Câmara aprova distribuição de recursos da cessão onerosa; veja como fica o rateio

FPSO P-74 em operação no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos (Foto: Divulgação)
O FPSO P-74 entrou em operação na última sexta-feira no campo de Búzios, área da cessão onerosa da Bacia de Santos (Foto: Divulgação)

Larissa Fafá, Gustavo Gaudarde e Guilherme Serodio

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (9/10) o projeto de lei que define a divisão dos recursos do bônus de assinatura do excedente da cessão onerosa.

O texto final definiu que prefeituras vão receber 15% do valor a ser rateado pelas regras do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Já os estados  terão direito a 15%, mas 10% serão distribuídos por meio das regras do FPE e 5% vão levar em conta as desonerações por exportações, proporcionais a compensações que já foram pagas no passado com base na Lei Kandir e Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX).

Beneficiado com a destinação de 3% adicionais do bônus de assinatura, o estado do Rio de Janeiro foi excluído da divisão de recursos pelo Fundo de Participação dos Estados (FPE), mas recebe seu percentual na divisão de recursos pelo FEX/Lei Kandir.

Em um discurso de agradecimento pela votação, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirmou que o texto pactuado atendeu a todas as regiões do país, mesmo após ter vindo do Senado em uma versão desequilibrada, que favorecia estados do Nordeste.

“Agradeço a compreensão de todos que entenderam que o acordo era o melhor para todos os estados brasileiros”, disse Maia, que ainda defendeu Arthur Lira (PP/AL), atacado na semana passada pelo relator da matéria no Senado, Cid Gomes (PDT/CE). 

Municípios cobram acordo com Paulo Guedes e Bolsonaro

Ao longo desta quarta, a pressão dos prefeitos sobre a Câmara dos Deputados provocou no final da tarde de hoje uma atualização no acordo. A nova redação permitiu que os municípios tenham liberdade para gastar a verba com investimentos ou no sistema de previdência.

Já os estados conseguiram se livrar do gasto com precatórios, mas continuam com a prioridade de usar o dinheiro para o pagamento das previdências. Caso as dívidas sejam quitadas, o recurso fica livre para governadores investirem.

A alteração foi feita após a romaria de prefeitos e do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, no Salão Verde da Câmara. A entidade também convocou prefeitos pelo país a ligarem e mandarem mensagens para os deputados para cobrar mobilização parlamentar em Brasília contra o dispositivo que carimbava os recursos.

O acordo divulgado hoje cedo havia irritado a CNM. Aroldi criticou a imposição às prefeituras de usar a verba para quitar dívidas previdenciárias antes de terem a liberdade de aplicar os novos recursos. A regra definida no texto do novo projeto de lei incluía até os municípios onde os prefeitos já negociaram suas dívidas. A insatisfação com a redação do texto gerou mais um ponto de atrito sobre o projeto cuja costura de um consenso mínimo entre estados só foi alcançada nesta semana.

“Não foi isso que combinamos com o presidente Bolsonaro, não foi isso que foi falado pelo ministro Guedes”, disse Aroldi a jornalistas dentro da Câmara nesta tarde.

Segundo ele, o acordo dos líderes do Congresso com a confederação de municípios estava firmado com a previsão de repasse de 15% dos recursos do bônus de assinatura do excedente da cessão com a divisão pelas regras do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), mas sem mais condicionantes.

“Ontem o presidente (Rodrigo) Maia assumiu compromisso com a gente e agora somos tratados assim”, disparou.

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O presidente da CNM convocou ontem uma mobilização relâmpago de prefeitos a Brasília depois que a equipe econômica do governo ensaiou, na última sexta-feira, reduzir os valores da cessão onerosa aos municípios para 10% do montante do bônus de assinatura. A alteração visava destinar recursos para emendas parlamentares de deputados e senadores.

Durante o fim de semana o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, avisou ao governo que o plano não funcionaria e a proposta não tinha “chance de ser aprovada”. Desde então, Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tranquilizaram os municípios e negociaram o novo acordo com governadores e o Planalto.

Ao longo do dia, a insatisfação dos municípios reverberou em críticas de deputados à negociação tocada por Maia e Alcolumbre. Nos corredores, deputados ouvidos pela redação  consideraram a possibilidade de propor alterações no texto para aumentar a destinação de verbas para municípios para até 20% dos recursos do bônus de assinatura. Eles eram incentivados pela corrida eleitoral a menos de um ano das eleições municipais de 2020. A mudança na proporção aos contemplados desagradaria novamente os governos estaduais.

https://eixos.com.br/o-leilao-dos-excedentes-da-cessao-onerosa-esta-garantido/

 

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