Offshore

BNDES avalia critérios ambientais para financiar embarcações para óleo e gás

Sustentabilidade e impacto ambiental entram em agenda de indústria naval, discutida no Fundo de Marinha Mercante (FMM) 

BNDES avalia critérios ambientais para financiar embarcações para óleo e gás. Na imagem: Plataforma P-62, construída no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco (Foto: Divulgação)
Plataforma P-62, construída no estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco (Foto: Divulgação)

BRASILIA — O BNDES já discute internamente a possibilidade de criar linhas de financiamento para impulsionar a retomada da indústria naval do país — bandeira que é defendida pelo Planalto e conta com apoio de petistas no Congresso Nacional.

Uma das diretrizes discutidas no Fundo de Marinha Mercante (FMM) é estabelecer critérios de impacto ambiental.

Elisa Salomão Lage, chefe do Departamento de Gás Petróleo e Navegação do BNDES, afirmou a deputados, na terça (25/4), que o princípio da sustentabilidade tem sido o norte das conversas dentro do FMM de modo a guiar a destinação de recursos para estaleiros e embarcações.

“A gente nota que essa demanda que começa a surgir tem sido por embarcações mais eficientes, do ponto de vista de consumo de combustíveis e redução de emissões”, disse Elisa, que participou de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.

“A gente tem atualmente um setor de óleo e gás que volta a ficar aquecido. Volta a demandar plataformas e embarcações de apoio marítimo”.

O banco tem se preocupado em mapear ações com foco ESG dentro do setor de óleo e gás.

A ideia que o BNDES tem hoje é financiar essas embarcações verdes para renovar a frota em operação. Hoje, 12% das embarcações têm mais de 20 anos, citou a diretora.

O FMM é administrado pelo Ministério dos Transportes, por intermédio do Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (CDFMM), do qual o BNDES faz parte. A principal fonte de recursos é uma cobrança sobre o frete marítimo.

A dirigente do BNDES explicou aos parlamentares que as discussões em andamento no Fundo de Marinha Mercante são permeadas por outros quatro objetivos, além da construção ou modernização de embarcações mais eficientes

No radar, estão serviços de desmantelamento, e descomissionamento, com critérios de impacto ambiental, em estaleiros.

Eólicas offshore: novo mercado para indústria naval

Além de infraestrutura para indústria naval, demanda para plataformas de petróleo e gás e novas oportunidades no setor de energia eólica offshore — segmento no radar da Petrobras, inclusive como nova frente para os estaleiros nacionais. A companhia estuda investimentos em grandes parques, com torres flutuantes.

“A gente já escuta de empresas esse interesse, e elas estão preparando estudos para esse mercado que pode surgir a partir das petroleiras.”

A dirigente afirmou que estaleiros e armadores já começam a se preparar para atender a esse novo mercado, e empresas vêm procurando o banco em busca de crédito.

Nesta quinta-feira (4/5), no antessala epbr, vamos discutir porquê precisamos de um marco legal para eólicas offshore. Vem com a gente!

Integração de módulos de plataformas

Em relação aos gastos locais com aquisição, construção e integração de módulos das plataformas, Elisa afirmou que esse tipo de investimento também vai aumentar a demanda por novas embarcações de apoio — o que ajuda a renovar a frota e inserir no mercado de óleo e gás tecnologias com foco em ESG.

Há previsão de entrada em operação de 27 novas plataformas até 2031 — boa parte já contratada, que vão gerar demandas ao longo dos anos.

O aumento do número de sistemas de produção também leva à maior demanda por embarcações de apoio. “A gente sabe que a idade da frota [de apoio] já está avançada. Então, vai ser necessário algum tipo de renovação”, comentou. Os membros do FMM também estão de olho, segundo Elisa, no financiamento à construção e integração de estruturas flutuantes para geração de energia offshore.