Na lista de nomes pendentes para compor o novo governo Lula estão os titulares de pastas como Ministério de Minas e Energia, Transportes, Agricultura, Meio Ambiente, além da própria Petrobras.
Faltando menos de uma semana para o início de seu governo, Lula (PT) já anunciou 21 de seus 37 ministros. Os demais devem ser confirmados até quarta (28/12).
As negociações para ajustar a lista final buscam contemplar partidos e figuras políticas importantes para a base de apoio do novo governo — que, ao mesmo tempo, tenta manter controle sobre áreas consideradas estratégicas.
O comando do Ministério de Minas e Energia (MME) vinha sendo alvo de disputas entre PSD, MDB e União Brasil.
Elmar Nascimento (União/BA), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), foi cotado para assumir o MME, mas o nome do senador Alexandre Silveira (PSD/MG) despontou como uma alternativa que viabiliza a acomodação dos demais partidos em áreas do governo.
Silveira é aliado de Rodrigo Pacheco (PSD/MG), que espera contar com o apoio do governo Lula na reeleição para a presidência do Senado.
Assumiu a vaga deixada por Antonio Anastasia (PSD/MG) no Senado em fevereiro, quando o ex-tucano foi indicado para o Tribunal de Contas da União (TCU).
Silveira tentou a reeleição, mas foi derrotado pelo candidato bolsonarista Cleitinho Azevedo (Republicanos).
Em Minas, foi importante aliado de Lula na disputa presidencial, onde o petista conseguiu ampliar sua votação no segundo turno.
Após a vitória de Lula, o senador assumiu a relatoria da PEC da Transição no Senado, promulgada na semana passada pelo Congresso Nacional.
Alexandre Silveira não tem atuação próxima do setor de energia, embora seja um dos autores da PEC que fez parte das medidas este ano para reduzir os preços dos combustíveis.
Seu nome chegou a ser ventilado para o Ministério da Infraestrutura — fez parte do grupo temático no gabinete de transição e ocupou a direção do Dnit no primeiro governo Lula (entre 2004 e 2005).
O Minfra, porém, foi dividido. Márcio França (PSB) foi confirmado para a área de Portos e Aeroportos e Renan Filho (MDB) é cotado para assumir Transportes.
Jean Paul Prates na Petrobras
O senador Jean-Paul Prates (PT/RN) é o nome forte para assumir o comando da Petrobras. Vem sendo cotado para o cargo desde antes da campanha presidencial.
Se confirmado, assumirá com o desafio de lidar com os preços dos combustíveis da companhia.
Em seu programa de governo, Lula prometeu o fim da política de paridade internacional de preços dos combustíveis.
Prates defende a criação de referências regionais que levem em conta a formação de preços nacionais e importados — mas promete que não se trata de tabelamento de preços dos combustíveis.
O PT decidiu manter sob seu controle áreas consideradas estratégicas, como BNDES (Aloizio Mercadante), Fazenda (Fernando Haddad), Desenvolvimento Social (Wellington Dias), Educação (Camillo Santana), Trabalho (Luiz Marinho), Casa Civil (Rui Costa), Relações Institucionais (Alexandre Padilha) e Secretaria-Geral (Márcio Macêdo).
Jean Paul Prates foi consultor e secretário de Energia do Rio Grande do Norte e coordenou o subgrupo de óleo e gás no gabinete de transição.
No Senado, assumiu em 2019 a vaga deixada por Fátima Bezerra, reeleita governadora do RN. Foi relator de projetos importantes, como o que levou à redução dos preços dos combustíveis — a lei complementar da monofasia do ICMS.
Fávaro no Ministério da Agricultura
O senador Carlos Fávaro (PSD/MT) é o nome cotado para assumir o Ministério da Agricultura. Responsável por fazer a interlocução entre Lula e o agronegócio durante a campanha do petista, Fávaro integrou o grupo de Agricultura após a eleição, no gabinete de transição.
Defendeu a retomada do B15 em 2023 e criticou a inserção de novos combustíveis na mistura obrigatória de biodiesel.
Havia, no entanto, um impasse em torno de sua primeira suplente, Margareth Buzetti. Considerada bolsonarista, ela assumiria a vaga de Fávaro no Senado.
Porém, Buzetti e o segundo suplente, José Lacerda, até então vinculados ao PP e ao MDB, respectivamente, se filiaram ao PSD na última sexta (23/12).
Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente
Marina Silva (Rede) é, há semanas, o nome mais consolidado para assumir o Ministério do Meio Ambiente, pasta que comandou durante o primeiro e parte do segundo governo Lula (2003-2008).
O apoio de Marina à candidatura de Lula acompanhou propostas climáticas para o setor de energia. Recebeu garantias do PT que o novo governo priorizaria medidas como a inclusão de metas de carbono em leilões de energia, por exemplo.
“Vincular toda a contratação de energia nova no Sistema Interligado Nacional (SIN) às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico”, dizia a proposta. Veja mais em Programa de Lula deve incluir carbono em leilões de energia.
Enquanto o nome de Marina não é confirmado, chegou a ser ventilado que Simone Tebet (MDB) poderia assumir o MMA e entregar à Marina o comando da autoridade climática — órgão que Lula prometeu criar com status ministerial, como parte das promessas que atraíram Marina para a campanha petista.
Figura importante no apoio à candidatura de Lula no segundo turno, Tebet desejava o Desenvolvimento Social — que foi para Wellington Dias, ex-governador petista do Piauí e senador eleito.
Tebet é apontada, agora, como um nome para o Planejamento, a ser recriado a partir do desmembramento do atual Ministério da Economia. Se chegar a um acordo, vai integrar a equipe econômica de Lula, com Haddad na Fazenda; Alckmin no MDIC; e Esther Dweck na Gestão.
Ministério dos Transportes com Renan Filho
Ex-governador de Alagoas e senador eleito pelo estado, Renan Filho (MDB) integra o grupo político do pai, Renan Calheiros, rival de Arthur Lira.
Seu nome chegou a ser cotado para o MME — setores do MDB, incluindo Renan, apoiaram a candidatura de Lula desde o início da campanha oficial. No segundo turno, Simone Tebet (MDB/MS) se juntou à frente ampla contra a reeleição de Bolsonaro (PL).
No entanto, com a articulação que pode levar o senador do PSD, Alexandre Silveira, ao comando do MME, Renan Filho passou a ser apontado como possível ministro dos Transportes.
Márcio França no Ministério de Portos e Aeroportos
O ex-governador de São Paulo e deputado federal eleito Márcio França (PSB) foi confirmado semana passada no comando do Ministério de Portos e Aeroportos.
Logo após sua indicação para o cargo, França afirmou que a privatização do Porto de Santos está descartada: “A autoridade portuária continuará sendo estatal. O que faremos são concessões de áreas dentro do porto, de terminais privados”, disse a jornalistas.
Em resposta, o governador eleito do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Infraestrutura do governo Bolsonaro e idealizador do projeto, disse que irá conversar com França e Lula para defender a manutenção da privatização.
A minuta do edital está sob análise do Tribunal de Contas da União (TCU).
França participou do grupo de Cidades na transição de governo e é o terceiro nome do PSB à frente de ministérios no novo governo, com Flávio Dino (Justiça) e o vice, Geraldo Alckmin (MDIC).