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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Esta é a última edição de 2022 da Diálogos da Transição.
Voltamos na primeira semana de janeiro de 2023 com a nossa cobertura de política, estudos e visões que estão transformando o mercado de energia.
Boas festas e obrigada por nos acompanhar até aqui!
A geração distribuída de energia alcançou no final de novembro 16 gigawatts (GW) no Brasil, quase dobrando de capacidade em relação ao acumulado até o final do ano passado, mostram dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A maior parte (98%) vem de painéis solares fotovoltaicos instalados próximos aos centros de consumo, como telhados de edifícios, casas e comércios ou grandes terrenos.
Aliás, a classe residencial lidera em potência instalada, com 7,7 GW e mais de 1,4 milhão de unidades consumidoras. Em seguida vem comercial (4,6 GW), rural (2,3 GW) e indústria (1,1 GW). O restante fica com serviços e iluminação públicos.
Por estado, Minas Gerais segue no topo do ranking com 2,3 GW e é seguido de perto por São Paulo, com 2,1 GW — os dois estados oferecem benefícios tributários para geração de energia renovável.
Os dados estão em linha com previsões feitas pelo setor no início de 2022 de que este seria o ano da corrida ao sol.
Em janeiro, Jair Bolsonaro (PL) sancionou uma lei colocando prazo para o fim de subsídios à geração distribuída. Pelo texto, quem solicitasse acesso a sistemas de geração própria renovável até o início de janeiro de 2023 continuaria usufruindo da isenção de custos relacionados ao uso da rede de energia até 2045.
Quem entrar no segmento depois passará a pagar progressivamente pelos custos que hoje são pagos pelos demais consumidores.
Mas esse prazo pode ser estendido. Associações do setor solar e de GD tentam avançar no Congresso com um projeto de lei para prorrogar por mais um ano a entrada de novos consumidores na modalidade.
O PL 2703/2022, que prorroga em seis meses a data limite de transição, já foi aprovado na Câmara e aguarda uma decisão do Senado.
O assunto foi tratado no antessala, programa semanal da epbr que discute política energética. Na pauta, as propostas em discussão, agora no Senado Federal, para mini e microgeração distribuída e PCHs — Por que incentivar GD e PCH?
Cobrimos por aqui:
- R$ 26 bi já foram pagos em subsídios na energia
- Solar fotovoltaica atinge 22 GW, com forte avanço da GD
- Mundo deve adicionar 59 GW de GD fotovoltaica em 2022
No mundo, novo recorde para o carvão
O consumo global de carvão deve aumentar 1,2% em 2022, ultrapassando 8 bilhões de toneladas em um único ano pela primeira vez, superando o recorde de 2013, mostra relatório da Agência Internacional de Energia publicado nesta sexta (16/12).
E não há previsão de declínio, pelo menos até 2025. A estimativa é que a demanda fique estável até meados desta década, enquanto novas adições de energia limpa não ocorrem na proporção necessária para aposentar as usinas fósseis.
“Isso significa que o carvão continuará a ser, de longe, a maior fonte única de emissões de dióxido de carbono do sistema global de energia”, alerta a agência.
Apesar dos impactos da guerra da Rússia sobre o mercado de energia, a demanda de carvão esperada para 2022 ficou muito próxima da previsão da IEA publicada há um ano — antes do início dos conflitos.
Isso ocorre porque a desaceleração econômica reduziu o consumo de eletricidade e a produção industrial, compensando a migração do gás natural para o carvão observada este ano em meio às altas do petróleo.
Houve recorde também na geração renovável, ajudando a segurar um consumo ainda maior de fósseis.
Sinais positivos
Em uma outra análise lançada na semana passada, a IEA também aponta que solar fotovoltaica e eólica onshore são as opções mais baratas para a nova geração de eletricidade em uma maioria significativa de países.
A expectativa é que a capacidade solar fotovoltaica global triplique até 2027, superando o carvão e se tornando a maior fonte de capacidade de energia do mundo — com destaque para geração distribuída.
O relatório prevê uma aceleração das instalações de painéis solares em telhados residenciais e comerciais, com os consumidores tentando reduzir as contas de energia.
Já a capacidade eólica global quase dobra no período de previsão, com projetos offshore respondendo por um quinto do crescimento.
Juntas, eólica e solar podem representar mais de 90% da capacidade de energia renovável adicionada nos próximos cinco anos.
Previsão de crescimento também na demanda de biocombustíveis, que deve ter um incremento de 22% de 2022 a 2027. Estados Unidos, Canadá, Brasil, Indonésia e Índia representam 80% dessa expansão, alavancada por políticas de incentivo.
Hidrogênio verde no Ceará
A EDP Brasil produziu nesta quinta-feira (15) a primeira molécula de hidrogênio verde (H2V) em sua nova unidade de geração de São Gonçalo do Amarante, no Ceará.
A produção marca a primeira etapa do projeto piloto no Complexo Termelétrico do Pecém (UTE Pecém), cujo lançamento oficial ocorrerá em janeiro de 2023.
Com investimento de R$ 42 milhões, a unidade é a primeira do estado e a primeira do grupo EDP, que está investindo na tecnologia de H2V como parte da sua estratégia de transição energética.
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Algumas leituras da semana
— A descarbonização e a redução da oferta líquida de energia Eficiência energética e garantia do fornecimento são imperativos a serem observados na trilha da descarbonização, escreve Marcelo Gauto
— O preço do petróleo e suas narrativas Mercados têm diferentes referências para preços internos de combustíveis e, com a guerra, EUA e Europa impuseram um novo: o teto sobre o óleo da Rússia. “E o Brasil?”, questiona John Forman
— Porque a tentativa de desinvestimento na PBIO foi um erro Desinvestir no setor é não apenas um erro estratégico, mas também ignorância quanto à vocação do país para produção eficiente de biocombustíveis e bioenergia, avalia Miguel Lacerda
— Fim do PPI para precificação dos combustíveis e sustentabilidade: um diálogo necessário Mais investimentos em energia renovável, melhoria da logística e eficiência energética podem reduzir a dependência externa de combustíveis e tornar o Brasil autossuficiente em combustíveis fósseis, escreve Pietro Mendes