diálogos da transição

Licenciamento volta à pauta do Congresso nesta quinta (27)

Análise de vetos na lei do licenciamento deve esquentar o clima no Congresso, ainda no embalo da COP30

Senador Carlos Viana (Podemos-MG);
presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União-AP). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Carlos Viana (Podemos-MG); presidente do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União-AP). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

NESTA EDIÇÃO. Alcolumbre marca análise de vetos à nova lei do licenciamento para destravar pauta orçamentária.

MMA e organizações ambientais apontam riscos de judicialização com a retomada de texto original.


O Congresso Nacional se reúne nesta quinta (27/11) com a análise dos 63 vetos do presidente Lula (PT) à lei de licenciamento ambiental (lei 15.190/2025) na pauta, sob o risco de derrubada de uma parte significativa deles — senão todos.
 
No meio deste embate está o veto ao uso da Licença por Adesão e Compromisso (LAC) para projetos de médio porte — o autolicenciamento.
 
A sessão convocada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pretende destrancar a pauta para avançar com os projetos orçamentários LDO e LOA, previstos para o dia 5 e 17 de dezembro respectivamente. (Agência Senado)
 
próprio senador tem interesse na matéria, não à toa a colocou como item prioritário da pauta, deixando outros para depois. A articulação em torno da derrubada dos vetos é liderada pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
 
A discussão deve esquentar o clima no Congresso, ainda no embalo da cúpula climática que o Brasil acabou de sediar, a COP30
 
Nesta quarta (26), organizações da sociedade civil organizaram um protesto no Salão Verde da Câmara dos Deputados, pedindo a manutenção dos vetos. 
 
Uma das preocupações é justamente em relação ao autolicenciamento vetado por Lula.
 
Como alternativa, o governo chegou a enviar ao Congresso um projeto de lei restringindo a LAC a empreendimentos de baixo potencial ambiental. Mas o movimento legislativo é pela derrubada do veto, garantindo a modalidade para empreendimentos maiores.
 
Se isso ocorrer, a avaliação sobre quais empreendimentos poderão ser autolicenciados ficará nas mãos de estados e municípios, retirando a centralidade de órgãos federais.
 
“Colegiados como o Conama e o próprio papel regulamentar da União ficam esvaziados. A lista de problemas é extensa, com muitas inconstitucionalidades recolocadas na lei, um prato cheio para judicialização, no STF e em outras esferas”, comenta Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima.



O risco de judicialização é, aliás, um alerta recorrente do Ministério do Meio Ambiente sobre a nova lei.
 
O projeto impulsionado pela bancada ruralista foi aprovado às pressas antes do recesso parlamentar de julho. 
 
O texto que chegou para sanção e veto do governo flexibilizava o rito para empreendimentos que vão do agro à mineração, passando também por energia.
 
Na época, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a encaminhar uma nota técnica ao Palácio do Planalto, recomendando o veto a mais de 30 dispositivos.
 
No entendimento do MPF, o texto aprovado pelo Congresso “contém dispositivos que comprometem a proteção ambiental e violam preceitos constitucionais e tratados internacionais”.
 
Justamente o que Lula vetou e o parlamento ameaça trazer de volta.
 
“O que não podemos, em nome de os projetos serem estratégicos ou de interesses econômicos, é passar por cima da proteção ambiental. As leis da natureza não mudam em função das nossas necessidades”, comenta a ministra Marina Silva (Rede) em uma entrevista à CNN.
 
Segundo a ministra, os vetos acompanhados de uma medida provisória e um projeto de lei são “estratégicos para manter a integridade do licenciamento” e buscaram acomodar a demanda por celeridade — um dos principais argumentos para as mudanças propostas pelo parlamento. 

Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT/AP) disse a jornalistas, nesta quarta, que não houve avanços na construção de acordo para manutenção dos vetos.
 
“Não conseguimos avançar na construção do acordo, embora tenhamos insistido. Desde a semana passada tentamos construir isso, mas não havendo acordo sobre o licenciamento ambiental, obviamente, vamos à apreciação dos vetos”, disse o senador.


Reforma do setor elétrico. Vetos na lei 15.269/2025 (MP 1304) às regras do ressarcimento dos cortes de geração de energia e às mudanças no preço de referência do petróleo geraram reações mistas nos setores afetados. A situação opõe consumidores e geradores de energia, assim como coloca em pólos contrários as petroleiras e as refinarias privadas. Veja as reações do mercado
 
Vida longa ao carvão. Menos de um ano após vetar a recontratação de térmicas a carvão nacional, incluída pelo Congresso Nacional no marco das eólicas offshore, o governo Lula decidiu sancionar nesta terça (25/11) uma nova alternativa para manter a geração e os contratos para mineração até 2040.
 
R$ 900 milhões para CCS. A TotalEnergies vai direcionar cerca de R$ 871 milhões em um estudo geológico sobre a viabilidade de estocar dióxido de carbono em reservatórios salinos no offshore brasileiro. O estudo será executado pelo Laboratório de Geologia Sedimentar da UFRJ.
 
R$ 12 milhões para eficiência. A EDP Espírito Santo está com inscrições abertas para a Chamada Pública de Projetos de Eficiência Energética. Neste ano, a iniciativa conta com um aporte recorde, de R$ 12,2 milhões, que serão destinados a projetos que gerem impacto positivo para os setores público e privado.  
 
Vagas para aprendiz na Raízen. Inscrições abertas para mais de 400 vagas de aprendizes nos diversos escritórios, bases e usinas da companhia, nas áreas administrativa, técnica e operacional. O prazo é até sábado, 30 de novembro.

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