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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 07/02/22
Editada por Nayara Machado
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Levantamento da S&P Global Platts Analytics aponta um crescimento de 108% ano a ano nas vendas de veículos elétricos (VEs) no mundo em 2021, impulsionadas pelos altos custos do combustível e políticas de regulamentação e incentivos financeiros, especialmente na China e na União Europeia.
Mesmo em um ano marcado por problemas na cadeia de suprimentos — principalmente escassez de chips semicondutores, elemento-chave nos VEs — as montadoras optaram por cortes maiores na fabricação dos veículos a combustão.
Para 2022, a expectativa também é de aceleração no crescimento das vendas, impulsionada pelas próprias montadoras, que estão aumentando os investimentos em tecnologia, novos modelos e ampliação das estações de carregamento.
A Platts prevê que as vendas de veículos elétricos crescerão mais de 40% em 2022.
China lidera. Em 2021, as vendas quase triplicaram para 3,4 milhões, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Isso significa que, no ano passado, mais carros elétricos foram vendidos apenas na China do que em todo o mundo em 2020.
É o crescimento mais rápido do mercado de elétricos no país desde 2015 e superou a recuperação da venda de veículos em geral, diz a IEA.
A participação dos VEs no mercado em base mensal saltou de 7,2% em janeiro para cerca de 20% em dezembro do ano passado. A meta oficial do governo chinês é que eles atinjam uma participação de 20% nas vendas o ano inteiro em 2025.
A receita chinesa para fazer o mercado crescer tem o governo como ingrediente principal — os subsídios para carros elétricos foram estendidos por mais dois anos após o início da pandemia, embora com uma redução planejada de 10% em 2021 e 30% em 2022.
Já um estudo do Greenpeace mostra que nenhuma das principais montadoras da China estabeleceu metas numéricas para 2030 para carros com emissão zero e apenas duas empresas estrangeiras têm metas específicas para o período.
A Volkswagen pretende ter metade de todas as vendas de veículos elétricos até o final da década, enquanto a Honda busca que 40% das vendas sejam de veículos elétricos ou de célula a combustível até então.
Na Europa, as vendas de carros elétricos aumentaram quase 70% em 2021 para 2,3 milhões. De acordo com a IEA, quase metade delas foram de híbridos plug-in.
O crescimento anual foi mais lento do que em 2020, com o mercado automotivo europeu ainda tentando se recuperar dos efeitos da pandemia — as vendas totais de carros em 2021 foram 25% menores do que em 2019.
Novos padrões de emissões de CO2 e expansão de subsídios ajudaram a impulsionar o avanço nas vendas dos VEs na maioria dos principais mercados europeus.
O pico aconteceu em dezembro, superando pela primeira vez os veículos a diesel com uma fatia de mercado de 21%.
Noruega com 72%, Suécia (45%) e Holanda (30%) ficaram no topo do ranking global de vendas.
Em termos absolutos, a Alemanha (25%) respondeu pelo maior mercado de VEs no continente. Mais de um em cada três carros novos vendidos em novembro e dezembro eram elétricos.
Em seguida vem Reino Unido e França (ambos com cerca de 15%), Itália (8,8%) e Espanha (6,5%).
Já os Estados Unidos retornaram ao mercado de VEs em 2021, e as vendas mais que dobraram, ultrapassando meio milhão. A participação no mercado interno de automóveis também dobrou para 4,5%.
A Tesla ainda domina, com mais da metade de todas as unidades elétricas vendidas, apesar de uma queda de 65% em 2020, à medida que montadoras oferecem novos modelos.
O presidente dos EUA, Joe Biden, lançou a meta de chegar a 2030 com metade de todos os carros novos vendidos no país eletrificados.
Para isso, propõe uma série de incentivos, incluindo créditos fiscais para compradores e apoio do governo para a expansão da rede de recarga.
Outro plano é eletrificar a frota federal, substituindo mais de 645 mil carros oficiais.
China, Europa e Estados Unidos representam cerca de dois terços do mercado geral de carros, mas concentram cerca de 90% das vendas de eletrificados.
Na maioria dos outros mercados, os VEs representam menos de 2% das vendas totais.
Em grandes economias emergentes, como Brasil, Índia e Indonésia, a participação ainda está abaixo de 1%, sem nenhum aumento significativo em relação ao ano passado, alerta a IEA.
“Embora as vendas de patinetes e ônibus elétricos estejam se expandindo nesses países, o preço premium associado aos carros elétricos e a falta de infraestrutura de carregamento são os principais motivos da lenta aceitação”, elenca.
No Brasil, há ainda uma resistência aos elétricos puros, enquanto governo e setor de etanol articulam para que a eletrificação passe pelos biocombustíveis.
A estratégia está sendo estudada no programa Combustível do Futuro, do Ministério de Minas e Energia. E tem apoio de montadoras: Volkswagen, Raízen e Shell anunciam estratégia para etanol e elétricos no Brasil.
Por falar em biocombustíveis… Os créditos de descarbonização do RenovaBio (CBIOs) atingiram o preço médio R$ 73,03 na semana passada, de 31 de janeiro a 4 de fevereiro. O valor superou a média do ano até 3/2, de R$ 65,96 por título.
O preço médio contando apenas os dias de fevereiro ficou em R$ 73,37.
No acumulado do ano, o número de títulos emitidos alcançou 12.752.274, o que equivale a 35,44% da meta anual para 2022, fixada em 35,98 milhões de CBIOs.
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