Ponto Final: política externa do governo Bolsonaro é exposta por incapacidade de conseguir vacinas

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, durante cerimônia de posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, durante cerimônia de posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

A tragédia construída por Ernesto Araújo na política externa brasileira ameaça a capacidade brasileira de dar continuidade ao programa de vacinação.

A Índia não se comprometeu a enviar doses da vacina da AstraZeneca produzida no país, e a Fiocruz informou ao governo federal que nas condições atuais a fabricação local do medicamento será atrasada para março.

Os laboratórios brasileiros precisam de insumos para produção do imunizante da Sinovac no Butantã e da AstraZeneca na Fiocruz. O principal fornecedor é a China.

Com os canais tradicionais de diálogo enfraquecidos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), tenta protagonizar uma solução, em negociação direta com a embaixada da China no Brasil.

O presidente da Frente Paramentar Brasil-China, o deputado bolsonarista Fausto Pinato (PP/SP) enviou uma carta à embaixada pedindo que a China libere a exportação dos insumos.

Pinato engrossou a lista de críticos ao chanceler Ernesto Araújo. Para ele, a necessidade de garantir a importação de insumos para vacinas e a mudança do presidente dos Estados Unidos nesta quarta (20) mostram que o momento é de o governo mudar sua política externa:

“Um gesto que o senhor ministro poderia fazer aos brasileiros e ao mundo é adotar uma nova postura e ajudar o Brasil a superar as crises dos últimos anos. É hora de mudar a estratégia e enxergar o óbvio”, disse Pinato.

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Disputa no Senado

O fracasso do governo na tentativa de comprar vacinas no exterior teve impacto inclusive na disputa pela sucessão no Senado.

Candidata do MDB à presidência do Senado, Simone Tebet (MS) divulgou nesta terça (19) uma nota crítica à postura de Bolsonaro na condução da resposta à pandemia de covid-19.

A publicação marca uma guinada na estratégia da senadora para tentar conquistar a presidência da Casa quando o Planalto e até partidos da oposição, como o PT, estão alinhados no apoio ao nome de Rodrigo Pacheco (DEM/MG).

O documento foi uma nota conjunta publicada com Baleia Rossi (MDB/SP), nome do partido na disputa à presidência da Câmara. Rossi tem falado duro contra o governo desde que confirmou sua candidatura. Com isso conquistou o apoio dos cerca de 120 deputados da oposição.

Os parlamentares afirmam que Bolsonaro promove “arroubos autoritários e machistas”, o Brasil perde batalha contra o vírus.

Tebet, contudo, tem dificuldades para liderar a própria bancada do MDB, onde estão o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB/TO).

Ela também não conta com a simpatia de outro cacique experiente, Renan Calheiros (MDB/AL), a quem desafiou na eleição do Senado em 2019.

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CPMF

Na Câmara, Baleia Rossi (MDB/SP) descartou apoiar a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de recriar a CPMF. Segundo ele, o Planalto é obcecado pela proposta de recriação do imposto, e conta com “Arthur Lira, o candidato governista a presidente da Câmara” para isso.

Na base governista, Arthur Lira (PP/AL) segue em busca do apoio da maioria do PSL. Hoje ele protocolou na Câmara um abaixo-assinado com declaração de apoio de 36 integrantes do partido.