BRASÍLIA – A pesquisa Atlas/Bloomberg divulgada na sexta-feira (30/5), trouxe pelo menos dois números para acender a luz vermelha no Palácio do Planalto. A pesquisa mostra o maior índice de desaprovação do presidente Lula (PT) na série histórica: 53,7%, ante aprovação de 45,5%. Efeito direto da crise no INSS, após PF e CGU desbaratinar um esquema que afanava beneficiários em cifras bilionárias.
E, pela primeira vez, o termômetro eleitoral mostra o presidente perdendo no 2º turno de 2026 para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por uma diferença de 3,8 pontos percentuais. Se as eleições fossem hoje, Tarcísio teria 48,9% dos votos, ante 45,1% de Lula.
Os números reforçam bastidores apurados pela agência eixos junto a fontes de Planalto. Há, na cúpula do governo, o sentimento crescente de que Lula passa imagem de governo fraco e sem foco. Em partes por medidas desalinhadas e divulgadas sem estratégia, especialmente na área econômica.
O exemplo mais recente envolve a percepção de equívoco na publicação do decreto elevando alíquotas do IOF pelo Ministério da Fazenda. A medida gerou reação imediata de resistência no Congresso e no meio empresarial.
No Planalto, o sentimento é de que o governo não tem força para negociar investidas de cunho arrecadatório com parlamentares empoderados pelo sequestro de 1/4 do Orçamento por meio de emendas impositivas e outras traquinagens sob análise no STF.
O cenário tem levado o governo a buscar somente evitar derrotas expressivas na véspera do ano eleitoral. Isso explica, por exemplo, a apatia do Planalto em relação ao desmonte do arcabouço jurídico do licenciamento ambiental já aprovado no Senado Federal e que tende a ser referendado pela Câmara dos Deputados.
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deve esgrimar sozinha com os deputados para tentar enfraquecer a revisão da legislação ambiental. Ou seja, sem suporte efetivo da articulação política do governo.
Governo Lula sofre reação do Congresso contra IOF
Já o ministro Fernando Haddad (Fazenda) está cada vez mais isolado. O que se diz nos bastidores é que ele não ouve Lula e toma decisões por conta própria.
Isso explica o motivo de o governo deixá-lo praticamente sozinho em reunião tensa sobre o IOF, na noite desta quarta-feira (29/5), com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB) e do Senado, Davi Alcolumbre (União/AP).
A pesquisa Atlas/Bloomberg deve acirrar os ânimos nos próximos dias, com Lula buscando formas de elevar sua popularidade. O presidente já mudou a equipe de comunicação e nada deu certo. O ministro Sidônio Palmeira (Secom) deve ser cobrado por falta de resultados.
A pesquisa revela outro dado importante ao governo: 57% dos brasileiros veem como possível a revelação de esquema de corrupção no país. O número mostra que o impacto da crise no INSS na imagem do presidente é real.
O receio de mais corrupção pode ser uma oportunidade se o governo aderir à CPMI do INSS. Se a investida for bem coordenada, o Planalto pode controlar a narrativa e dividir a responsabilidade no roubo sobre pensões e aposentadorias com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O desafio será o governo conseguir se coordenar.