduais da indústria integram a comitiva: Goiás (Fieg), Minas Gerais (Fiemg), Paraíba (Fiepb), Paraná (Fiep), Rio de Janeiro (Firjan), Rio Grande do Norte (Fiern), Santa Catarina (Fiesc) e São Paulo (Fiesp).
Entre as associações setoriais, estão Abimaq (máquinas e equipamentos); Abrinq (brinquedos); Abal (alumínio); Abiec (carnes); Abimci (madeiras); Cecafé (café); ABFA (ferramentas); Anfacer (cerâmica); CentroRochas (Rochas); CICB (couro). Entre as empresas participantes, estão Tupy, Embraer, Stefanini, Novelis e Siemens Energy.