diálogos da transição

Expansão renovável segue concentrada e fora do ritmo

Expansão de capacidade renovável em 2024 soma 585 GW; no acumulado, mundo alcançou 4,45 TW

Geração solar fotovoltaica centralizada alcança 15 GW de capacidade no Brasil. Na imagem: Usina solar de Sakaka (300 MW) da ACWA Power e a AlGihaz, na província de Al Jouf, na Arábia Saudita (Foto Divulgação ACWA)
Usina solar de Sakaka (300 MW) da ACWA Power e a AlGihaz, na província de Al Jouf, na Arábia Saudita (Foto: Divulgação ACWA)

NESTA EDIÇÃO. Renováveis cresceram 15,1% em 2024, mostra Irena, mas é preciso chegar a uma taxa de crescimento de 16,6% ao ano para 11 TW até 2030.

Instalações seguem concentradas na China e em países ricos.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Em 2024, 585 GW de capacidade renovável foram adicionados no mundo, representando uma taxa de crescimento anual de 15,1% – ante 14,3% relatado em 2023, calcula a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês). É o melhor resultado desde 2000, mas ainda é preciso acelerar o ritmo se o mundo quiser superar a marca de 11,2 TW até 2030.
 
Essa é a capacidade necessária para cumprir o acordo da COP28, de triplicar a capacidade renovável para substituir combustíveis fósseis e limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C até 2100.
 
No ritmo de instalações atual, o mundo terá 10,4 TW de fontes solar, eólica, hidrelétrica e biomassa ​​até o final da década, ficando 0,8 TW (7,2%) abaixo da meta. Para cumprir o combinado, a taxa de expansão precisa ficar em 16,6% ao ano daqui até 2030.
 
“Impulsionar a taxa de crescimento anual exige metas nacionais mais ambiciosas”, defende a agência. 
 
“A Irena tem consistentemente exigido metas claras e quantificáveis ​​para energias renováveis ​​na próxima rodada das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)”, completa.
 
próxima rodada de discussão das NDCs está marcada para novembro de 2025, durante a COP30, em Belém do Pará. Presidida pelo Brasil este ano, a cúpula climática das Nações Unidas tem pela frente o desafio de transformar em ação os tantos compromissos assumidos nas COPs anteriores.
 
O dinheiro para isso é essencial. A cúpula de 2024, presidida pelo Azerbaijão, falhou em conseguir arrancar de países ricos o compromisso de US$ 1,3 trilhão para países em desenvolvimento financiarem sua transição. Algo que o Brasil pretende abordar em Belém.
 
Enquanto o capital não chega para essas nações, a expansão renovável segue concentrada. De acordo com o relatório da Irena (.pdf), ao final de 2024, os países do G7 e do G20, respectivamente, representaram 14,3% e 90,3% da nova capacidade em 2024.
 
Enquanto isso, pequenos estados insulares em desenvolvimento – que representam modestos 0,2% da capacidade global acumulada (8,8 GW) – adicionaram 0,7 GW, marcando uma queda em relação ao aumento de 1,1 GW em 2023 e representando apenas 0,1% do total global. Mais de três quartos desse crescimento vieram de dois países: República Dominicana (+0,4 GW) e Singapura (+0,2 GW).



Ainda de acordo com a Irena, as disparidades regionais na implantação da capacidade renovável se intensificaram de 2023 a 2024, com a Ásia fortalecendo seu domínio de 69,3% para 72% das adições globais, com 421,5 GW. 
 
A China sozinha foi responsável por mais de 88% do aumento da região. 
 
Na Europa, o aumento foi de 70,1 GW (+9,0%), com a Alemanha adicionando mais de 18,8 GW, e na América do Norte 45,9 GW (+8,7%) foram adicionados, principalmente nos Estados Unidos. 
 
“Em contraste, a capacidade da África cresceu apenas 4,2 GW e a do Oriente Médio, 3,3 GW, refletindo as persistentes disparidades geográficas na implantação de energias renováveis, o que representa um desafio significativo para atingir a meta global de triplicação”, aponta o relatório.

Responsável por 42% da matriz renovável global, o setor solar cresceu 32,2% no ano passado, adicionando quase 452 GW. No acumulado, há 1.865 GW em painéis fotovoltaicos instalados em todo o mundo. Em seguida, veio a eólica, com acréscimo de 113 GW (+11,1%). Juntas, as duas respondem por 96% da expansão.
 
O restante veio das hidrelétricas (15 GW), bioenergia (4,6 GW ) e geotérmica (0,4 GW). 
 
“A tecnologia solar fotovoltaica foi responsável por praticamente todo o crescimento da capacidade solar, demonstrando sua contínua relação custo-benefício e escalabilidade. Em 2023, o custo médio ponderado global da eletricidade proveniente de novos projetos de energia solar fotovoltaica caiu 12%, a maior queda entre as principais fontes renováveis”, analisa a Irena.


O consumo nacional de energia elétrica aumentou 2,1% no primeiro trimestre deste ano, para 144.186 megawatts médios (MWmed), aponta o mais recente relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). De janeiro a março, a classe residencial demandou 47.822 MWmed, aumento de 3,4%. A indústria consumiu 48.575 MWmed, aumento de 2,5% em relação ao observado nos três primeiros meses do ano passado.
 
Gás para Todos. O governo federal pretende publicar ainda em maio a medida provisória com a nova proposta de subsídio direto para a compra de botijões de gás liquefeito de petróleo (GLP) por famílias de baixa renda. O texto, segundo apurou a agência eixosaltera a proposta que foi enviada à Câmara dos Deputados ano passado.
 
Trump 1. Os Estados Unidos estão tentando enfraquecer um acordo global que visa ajudar países em desenvolvimento no combate aos impactos das mudanças climáticas, segundo um documento interno das Nações Unidas visto pela Reuters. O governo Trump se opõe a projetos de reformas do sistema financeiro global, incluindo questões relacionadas a impostos, classificações de crédito e subsídios a combustíveis fósseis. 
 
Trump 2. Enquanto isso, internamente, o republicano vai desmantelando políticas para indústria verde. Na sexta (2/5), a Casa Branca divulgou oficialmente a prévia da proposta final do orçamento dos EUA para o ano fiscal de 2026, onde propõe o encerramento de subsídios aos fabricantes de veículos elétricos e baterias..
 
Hidrogênio no Chile. Subsidiárias da TotalEnergies solicitaram licença ambiental para um projeto de hidrogênio verde e amônia de US$ 16 bilhões no sul do Chile. O projeto, administrado pela chilena TEC H2 MAG deve começar a operar em 2030 e inclui um parque eólico, sete centros de eletrólise para hidrogênio verde, uma usina de dessalinização, uma usina de amônia e infraestrutura marítima para transporte. (Reuters)

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