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Novo round na queda de braço sobre o preço de referência para calcular os royalties do petróleo

Mudança prevista na MP 1304/2025, da reforma do setor elétrico, gera reação no mercado

Eduardo Braga (MDB/AM), à bancada, fala durante reunião da na CAE no Senado, em 24 de setembro de 2025 (Foto Andressa Anholete/Agência Senado)
Eduardo Braga (MDB/AM), à bancada, fala durante reunião da na CAE no Senado, em 24 de setembro de 2025 (Foto Andressa Anholete/Agência Senado)

NESTA EDIÇÃO. As discussões em torno das mudanças no preço de referência para cálculo de royalties incluídas na MP do setor elétrico. 
 
No segundo dia da OTC Brasil 2025, diretora de E&P da Petrobras, Sylvia Anjos, diz que companhia reduziu incertezas sobre Sergipe Águas Profundas e que pode antecipar primeiro óleo. 
 
MME começar a estudar viabilidade de aumento das misturas para 25% de biodiesel no diesel e 35% de etanol na gasolina. 


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As produtoras de petróleo e gás reclamaram da inclusão do artigo no relatório da MP 1304/2025, da reforma do setor elétrico, que vai alterar o preço de referência usado para o cálculo dos pagamentos de royalties, um pleito das refinarias privadas. 

  • Na prática, a proposta é que o preço de referência seja definido a partir de cotações de agências internacionais com base em preços médios de comercialização ou seja regulamentado por decreto presidencial, o que tende a aumentar a base de cálculo. 
  • Na justificativa do relatório, o senador Eduardo Braga (MDB/AM), deixa claro que a medida visa contribuir para a arrecadação da União e para o equilíbrio fiscal.

Representadas pela Refina Brasil, as refinarias privadas defendem a alteração e afirmam que a mudança ajuda a “corrigir distorções históricas e promove justiça tributária e regulatória”.

  • Segundo essas companhias, as produtoras adotam estratégias tributárias para venda de óleo ao exterior acima dos preços de referência. Com isso, acabam aumentando o preço de venda do óleo bruto e dificultando o refino no mercado interno
  • “O direcionamento sistemático da produção ao mercado externo reduz a concorrência, eleva custos internos e compromete a soberania energética nacional”, disse o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, em nota. 

Por outro lado, temendo o aumento da arrecadação, as petroleiras privadas afirmaram que a medida cria insegurança e compromete a estabilidade do setor, além de desestimular investimentos. Defendem, sobretudo, que o preço de referência permaneça sob a regulação da ANP.

  • Segundo o IBP, o cálculo do preço de petróleo para recolhimento das participações governamentais não influencia a oferta da commodity no mercado interno.
  • “É fundamental preservar o modelo atual, que equilibra arrecadação e competitividade, assegurando que o preço de referência continue sendo definido por critérios técnicos, sob a regulação especializada da ANP, e não por parâmetros tributários alheios à dinâmica da indústria”, disse em nota.
  • A Abpip, que representa os produtores independentes, afirma que a mudança pode inviabilizar projetos e gerar desinvestimento, revertendo os ganhos obtidos nos últimos anos com a revitalização de campos maduros.

A revisão do preço de referência é alvo de discussão na ANP há três anos

  • Em julho, a agência concluiu a revisão, mas a elevação da arrecadação acabou ficando abaixo do esperado pelo governo.  

A votação do relatório da MP do setor elétrico está marcada para esta quinta (30/10), depois de alterações na véspera, relacionadas sobretudo ao pagamento de multas e cobranças no setor elétrico.  

  • O texto também recebeu críticas do mercado de gás natural, em relação aos mecanismos para a contratação de gasodutos e redução da reinjeção de gás

Na visão do CEO da Bolsa Brasileira de Gás Natural e Biometano (BBGN), Antônio Guimarães, as medidas não ajudam no desenvolvimento do mercado.



Preço do barril. O petróleo terminou o pregão de quarta-feira (29/10) em alta, interrompendo sequência de queda em três sessões, diante da redução muito além do previsto nos estoques nos EUA e com a expectativa pelo encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping. A decisão do banco central norte-americano de cortar juros também influenciou os negócios.

  • O Brent para janeiro avançou 0,76% (US$ 0,49), a US$ 64,32 o barril

OTC Brasil 2025. No segundo dia do evento no Rio, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, confirmou as negociações com a SBM Offshore para as plataformas que vão produzir em águas profundas em Sergipe. Em entrevista ao estúdio eixos, ela disse que as negociações reduziram as incertezas sobre o projeto, com expectativas de antecipar a entrada em produção

  • Dez empresas já se inscreveram no data room do leilão das áreas não contratadas na partilha do pré-sal, segundo o presidente da PPSA, Luis Fernando Paroli.
  • O avanço das perfurações na Bacia da Foz do Amazonas pode transformar o Amapá em polo exportador de bens e serviços de óleo e gás para a Margem Equatorial, inclusive para Guiana e Suriname, segundo o presidente da Abespetro,  Telmo Ghiorzi.
  • As atividades na região, inclusive, abrem oportunidades para novos contratos e parcerias de longo prazo na indústria, na visão do diretor de administração portuária e serviços do Porto do Açu, Vinicius Patel. 

Refit segue interditada. O ministro Herman Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e anulou a liberação das atividades empresariais da Refit, que havia sido determinada na segunda-feira (27) pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Com isso, as operações seguem paralisadas.

Combate ao crime. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), não tem feito nada para ajudar o governo federal a combater os crimes no mercado de combustíveis. Segundo Haddad, são atividades ligadas a esse tema que irrigam financeiramente o crime organizado.

  • O governador do Rio liderou na terça (28) a mais mortífera operação contra facções criminosas da história do Estado. 

Nova operação. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo federal prepara uma versão da operação Carbono Oculto “turbinada” contra o CV (Comando Vermelho)

  • A fala indica que o governo pretende articular uma operação diluída para estrangular a rota do dinheiro do CV. Deve envolver Polícia Federal, Ministério Público Federal e órgãos de inteligência para investigar as ligações da facção com o setor financeiro

Aumento da mistura. O MME criou um subcomitê para avaliar a viabilidade de misturas de 25% de biodiesel no diesel e 35% de etanol na gasolina. O grupo vai coordenar estudos e propor medidas para a regulamentação e implementação da lei do Combustível do Futuro. Os trabalhos começam pelo biodiesel
 
Biocombustíveis nos EUA. A produção média de etanol nos Estados Unidos foi de 1,091 milhão de barris/dia na semana passada. O volume representa queda de 1,89% ante o registrado na semana anterior, de 1,112 milhão de barris/dia.
 
Opinião: Potencializar mobilidade vai além da venda: passa pelo ciclo de vida do veículo, amplia o acesso e promove a sustentabilidade, escreve o diretor de Pessoas, Jurídico e Relações Governamentais da Volkswagen Financial Services Brasil, Luis Penteado. 
 
Plano integrado. A EPE prorrogou a consulta pública do Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGB) para 7 de novembro. O plano reúne 13 projetos considerados prioritários para ampliar a oferta de gás natural e biometano, além de mitigar gargalos e expandir a malha integrada de gasodutos no país.
 
Revisão tarifária no gás. A discussão sobre as tarifas de transporte de gás natural deixa clara a necessidade de se ouvir os “pontos de dor” dos usuários, mas o debate precisa ser encarado de forma realista. O episódio desta semana do videocast gas week traz a visão do CEO da Fluxys Brasil, Sébastien Lahouste. Assista na íntegra.
 
Inabilitadas no A-5. A Aneel inabilitou a PCH Guarani, da Guarani Geração de Energia, em Santa Catarina, por descumprir o requisito de índice mínimo de liquidez geral exigido no edital do leilão de energia nova A-5. A PCH Ribeirão Bonito, da Rio Turvo Energética, no Paraná, também foi desabilitada por conta de uma decisão judicial.
 
UHE Três Irmãos. A Axia Energia (antiga Eletrobras) comprou o restante da participação na Tijoá Energia. O acordo no valor de R$ 247 milhões prevê a aquisição de 50,1% da concessionária responsável pela UHE Três Irmãos, no rio Tietê (SP). Com o acordo, a Axia Energia passará a consolidar 100% da usina de 808 MW.

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