comece seu dia

Energia elétrica já pesa na inflação e vai ficar mais cara no mercado livre em 2026

“Luz do Povo” pode ter impacto de até 12% nos custos do ambiente livre no próximo ano, estima Anace

Interruptor de energia elétrica ao lado do recado por escrito 'Ao sair, apague a luz.' (Foto Fernando Frazão/Agência Brasil)
Interruptor ao lado do recado por escrito 'Ao sair, apague a luz.' (Foto Fernando Frazão/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Pressão nos custos da energia elétrica de volta ao radar.
 
Aneel multa Equatorial Goiás por compartilhamento indevido de informações da distribuidora com a comercializadora.
 
BYD inaugura fábrica de veículos híbridos e elétricos na Bahia. 
 
Cessar-fogo em Gaza contribui para queda do preço do barril de petróleo
 
Comissão Europeia encaminha Polônia para Tribunal de Justiça por falta de estratégia climática de longo prazo.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O custo da energia elétrica voltou a ser uma preocupação para a inflação em setembro, com uma alta de 10,31% no mês, sendo o fator de maior pressão individual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês. 

  • Sozinha, a energia respondeu por 85% de toda a inflação de setembro, segundo o IBGE. 
  • A pressão veio, sobretudo, do fim do bônus de Itaipu Binacional, que havia beneficiado as contas em agosto, mas também sofreu influência da bandeira vermelha patamar 2 em vigor em setembro e dos reajustes anuais das distribuidoras. A tendência já vinha sendo observada em meses anteriores.  

E o sinal de alerta se estende até o próximo ano: as perspectivas são de aumentos nos custos de energia no mercado livre, em meio às mudanças que o governo está promovendo no setor. 

Na quarta (8/10), o presidente Lula (PT) sancionou a lei que cria o programa Luz do Povo, que ampliou a tarifa social para dar gratuidade a famílias de baixa renda no consumo de até 80 kWh por mês. 

  • O programa vai ser custeado pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), paga pelos demais consumidores.  

A medida, no entanto, deve contribuir para um aumento de custos de até R$ 65 por MWh em 2026 no mercado livre de energia, o que equivale a um impacto médio real da ordem de 5% a 12%

  • Os cálculos são da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) e levam em consideração os consumidores do ambiente livre, que podem escolher o fornecedor de energia, opção hoje restrita à média e alta tensão, ou seja, indústrias e empresas
  • Segundo a estimativa, o custo para os consumidores livres da gratuidade concedida pelo governo ficará entre R$ 15/MWh e 20/MWh.
  • Outras medidas previstas na lei também contribuem para a alta, como o novo rateio da geração nas usinas de Angra I e Angra II (impacto de R$ 7 e R$ 12/MWh) e a isenção da CDE para consumidores de baixa renda (peso de R$ 0,50 e R$ 1/MWh).
  • A projeção aponta ainda que o crescimento do mercado livre, a prorrogação de contratos do Proinfa e o crescimento dos projetos de geração distribuída podem pressionar os custos finais dos consumidores entre R$ 4 e R$ 8 por MWh cada.
  • “É inegável a importância do aumento dos benefícios para os consumidores de baixa renda. Mas não se pode ignorar a gravidade do impacto desses benefícios para as empresas”, diz o diretor-presidente da Anace, Carlos Faria. 

E as discussões em curso no Congresso ainda podem influenciar os rumos dos preços.

  • Parte das propostas do governo para a reforma do setor elétrico, como a abertura do mercado livre a todos os consumidores e mudanças na CDE, estão em debate na “MP dos Vetos” (1304), que caduca em novembro. 


Mais custos à frente. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontou na quarta (8) que o atendimento ao SIN, se verificado um cenário desafiador, vai exigir a necessidade de geração térmica adicional, o aumento da produção das usinas hidrelétricas do São Francisco e o uso mais acentuado do reservatório da usina de Itaipu.
 
Concorrência desleal. A Aneel multou a Equatorial Goiás Distribuidora em R$ 15 milhões pelo compartilhamento indevido de informações do cadastro de consumidores da distribuidora com a comercializadora do grupo. Ações de fiscalização da agência constataram que a situação gerou vantagem competitiva indevida no mercado livre.
 
Renovação no Rio… O diretor presidente da Light, Alexandre Nogueira, prometeu “o maior programa de investimento da história” da companhia após a renovação da concessão. Segundo ele, a empresa tem as credenciais necessárias para estender o contrato, que vence em junho de 2026.
 
…. E em São Paulo. A Justiça Federal de São Paulo determinou que a Aneel suspenda o processo de renovação da concessão da Enel Distribuição São Paulo até que seja concluída a análise sobre a atuação da empresa nos apagões de novembro de 2023 e outubro de 2024. (MegaWhat)
 
Opinião: A exigência do uso de energia renovável “nova” reforça o compromisso com a sustentabilidade e coloca as empresas instaladas em ZPEs em uma posição mais competitiva no mercado internacional, escrevem o sócio e o advogada da área de Corporate do escritório Barreto Veiga Advogados, Gustavo Quevedez e Luiz Parente.
 
Impacto bilionário. O Superior Tribunal de Justiça acolheu um pedido da Eletrobras e decidiu que vai revisar uma decisão da própria Corte que tratava dos empréstimos compulsórios, transitada em julgado em 2011. A revisão tem um potencial de impacto bilionário para a empresa.
 
Uma visão do setor em Portugal. A transição energética passa pela diversificação da matriz energética e isso pressupõe o convívio entre as fontes renováveis e fósseis, na avaliação do presidente da Entidade Nacional para o Setor Energético (Ense), de Portugal, Alexandre Fernandes, em entrevista ao estúdio eixos durante o EVEx Lisboa 2025. 
 
Eletrificação. A montadora chinesa BYD inaugurou na quinta (9) uma nova fábrica de veículos elétricos e híbridos em Camaçari, com a presença do presidente Lula (PT). O investimento de R$ 5,5 bilhões marca a instalação do maior complexo industrial da empresa fora da Ásia. 

  • Durante o evento, a empresa apresentou o primeiro híbrido plug-in flex do mundo, capaz de funcionar com qualquer proporção de etanol e gasolina — tecnologia desenvolvida em parceria entre engenheiros brasileiros e chineses.

Ainda na Bahia. Lula também participou na Bahia de anúncios de investimentos da Petrobras. Segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que a retomada das encomendas a estaleiros brasileiros estão sendo viabilizadas por políticas públicas para a indústria naval, como o mecanismo de depreciação acelerada e o Fundo da Marinha Mercante.

  • Em relação ao retorno da empresa à Refinaria de Mataripe (antiga Rlam), Chambriard pediu “menos ansiedade” ao ser recebida com gritos de “a Rlam de volta”: “Vamos ver o que o futuro traz pra gente”, disse. 

Preço do barril. O petróleo fechou em queda de quase 2% na quinta-feira (9), em meio ao arrefecimento das tensões geopolítica no Oriente Médio, após a divulgação da implementação de um pacto de cessar-fogo em Gaza e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.

  • O Brent para dezembro recuou 1,55% (US$ 1,03), a US$ 65,22 o barril.
  • Mas a tensão geopolítica continua. Os EUA anunciaram novas sanções contra uma refinaria chinesa por compra de petróleo do Irã (Reuters/Valor Econômico)

Leilão do pré-sal. A PPSA publicou o edital do primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas. O certame estabelece as regras para a alienação de direitos e obrigações da União decorrentes de Acordos de Individualização da Produção (AIPs) das jazidas compartilhadas de Mero, Tupi e Atapu.

Gás na transição. A Cedro Mineração fechou um acordo com a Gás Verde para uso de GNV num projeto piloto de descarbonização de sua frota de caminhões. Os testes ocorrem este mês. A mineradora utilizará caminhão movido a GNV para o transporte de minério de ferro entre Mariana e o Terminal Fazendão da Vale, em Minas Gerais.

Contratação de biometano. A Bahiagás está avançando para a fase final de sua segunda chamada pública para aquisição de biometano com “boas ofertas” em mãos, disse o diretor-presidente da distribuidora baiana de gás canalizado, Luiz Gavazza.

Biocombustíveis sem desmatamento. Prioridade do Brasil na agenda de descarbonização dos transportes, a oferta de biocombustíveis pode mais do que dobrar no país até 2050, sem pressionar áreas de vegetação nativa, mostra um estudo lançado nesta quinta (9/10) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).

Fuel vs food. O debate sobre o uso de terras agricultáveis para a produção de biocombustíveis ao invés de destiná-las à produção de alimentos será um dos temas centrais levados pelo setor para a COP30, em novembro em Belém. A indústria quer mostrar que, no Brasil, não existe essa concorrência e as duas coisas caminham juntas.

Descarbonização da mineração. A Coalizão Minerais Essenciais, que reúne 14 entidades e empresas do setor de mineração, apresentou estudo à presidência da COP30 com os caminhos para reduzir em até 90% as emissões da atividade até 2050 e aponta a precificação de carbono como um dos pontos-chave.

Falta coordenação. Para a presidente do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos, o  Brasil carece de uma coordenação efetiva entre as políticas públicas voltadas à indústria de baixo carbono. 

  • Em entrevista ao estúdio eixos durante o EVEx Lisboa 2025, ela afirmou que iniciativas setoriais isoladas — como as voltadas ao hidrogênio e à digitalização — acabam competindo entre si em vez de se complementarem

Investimento sem greenwashing. A professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Virginia Parente, avalia que a Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), de adesão voluntária, como proposta pelo Ministério da Fazenda, é um primeiro passo importante na discussão sobre o financiamento verde no Brasil. Assista 
 
Eco Invest. O terceiro leilão do programa espera movimentar até R$ 4 bilhões em investimentos em startups de bioeconomia e transição energética. Entre as áreas que o governo brasileiro quer estimular estão hidrogênio verde, combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), bioplásticos, reciclagem de baterias e superalimentos. Veja os detalhes na diálogos da transição
 
Minerais críticos. O Brasil corre o risco de perder mais uma janela estratégica de oportunidades no setor mineral caso não avance rapidamente na criação de uma política nacional capaz de garantir a viabilidade financeira de projetos em minerais críticos — especialmente lítio, níquel e terras raras.
 
Sem estratégia. A Comissão Europeia decidiu encaminhar a Polônia ao Tribunal de Justiça do bloco por não ter apresentado sua estratégia para cumprir o regulamento sobre a Governança da União da Energia e Ação Climática. Todos os integrantes do bloco foram obrigados a apresentar, até 1º de janeiro de 2020, estratégias nacionais de longo prazo.

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia