Diálogos da Transição

Óleo perderá protagonismo para eletrificação no transporte até 2050, estima bp

Energy Outlook lançado nesta segunda (30/1) pela bp aponta redução da participação de derivados de petróleo nos próximos anos

Mudança no mix de energia será dominada pela eletrificação no transporte rodoviário (Foto: Felix Müller/Pixabay)
Mudança no mix de energia será dominada pela eletrificação no transporte rodoviário (Foto: Felix Müller/Pixabay)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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O papel do petróleo deve diminuir em todos os modais de transporte até 2050, reflexo da transição para alternativas de baixo carbono já em curso, mostra o Energy Outlook lançado nesta segunda (30/1), pela bp.

A mudança no mix de energia do segmento será dominada pela eletrificação no transporte rodoviário e maior inserção de combustíveis derivados de biomassa e hidrogênio na aviação e no frete marítimo.

O documento desenha três cenários — Líquido Zero, Acelerado Novo momento — atualizados para levar em consideração dois eventos de grande impacto na conjuntura energética do último ano: a guerra Rússia-Ucrânia e a aprovação da Lei de Redução da Inflação nos EUA.

No transporte rodoviário

O número de carros elétricos (incluindo híbridos plug-in) e caminhões leves aumenta de cerca de 20 milhões em 2021 para entre 550-700 milhões (30-35% desse parque de veículos) até 2035 em Acelerado e Líquido Zero, e para cerca de 2 bilhões (cerca de 80%) até 2050.

Os VEs de passageiros representam a maioria das vendas de carros novos em meados da década de 2030 em Acelerado e Líquido Zero.

O impulso viria de uma combinação de regulamentações mais rígidas das emissões veiculares, o que daria maior competitividade para os eletrificados — aumentando a preferência e aceitabilidade entre os consumidores.

No Novo Momento, a eletrificação é mais lenta, mas ainda significativa: são esperados cerca de 500 milhões em 2035 e 1,4 bilhão em 2050, com os VEs de passageiros respondendo por cerca de 40% das vendas de carros novos em 2035 e 70% em 2050.

Queda no diesel

Os cenários apontam ainda para uma mudança na dependência do derivado fóssil em caminhões e ônibus médios e pesados.

De 90% de participação em 2021, os motores a diesel devem cair para algo entre 70-75% do parque global em 2035 no Líquido Zero e Acelerado e 5-20% em 2050.

De novo, a mudança principal é para a eletrificação, mas os caminhões movidos a hidrogênio também aparecem com um papel crescente, especialmente para os mais pesados e de longa distância.

“A escolha entre eletrificação e hidrogênio varia entre diferentes países e regiões, dependendo das políticas que afetam o preço relativo da eletricidade e do hidrogênio de baixo carbono, bem como das políticas regulatórias e do desenvolvimento de infraestruturas de carregamento e reabastecimento”, observa o relatório.

A maior parte desse movimento deve ocorrer na China, Europa e América do Norte, que juntos representam cerca de 60-75% do crescimento de veículos rodoviários elétricos até 2035 nos três cenários e 50-60% do crescimento até 2050.

Biocombustíveis para aviação

Mais difícil de eletrificar, a aviação ainda verá o petróleo como protagonista até a década de 2030, mas sua participação cai para cerca de 60% até 2050 em Acelerado e 25% em Líquido Zero.

A demanda será suprida pelo uso crescente de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês), principalmente de biomassa.

No Líquido Zero, em 2050, os combustíveis derivados do hidrogênio (e-SAF) ganham mercado.

Em compensação, no transporte marítimo, os derivados de hidrogênio se mostram como principal alternativa aos de petróleo.

Amônia, metanol e diesel sintético podem representar entre 30% e 55% da energia total utilizada na marinha até 2050, Acelerado e Líquido Zero — mas no Novo Momento, o petróleo continua a representar mais de três-quartos da demanda de energia no período.

Cobrimos por aqui:

Hidrogênio azul em escala

A ExxonMobil anunciou nesta segunda (30/1) um contrato de engenharia e design com a Technip Energies para sua planta de hidrogênio azul no complexo integrado de Baytown, no Texas, EUA.

Com capacidade estimada de 27,8 milhões de toneladas por dia, a instalação está prevista para ser a maior do mundo. O início da operação é projetado para 2027-2028 e será integrado à maior fábrica de olefinas dos Estados Unidos.

US$ 80 milhões para SAF

A empresa brasileira de biotecnologia GranBio receberá um subsídio de US$ 80 milhões do governo dos Estados Unidos para acelerar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) em território estadunidense.

Recursos vão financiar instalação de uma planta com capacidade produtiva de 1,5 milhão de galões ao ano, usando chips de madeira e resíduos de cana-de-açúcar.

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Mudanças de direção na Shell

A companhia reduzirá o tamanho de seu Comitê Executivo de nove para sete membros, além de unir algumas diretorias, a partir de 1º de julho de 2023. Os negócios de Gás Integrado e Upstream serão combinados em uma única área liderada pela atual diretora de Upstream, Zoe Yujnovich.

Já o Downstream será combinado com Renováveis de Soluções de Energia na nova Diretoria de Downstream e Renováveis, liderada pelo atual diretor de Downstream, Huibert Vigeveno. Separadamente, a Diretoria de Estratégia, Sustentabilidade e Relações Corporativas será desativada. A estratégia ficará com desenvolvimento de novos negócios, e se reportará diretamente a Sinead Gorman, diretora financeira.

Eletrificação

A Nissan e a Renault concordaram com um remake abrangente de sua aliança de fabricação de automóveis de duas décadas que os colocará em pé de igualdade e verá a empresa japonesa investir no novo negócio de veículos elétricos da Renault. A Toyota vendeu 10,5 milhões de veículos em 2022, defendendo seu título de montadora com mais vendas no mundo pelo terceiro ano consecutivo. Reuters