A Petrobras acredita que a crise na demanda por combustíveis não vá afetar os preços das oito unidades de refino que a companhia está vendendo, como parte do seu programa de desinvestimento. Informações da diretora de Gás e Refino da Petrobras, Anelise Lara, durante conferência com analistas de mercado nesta quinta (26), na sequência do anúncio de medidas de corte de produção e investimentos.
“Adiamos a entrega das proposta devido ao fato de todos [os interessados] terem seus balanços afetados, mas não acreditamos que a crise vá afetar os preços das refinarias”, afirmou à executiva.
Em termos gerais, a administração da Petrobras pretende manter o programa de venda de ativos, não apenas no refino. “Se as ofertas forem menor que a nossa precificação, claro, não iremos em frente com o processo”, afirmou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, ressaltando que o momento ainda é de muita incerteza.
A Petrobras reduziu a utilização do parque de refino para 74%, devido a queda na demanda por combustíveis causada pela paralisação de atividade econômicas. Em resposta aos focos de contágio do novo coronavírus no Brasil, em especial no Rio e São Paulo, estados e municípios estão determinando a interrupção de atividades comerciais.
“Prevemos uma redução na demanda por produtos refinados e provavelmente teremos alguma redução nessa taxa de operação em abril e maio, especialmente nestes dois meses”, afirmou a Anelise Lara.
No 4º trimestre de 2019, o fator de utilização das refinarias foi de 76% e no acumulado do ano passado, de 77%, de acordo com o relatório da anual da companhia.
Além da redução na carga de petróleo refinado, a Petrobras está adiando manutenções programadas nas refinarias, como antecipado pela agência epbr, na quarta (25).
A postergação é uma medida de segurança, já que as paradas programadas são serviços de maior porte, que envolvem uma quantidade maior de trabalhadores, o que eleva o risco de contágio.
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A crise não afeta todo o mercado na mesma proporção. Anelise Lara explicou que o maior impacto é na demanda por gasolina, enquanto no caso do diesel, que também caiu, o consumo ainda tem alguma sustentação do setor agropecuário. E que os efeitos na demanda por combustível marítimo (bunker) também são menores.
Anelise Lara ressaltou que o momento é de muita incerteza, mas a Petrobras está continuamente avaliando a operação das refinarias, para se adequar ao balanço de oferta e demanda por produtos.
E que devido à greve dos petroleiros de fevereiro, a companhia fez grandes estoques de óleo e, agora, busca oportunidades de redução desses estoques e exportação de produtos.
Segundo enquete feita pela Argus com distribuidoras, comercializadoras e corretoras de combustíveis, as vendas de diesel no mercado brasileiro registram queda entre 15% e 20% e as de gasolina recuam de 30% a 50% em março. A expectativa é que a venda de etanol hidratado acompanhe a gasolina.
“Estamos em discussões com distribuidoras para assegurar a entrega dos produtores e claro, temos contratos que precisam ser cumpridos. Temos alguma flexibilidade em termos de take or pay, que podemos usar para superar a crise”, conclui Anelise Lara.
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