Neoenergia estuda três complexos eólicos offshore no Ceará, RJ e RS

Fazenda Eólica offshore 
Block Island, operado pela Orsted nos EUA. Foto: Cortesia
Fazenda Eólica offshore Block Island, operado pela Orsted nos EUA. Foto: Cortesia

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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Eólicas offshore: novos projetos somam 9 GW de capacidade instalada

Neoenergia iniciou o licenciamento de três novos projetos para a construção de eólicas offshore no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará. Juntos, somam 9 GW de capacidade instalada em 600 aerogeradores – maiores projetos em planejamento no país.

São quatro parques em cada estado, divididos igualmente: 750 MW, a partir de 50 aerogeradores, quatro plataformas com subestações, linhas de transmissão e uma subestação em terra. Consideram aerogeradores com potência nominal de 15 MW cada, 245 metros de diâmetro, 155 metros acima do nível do mar.

Os projetos são desenvolvidos por meio da Força Eólica do Brasil (FEB), controlada pela Neoenergia, por meio de participação direta e, indireta, pela Elektro Renováveis, do mesmo grupo.

Com os planos da Neoenergia, sobem para sete os planos de instalação de eólicas offshore que já iniciaram o licenciamento ambiental no Ibama.

Listamos em outubro: são o piloto da Petrobras, em Ubarana (RN); o da BI Energia e o da Eólica Brasil (Asa Branca), no Ceará; e o Caju Offshore, da Rialma (MA).

No Ceará, complexo Jangada

[imagem ampliada] Complexo eólico marítimo Jangada (CE). Elaborado pela epbr, a partir da dados enviados ao Ibama.

Em um dos estados com maior potencial para instalação de eólicas offshore, a Neoenergia estuda instalar os parques Jangada 1 a 4 no litoral do município de Amontada. Está próximo dos campos de Atum, Xaréu, Curimã e Espada, que a Petrobras está vendendo em águas rasas da Bacia do Ceará.

E dos projetos exploratórios operados por Total, ExxonMobil, Premier Oil e Chevron, contratados nas 11ª rodada da ANP (2013); e Wintershall, da 15ª rodadas (2018).

Também é o único estado com um parque eólico com registro de recebimento de requerimento de outorga (DRO) emitido pela Aneel, no caso, o complexo marítimo Asa Branca I, da Eólicas Brasil (no mapa, mais próximo da costa).

Em dezembro, mostramos que um novo estudo identificou um potencial de 117 GW de capacidade para instalação de eólicas offshore no Ceará. Com um fator de capacidade de 60% a 62%, seria possível gerar de 506 TWh a 520 TWh por ano no estado.

No Rio, complexo Maravilha

[imagem ampliada] Complexo eólico marítimo Maravilha (RJ). Elaborado pela epbr, a partir da dados enviados ao Ibama.

Localizado entre São João da Barra e Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, os parques Maravilha 1 a 4 estão na rota dos grandes campos maduros produtores da Bacia de Campos, ao Sul do Parque das Baleias, no litoral do Espírito Santo.

A região, com densa infraestrutura para operações offshore de produção e movimentação de petróleo também deve contar com projetos de revitalização de campos – está próximo dos camps de águas rasas vendidos recentemente pela Petrobras para a Perenco.

A energia chegará em terra a partir de cabos de transmissão que passarão pela costa de São João da Barra, a 10 km de Grussaí. De lá, seguem para a subestação em terra, conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

É o primeiro projeto de eólicas offshore pensado para o Rio de Janeiro. O governador do estado, Wilson Witzel (PSC), tem defendido a desfederalização dos leilões de energia para que o estado possa fazer suas próprias outorgas para geração de energia eólica e solar.

E no Rio Grande do Sul, complexo Águas Claras

[imagem ampliada] Complexo eólico marítimo Águas Claras (RS). Elaborado pela epbr, a partir da dados enviados ao Ibama.

O complexo eólico marítimo Águas Claras, também subdivido em quatro parques, com 750 MW, cada, é projetado para o litoral dos municípios de Capão da Canoa e Xangri-lá, vizinhos de Osório, região pioneira que recebeu o primeiro parque eólico do país.

O Rio Grande do Sul é hoje o quarto maior em capacidade instalada eólica (em terra), com mais de 80 parques e 1,8 GW de potência.

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“Não me interessam pareceres de secretários”

Bolsonaro decidiu interferir de vez na discussão sobre a revisão das regras da geração distribuída e, no domingo (5), publicou no Facebook, que após conversa com Rodrigo Maia (DEM/RJ) e Davi Alcolumbre (DEM/AP), ficou acertado o apoio a um projeto para impedir a Aneel de promover uma revisão das regras da geração distribuída, que leve a redução de benefícios ao mini e microgerador solar.

Afirmou, em vídeo, que “não me interessam pareceres de secretários ou de quem for”. Neste caso, são as equipes técnicas dos ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Paulo Guedes (Economia), que está de férias, programadas, até dia 10.

Em nenhum momento, Bolsonaro trata a questão como é, de fato – revisão das regras de compensação da energia injetada na rede pelos consumidores que investiram em geração distribuída.

Nos tais pareceres, os analistas entendem que uma ação é necessária para reduzir o subsídio ao segmento, majoritariamente, formado por micro e mini geradores solares.

Embalado pela campanha nas redes sociais contra “taxar o sol”, o presidente afirmou que ninguém do governo trata mais do assunto, além dele. “Ninguém fala mais do assunto”. É um case de relações governamentais a ser estudado.

O que esperar: os parlamentares estão em recesso. Em fevereiro, Rodrigo Maia deve avaliar o andamento e a relatória de um projeto (e são vários) para tratar da questão, que é de interesse de Silas Câmara (Republicanos/AM), autor de um texto que garante prazos e descontos.

Silas, membro da bancada evangélica, também preside a Comissão de Minas e Energia (CME), manda na pauta e atuou pela tramitação do projeto no fim de 2019, que acabou travada pelo vice-líder do governo, Coronel Christóstomo (PSL/RO).

Em resumo: o Congresso Nacional se mobilizou fortemente sobre essa questão em 2019. A Absolar, contrária à revisão, angariou apoio público nas duas casas – o senador Flávio Bolsonaro (RJ), sem partido, foi um deles. Mesmo desarticulado, o apoio de Bolsonaro valoriza ainda mais a pauta e o prêmio para quem evitar a “taxação da energia solar”.

Em epbr: Ministério defende redução de subsídios na geração distribuída; governo Zema é contra e Bolsonaro decide intervir na revisão da Aneel que afeta energia solar e promete projeto contra medida

Nesta segunda (6), o presidente falou com jornalistas em Brasília (vídeo) sobre o assunto, que classificou como a coisa mais importante que aconteceu no fim de semana. Com a palavra, Bolsonaro: 

“Está uma comoção nacional sobre taxar a energia solar. A decisão é minha, nenhum ministro, secretário, ninguém mais fala do assunto. Está proibido falar do assunto. O governo não participa de qualquer reunião mais para tratar desse assunto (…)

Liguei para o Rodrigo Maia e pro Davi Alcolumbre. Como quem decide isso é a Aneel, acaso a Aneel viesse taxar, se eles derrubariam, via projeto de decreto legislativo essa decisão. Davi Alcolumbre topou. Rodrigo Maia foi mais além:

– Vamos até evitar, botar um ponto final nessa novela. Algum parlamentar deve apresentar projeto para taxação zero e a gente bota para votar em regime de urgência.

Então está definido, está sepultado qualquer possibilidade de taxar energia solar.

Conversei também com Paulo Guedes sobre o assunto e também com o almirante Bento, das Minas e Energia. O Bento me retornou, que o presidente da Aneel quer falar comigo. Olha, se é para tratar desse assunto, para ele dizer que a tarifa é zero, pronto para recebê-lo. Parece que é isso.

Então talvez nem precise de nada, a própria Aneel se conscientiza que essa fonte de energia tem que ser estimulada pelo governo e não grupos lobistas, que trabalham na questão de transmissão de energia, trabalhar dentro da Aneel para taxar. Então taxação zero nessa questão”.

? Primeiro parque eólico flutuante de Portugal inicia operação

Foto: MHI Vestas Offshore Wind

A primeira turbina eólica offshore do WindFloat Atlantic começou a exportar energia para o grid em Portugal – e a segunda está pronta para instalação. Ao todo, parque terá capacidade instalada de 25 MW. Projeto do consórcio edp (55,4%), Engie (25%), Repsol (19,4%) e Principal Power (1,2%).

São as as maiores turbinas offshore já instaladas em uma plataforma flutuantes. Ao todo, serão três aerogeradores Vestas, com 8,4 MW de capacidade e altura máxima das hélices de 190 metros, a 20 km da costa de Viana do Castelo, em profundidade de 100 metros.

Curtas

A Neoenergia também recebeu do BNDES a aprovação para financiamento no valor de R$ 1,3 bilhão para a construção de 12 parques eólicos e sistemas de transmissão na Paraíba. O empréstimo corresponde a 80% do investimento total de R$ 1,6 bilhão. Obras já iniciadas.

Petrobras realiza, na quarta (8), um leilão de etanol para venda de 2,7 milhões de litros de hidratado, para entrega em Barueri; e 21 milhões de litros de anidro (Reduc, Barueri, Betim e Biguaçu). Faz parte do volume total de 80 milhões de litros, autorizado em 2018 pela ANP.

— A regulação não prevê venda de etanol pelo refinador e a venda de estoque, excepcional, foi autorizada por gargalos logísticos. Apenas distribuidoras e comercializadoras autorizadas pela ANP podem participar. Veja o edital.

No ConJur, Fábio Calcini trata dos aspectos tributários do RenovaBio. Escreve que, na falta de regulação específica para tributação dos créditos (CBIOs), deve-se regular com o objetivo de garantir os efeitos do programa, de estimular a produção de biocombustíveis.

A EPE atualizou o estudo (.pdf.) de estimativas de custos e investimentos do setor de biocombustíveis. Aponta para capex de R$ 78 bi e opex de R$ 925 bi para 2020-2030 na produção de etanol, biodiesel e biogás ou biometano.

A BYD planeja dobrar a produção de painéis solares na sua fábrica em Campinas (SP). Segundo a Reuters, há expectativa de crescimento da participação de painéis nacionais no mercado, de 20% para 35% este ano. Concorrência, principalmente, com a unidade local da Canadian Solar e equipamentos chineses.

Solar Provider Group (SPG), sediada no Canadá, estuda investir no mercado brasileiro. A desenvolvedora de projetos solares avalia oportunidades de investimentos da ordem de US$ 250 milhões nos próximos cinco anos.

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