O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirmou que o abandono da política fiscal prometida por Bolsonaro nas eleições é um erro, que terá consequências para o próprio governo a partir do começo do próximo ano.
Em coletiva de imprensa nesta quarta (16), Maia lamentou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, esteja enfraquecido e que o governo adote hoje, majoritariamente, uma postura expansionista em gastos públicos.
“A impressão que me dá é que o governo não vai mais caminhar na linha de organizar as despesa públicas”, disse.
Maia criticou a obstrução da base do governo aos trabalhos na Câmara nos últimos meses, o que atrapalhou a tramitação da PEC 45/2019, a proposta de reforma tributária da Casa. Para ele, essa era a mais importante proposta em debate na Câmara, e “estava pronta para ser votada”.
O presidente da Câmara acredita que a aprovação da PEC teria um peso maior, mas classificou a proposta do governo que aborda a unificação de PIS e Cofins como um primeiro passo para garantir mais segurança jurídica a investidores e voltar a atrair empresas estrangeiras ao país.
“Era bom que tudo aquilo que foi prometido: zerar o déficit primário, modernizar o estado, reformas do lado das despesas, pudesse ter avançado. Mas o enfraquecimento do Paulo (Guedes) nos últimos meses atrapalhou esse planejamento que tinha sido construído de forma correta pelo ministro da Economia”, afirmou.
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Candidato de Maia será anunciado nos próximos dias
O deputado voltou a alfinetar o candidato da base do governo à sua sucessão, Arthur Lira (PP/AL), ao dizer que sua prioridade é manter a Câmara “livre de interferência de qualquer instituição”, em referência à proximidade de Lira com o presidente Bolsonaro.
Questionado por jornalistas, afirmou que o candidato do seu grupo político deve ser apresentado “nos próximos dias”. Os mais cotados são Baleia Rossi (MDB/SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP/PB).
O parlamentar ainda classificou a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no comando da pasta como incompetente. Ele afirmou que o militar se perdeu na gestão do ministério e agora pode prejudicar a solução para a vacina e o combate ao aumento do número de infectados e mortes, que demandaria uma articulação maior com estados e municípios.
“Milhões de brasileiros não tiveram o atendimento que nós tivemos, talvez por isso ele ache que as pessoas estão ansiosas demais”, disse Maia sobre declaração de Pazuello acerca da demora do governo em definir a escolha de vacinas para combater a pandemia.
“Essa insensibilidade é grave e acaba prejudicando milhões de brasileiros”.
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