Diálogos da Transição

Ministras do G20 constroem consenso sobre justiça climática

Estreante no G20, o grupo de trabalho de Empoderamento das Mulheres chega a consenso sobre justiça climática

Reunião ministerial do Grupo de Trabalho de Empoderamento Feminino do G20 Brasil
Reunião ministerial do Grupo de Trabalho de Empoderamento Feminino do G20 Brasil | Foto: Audiovisual G20

NESTA EDIÇÃO. Estreante no fórum das maiores economias globais, o grupo de trabalho de Empoderamento das Mulheres do G20 coloca a justiça climática entre os três grandes consensos da declaração final.
 
“As mulheres são [parte do] processo, elas constroem tecnologias de preservação do meio ambiente”, diz a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
 
O grupo também conseguiu inserir sua agenda nos princípios de transição energética justa e finanças sustentáveis de outros GTs do G20.


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Estreante no G20, o grupo de trabalho de Empoderamento das Mulheres encerra seus trabalhos sob a presidência brasileira nesta sexta (11/10) com pelo menos três consensos: igualdade de gênero, enfrentamento a todas as formas de violência e justiça climática.
 
Esses tópicos entram na declaração final do GT, que será encaminhada para a Cúpula de Líderes, marcada para novembro no Rio de Janeiro.
 
“A justiça climática é pensar um modelo econômico que inclua as mulheres no desenvolvimento sustentável. As mulheres não podem ser [vistas] só como beneficiárias. Elas são [parte do] processo, elas constroem tecnologias próprias de preservação do meio ambiente, da vida, do futuro”, disse a jornalistas a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves (PT), antes da última reunião ministerial do GT, em Brasília.
 
A visão é que as contribuições das mulheres precisam fazer parte das discussões sobre desenvolvimento econômico e combate à mudança do clima e, para isso, elas precisam estar presentes, serem ouvidas e levadas em consideração.
 
Um exemplo do desequilíbrio de gênero em discussões relacionadas ao clima vem do setor de energia. No Brasil, apenas 6% dos cargos de liderança nessa indústria são ocupados por mulheres.
 
“Não é possível um mundo sustentável, com uma economia justa, sem a participação igualitária de mulheres e homens. Isso é basicamente um consenso entre todos os membros do G20, inclusive com apoio dos convidados e organizações internacionais”, comenta a secretária executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi.



Cerca de 80% das pessoas deslocadas pelas mudanças climáticas são mulheres, de acordo com um levantamento de 2021 da Women in Finance Climate Action Group
 
Além disso, mulheres e meninas constituem a maioria das pessoas pobres do mundo, muitas vezes dependentes da agricultura de subsistência, e cerca de 2/3 dos gastos das famílias no mundo são controlados por mulheres e 40% da riqueza global é detida por elas.
 
No entanto, a representatividade feminina é de apenas 19% em conselhos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial e isso se reflete nas estruturas de políticas financeiras e climáticas, que ignoram as necessidades dessa parcela da população.

Segundo a ministra brasileira, o GT de Empoderamento conseguiu incluir algumas dessas demandas também em outros grupos do G20, a exemplo do de Transições Energéticas, que lançou o programa de cozinhas sustentáveis e abordou em seus princípios de transição justa a palavra equidade, além de um parágrafo sobre “inclusividade nas políticas”:

  • “Incorporar perspectivas interseccionais sobre equilíbrio de gênero, incluindo o empoderamento das mulheres, idade, raça, etnia e pessoas em situações vulneráveis no planejamento e nas políticas energéticas e garantir uma distribuição justa dos custos e benefícios”, diz o documento aprovado na semana passada.

“Nós tivemos no GT de Energia algo que fazemos no governo, um pedido do presidente Lula, que é a transversalidade. Nós dialogamos com todos os grupos de trabalho e um grande número saiu com recomendações para a questão de gênero”, afirma Gonçalves.

Entre os exemplos, ela cita ainda a Trilha de Finanças, que está discutindo como promover maior inclusão de mulheres no sistema financeiro.

O Conselho de Ação de Mulheres, Diversidade e Inclusão do B20 Brasil – braço empresarial do G20 coordenado pela CNI – elaborou três recomendações de políticas públicas para a liderança do fórum das maiores economias globais.
 
Uma das sugestões é a criação de mecanismos, como incentivos e alianças, que estimulem empresas de todo o mundo a adotar e priorizar políticas de diversidade e inclusão
 
As outras dizem respeito ao ambiente de trabalho, que precisa passar por transformações para acolher e se adaptar à realidade das mulheres.
 
“Estudos mostram que empresas que investem em inclusão e representatividade trazem melhores resultados financeiros. O Banco Mundial estima um crescimento médio de 20% do PIB global se a igualdade de gênero no emprego fosse alcançada em países em desenvolvimento”, comenta Paula Bellizia, vice-presidente da Amazon Web Services (AWS) na América Latina, que lidera o Conselho.
 
Para Bellizia, a iniciativa privada é responsável pelo combate às desigualdades que atingem grupos sub-representados. 
 
“Nós passamos os últimos meses discutindo com mulheres e homens do mundo todo propostas para fomentar a diversidade e representatividade nos negócios e no mercado de trabalho. O resultado desse trabalho é um documento ambicioso com recomendações concretas para serem adotadas como políticas públicas pelos países do G20”.
 
Veja aqui o documento do B20


Prefeitos desperdiçam potencial energético. O lixo produzido nas cidades, que poderia ser transformado em biogás, biometano e eletricidade, continua sendo descartado em aterros e lixões, sem aproveitamento energético.
 
A falta de políticas efetivas para a gestão desses resíduos, especialmente em relação à geração de energia, reflete nas campanhas eleitorais de 2024. Leia na reportagem de Gabriel Chiappini
 
Hidrogênio verde na Petrobras. A Petrobras confirmou a construção da primeira planta piloto de hidrogênio verde do portfólio, conforme antecipado pela agência eixos em setembro. Com investimento previsto em R$ 90 milhões, a unidade vai ser instalada na Usina Termelétrica do Vale do Açu, em Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte.
 
Eólica offshore. As medições detalhadas dos ventos que a Petrobras vem realizando em alto mar, demonstraram um pico de geração entre 16h e 18h. Segundo o gerente de Geração Renovável da companhia, o horário coincide com o momento de maior demanda energética, o que torna o cenário mais positivo para a geração eólica offshore.
 
Horário de verão. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que a decisão sobre a volta do horário de verão será tomada na próxima terça (15/10). Ele afirmou que a janela temporal precisa ser melhor aproveitada, com o início da mudança logo no começo de novembro, caso a opção seja o retorno do horário de verão.
 
Eletrificando. A comercializadora de energia Electra Energy e a fabricante de carregadores Landis+Gyr anunciaram assinaram um memorando de entendimentos para a implantação de uma rede de carregadores de carros elétricos em diferentes cidades do Brasil. A perspectiva é que o sistema comece a ser oferecido a usuários de veículos elétricos de todas as marcas ainda em 2024.