BRASÍLIA – A Petrobras fez o primeiro corte em três anos nos recursos destinados ao aumento de reservas e da produção de óleo e gás natural, segundo o plano apresentado na noite de quinta (27/11). São US$ 69 bilhões na carteira firme de projetos de E&P, US$ 7 bilhões a menos que o ciclo anterior de cinco anos.
Pela primeira desde que passou a separar a carteira firme de projetos (“em implantação”), a Petrobras decidiu alocar uma parcela relevante de recursos, um total de US$ 9 bilhões, na parcela dos investimentos em E&P carente de validação (“em avaliação”).
O plano de negócios 2026-2030 tem um total de US$ 78 bilhões para o E&P, atividade prioritária da companhia. No ciclo anterior (2025-2029), foram US$ 77 bilhões, sendo US$ 1 bilhão em avaliação; e em 2024-2028, US$ 73 bilhões, totalmente alocados na carteira “em implantação”.
A confecção do plano foi marcada pela disputa, captada pela Petrobras, contra a sanção de um dispositivo na MP 1304 para corrigir a base de cálculo do pagamento de royalties. O governo Lula vetou, atendendo o pedido das petroleiras e dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Planejamento (MPO), contrariando a posição da Fazenda.
Independente da questão política, a companhia adiou o projeto de revitalização dos campos de Barracuda e Caratinga, na Bacia de Campos, no Norte Fluminense. Estava previsto para 2029, mas saiu do plano até 2030. O FPSO de 100 mil barris por dia foi postergado para “2031+”, sem data prevista.
Todos os outros projetos permanecem nessa previsão posterior ao plano, em um total de 9 FPSOs. Segundo a apresentação do plano, a primeira plataforma de Sergipe segue prevista para 2030, enquanto a segunda está sem data. A depender do resultado da licitação, ainda em curso, poderá entrar em 2032.
A companhia ainda não detalhou quais projetos do E&P estão em avaliação no novo plano. Uma coletiva de imprensa está prevista para esta sexta (28/11) e, em 5 dezembro, a Firjan vai sediar um evento para indústria no Rio.
O alto grau de incerteza, com 10% dos investimentos totais do E&P fora dos projetos com planos mais maduros de investimento, reflete as projeções para o preço do barril de petróleo no mercado internacional.
O novo plano considera que a média do Brent em 2026 será de US$ 63, bem menor do que os US$ 77 adotados como premissa no plano anterior.
Os números do plano de investimento da Petrobras
- O E&P tem investimento projetado de US$ 69 bilhões, contra US$ 76 bilhões no ciclo anterior. Em avaliação, são US$ 9 bilhões, ante US$ 1 bilhão;
- Para o refino, são US$ 16 bilhões firmes, mesma cifra do plano 2025-2029. Em avaliação, cerca de US$ 5 bilhões, contra US$ 4 bilhões;
- Gás e energia, que passou a se chamar “baixo carbono”, são US$ 4 bilhões firmes, frente a US$ 3 bilhões. Avaliação: US$ 5 bilhões, ante US$ 8 bilhões;
- Somando as duas parcelas, firmes e em avaliação, o investimento total se aproxima do ciclo anterior, com US$ 109 bilhões, ante US$ 111 bilhões.
- A íntegra do plano (.pdf) e a apresentação publicada pela Petrobras na quinta (29/11, .pdf)
Os projetos firmes não estão necessariamente sancionados pela governança da companhia. Ao todo, são US$ 91 bilhões na carteira em implantação – US$ 7 bilhões a menos que o plano anterior –, sendo que US$ 10 bilhões têm decisão final de investimento prevista para 2026 e 2027.
[“São] avaliações trimestrais, à luz das projeções de fluxo de caixa e estrutura de capital, determinarão o avanço, bem como eventual priorização, seguindo a governança de aprovação de projetos”, diz a Petrobras.
Assim, “o mecanismo busca garantir resiliência financeira e flexibilidade para responder às condições de mercado”.
A companhia trabalha com três premissas: limite de endividamento de US$ 75 bilhões, meta que ela cumpre com folga desde 2021; autofinanciamento, priorizando a geração de caixa operacional; e preservação do pagamento de dividendos.
