O projeto da Petrobras de vender o controle de quatro de suas refinarias começa a ganhar uma forte resistência no Legislativo. Parlamentares de 25 partidos se uniram na criação da Frente Parlamentar em Defesa das Refinarias de Petróleo da Petrobras e contra a sua Privatização, que já conta com 201 deputados, entre eles parlamentares da base aliada do governo Michel Temer, como PP, PR, PSDB e o próprio MDB do presidente. Os partidos de oposição são, é claro, os que mais possuem integrantes na frente parlamentar.
A frente parlamentar é presidida pelo deputado Bohn Gass (PT/RS) e tem como objetivo principal promover o debate sobre a desnacionalização da indústria do petróleo no Brasil. A iniciativa foi aprovada ontem pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ). O lançamento oficial da frente acontece nesta quarta-feira, às 15h30, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
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São Paulo, com 28 parlamentares, é o estado com o maior número de parlamentares fazendo parte da frente. Logo em seguida vem o Rio Grande do Sul, onde está a Refinaria Alberto Pasqualini, que faz parte do desinvestimento, com 21 deputados. O Rio de Janeiro aparece na terceira posição, com 20 parlamentares.
Na lista de deputados que assinaram a criação da frente parlamentar estão deputados com ligação direta com o próprio presidente Michel Temer. Osmar Terra (MDB/RS), por exemplo, foi ministro do Desenvolvimento Social até abril deste ano e deixou o cargo para tentar a reeleição. Outro ex-ministro que aparece na lista é Osmar Serraglio (PP/RS), que comandou o ministério da Justiça até maio do ano passado.
Fábio Ramalho (MDB/MG) seria a aposta de Temer para comandar a Câmara de Deputados na sucessão de Rodrigo Maia. No PRB, também da base aliada do governo Temer, chama a atenção a assinatura do presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, deputado Marcelo Squassoni (PRB/SP).
A Petrobras lançou em abril concorrência para vender 60% das refinarias Abreu e Lima e Landulpho Alves, no Nordeste, e Alberto Pasqualini e Presidente Getúlio Vargas, no Sul. Na última segunda-feira (18/6), a estatal informou que cinco empresas já assinaram termos de confidencialidade para avaliar a compra de participações nos projetos.
O prazo para assinatura dos termos de confidencialidade foram ampliados, segundo a Petrobras, para dar tempo para novas empresas participarem da concorrência.