Simone Tebet irá concorrer ao Senado sem apoio do MDB

Senado deve alterar a MP da privatização da Eletrobras em votação nesta quarta (16)
Eduardo Gomes (MDB/TO), Simone Tebet (MDB/MS) e Eduardo Braga (MDB-AM) durante votação no Senado Federal, em 2020. Foto por Marcos Oliveira, da Agência Senado

BRASÍLIA – A senadora Simone Tebet (MDB/MS) vai concorrer à presidência do Senado Federal de forma independente, sem apoio foram do seu partido. Anúncio feito nesta quinta (28).

Com a desidratação da candidatura do MDB, o partido decidiu apoiar Rodrigo Pacheco (DEM/MG) e, em troca, e negociar espaço na composição da Mesa Diretora.

O líder do MDB, Eduardo Braga (AM) liberou a senadora para lançar candidatura independente.

Tebet frisou que há interferência do governo federal nas eleições tanto do Senado quanto da Câmara dos Deputados.

“Ouvimos isso não da minha boca, mas do Executivo que coloca Rodrigo Pacheco como candidato do governo”, apontou.

Além do voto de parlamentares do seu partido, a senadora busca apoio com lideranças do PSDB, Podemos e Cidadania. Garante que, se ganhar, fará uma gestão independente do governo Bolsonaro.

MDB divido mais vez

Em 2019, Simone Tebet preferiu apoiar Davi Alcolumbre (DEM/AP) em detrimento de Renan Calheiros (MDB/AL), seu colega de partido.

Tebet chegou a lançar uma candidatura, mas abriu mão, no dia da votação, para evitar que uma eventual divisão de votos entre ela e Alcolumbre acabasse favorecendo Calheiros.

Agora, ela é crítica de Alcolumbre e diz que a casa legislativa perdeu a independência, diante da “tentativa de transformar o Senado em um apêndice do Executivo”.

“Hoje a independência do Senado está comprometida pela ingerência, porque temos um candidato oficial do governo federal”, disse.

Eduardo Gomes (MDB/TO), Simone Tebet (MDB/MS) e Eduardo Braga (MDB-AM) durante votação no Senado Federal, em 2020. Foto por Marcos Oliveira, da Agência Senado

A senadora também elencou como pautas prioritárias de sua possível presidência o enfrentamento do “confuso” cronograma de vacinação do governo federal e a retomada do auxílio emergencial, bem como uma maior urgência na aprovação da reforma tributária.

Rodrigo Pacheco desponta como favorito na disputa e acumula apoio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), do Palácio do Planalto, de partidos de centro e até mesmo de legendas da oposição.

Com a tentativa de acordo, o MDB espera conseguir ocupar a Primeira Vice-Presidência e outra secretaria, além de tentar ainda espaço em comissões. Alcolumbre deve discutir a aliança nesta quinta (28) com lideranças da legenda.

Em reunião na noite de ontem entre a bancada do MDB, os senadores também decidiram manter Eduardo Braga (MDB/AM) como líder do partido em 2021 e 2022.

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Quem é Rodrigo Pacheco?

Rodrigo Pacheco tem se dedicado aos projetos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), especialmente em matérias de direito, por ser advogado criminal.

Mas o senador foi integrante da Comissão de Infraestrutura e é realtor do projeto que acaba com a exclusividade do regime de partilha no polígono do pré-sal (PL 3178/2019), proposto por José Serra (PSDB/SP).

Seu relatório favorável ao projeto foi publicado no final de 2019, mas não avançou.

O governo federal, inclusive, apoia o projeto. O Ministério de Minas e Energia (MME) entende que é preciso ter flexibilidade para contratar pelo regime de concessão e, assim, garantir investimentos para áreas que não seriam economicamente viáveis na partilha.

Durante a votação da Lei do Gás, Pacheco votou com Eduardo Braga (MDB/AM) pelo texto que criava mecanismos de incentivo para térmicas inflexíveis locacionais nos leilões de energia como forma de ancorar a demanda de gás natural.

O voto foi feito dias após se reunir com o presidente da Gasmig, Pedro Magalhães, que pediu mudanças no projeto que iam ao encontro das mudanças propostas por Braga.

Recentemente, Pacheco também pressionou o Ministério de Minas e Energia pela preservação de uma cota mínima no Lago de Furnas e chegou a propor a convocação de Bento Albuquerque sobre o assunto.

O parlamentar culpou o ministro pelo esvaziamento da represa e chegou a reclamar sobre a política do MME para o presidente Jair Bolsonaro em outubro do ano passado.

“Política energética equivocada do Ministério de Minas e Energia, incompetência da diretoria do ONS e diretoria de Furnas, que se esconde do problema. Além do descaso com Minas Gerais. É a receita do fracasso”, publicou em novembro.

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