Diálogos da Transição

Eletrificação brasileira deve avançar em nichos

Caderno de eletromobilidade do PDE 2032 vê a alternativa ganhando força no transporte de cargas de curta distância

Eletrificação brasileira deve avançar em nichos. Na imagem: caminhão e ônibus elétrico da Volkswagen (Foto: VW/Divulgação)
Eletrificação vem ganhando força no transporte de cargas de curta distância – como o que distribui as encomendas feitas pela internet (Foto: VW/Divulgação)

newsletter

Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
[email protected]

A eletrificação da frota brasileira deve avançar por nichos, ao longo da década, com comerciais e caminhões leves e ônibus urbanos, em resposta às pressões para que empresas cumpram metas de sustentabilidade, indica o Plano Decenal de Energia (PDE 2032).

Produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o caderno de eletromobilidade do PDE vê a aplicação ganhando força no transporte de cargas de curta distância — como o que distribui as encomendas feitas pela internet.

“A penetração de motorizações alternativas no licenciamento de novos veículos semileves e leves, para uso com o transporte cargas, deve ser particularmente elevada, alcançando, em 2032, cerca de 20% para elétricos e 15% para híbridos”.

Além de ser uma estratégia de grandes empresas para cumprir suas metas de descarbonização — substituindo diesel por eletricidade –, os novos veículos também atendem a restrições às emissões e à circulação de veículos poluentes em áreas urbanas.

A produtora de alimentos JBS, por exemplo, já entrou nesse mercado. Em abril do ano passado a companhia lançou sua empresa de locação de caminhões elétricos, a No Carbon.

No entanto, tecnologias híbridas e a gás natural devem se expandir mais, com manutenção do domínio da combustão do diesel, que permanecerá em 95% das vendas em 2032, estima a EPE.

Transporte público eletrificado

Já o segmento de ônibus terá a eletrificação ancorada por políticas de substituição de frotas do transporte público, elevando as projeções de licenciamentos de veículos elétricos novos para cerca de 10% em 2032.

A análise considera anúncios recentes de cidades como São Paulo, São José dos Campos e Salvador de compra de ônibus elétricos a bateria. Mas equilibra o otimismo com barreiras à expansão acelerada no curto prazo, como preço de aquisição dos ônibus e infraestrutura de carregamento.

Carros de luxo

No transporte individual, a frota de carros a bateria e híbridos deve ultrapassar 1 milhão de unidades em 2030, com os híbridos liderando a preferência.

Além disso, os licenciamentos de eletrificados devem ser inicialmente limitados aos segmentos de maior renda, pelo motivo preço.

Em outros mercados, a eletrificação tem sido alavancada por políticas de incentivo à produção e/ou ao consumo.

EUA, Europa e China contam com subsídios governamentais e investimentos públicos e privados em veículos e redes de carregamento.

Na América Latina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Panamá, República Dominicana têm metas de eletrificação de suas frotas.

O Brasil, até o último ano, trabalhou em outros planos. O programas Rota 2030 e Combustível do Futuro propõem medidas para desenvolver a eficiência e incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono — com destaque para etanol e biometano.

De acordo com a EPE, o país não sofre as mesmas pressões que outras economias para eletrificar rapidamente sua frota pois é “relativamente pouco dependente de importações de energia”.

“[O Brasil] possui um mercado de biocombustíveis bem estabelecido, com atividade econômica e empregos bastante relevantes; não tem a mesma demanda emergencial por redução da poluição local, embora haja oportunidades de melhoria; e os recursos para subsidiar veículos elétricos disputam espaço com outras medidas para promoção de crescimento e distribuição de renda”, explica.

Além disso, o PDE observa que a eletrificação mais maciça nos países ricos tende a pressionar a oferta de materiais críticos, levantando questões sobre garantia de oferta, divergências geopolíticas, e concentração da produção e processamento.

“O desequilíbrio entre oferta e demanda tende a se refletir nos preços, dificultando a adoção generalizada da eletrificação”.

Há mercado

Em 2022, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves elétricos tiveram alta de 41%, com mais de 49 mil emplacamentos. Uma pesquisa da Meta (empresa que detêm o Facebook), no final do ano passado, com 1.000 entrevistados no Brasil, descobriu que 57% dos interessados em comprar um carro consideravam um modelo elétrico ou híbrido.

Cobrimos por aqui:

Célula a combustível da Honda

A montadora japonesa disse que começará a produzir um novo sistema de célula a combustível hidrogênio em conjunto com a General Motors este ano e aumentará gradualmente as vendas nos próximos anos.

A Honda terá como meta vendas anuais de cerca de 2 mil unidades do novo sistema em meados desta década, e chegar a 60 mil unidades por ano em 2030. Reuters

Blitz elétrica na Volvo

O grupo está se preparando para converter todos os seus principais modelos — três SUVs e dois sedãs — em veículos elétricos e introduzir uma van elétrica de luxo com o objetivo de aumentar as vendas na Ásia. Reuters

Gostou? Compartilhe no WhatsApp!

Retomada de relações com a França

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, virá ao Brasil na semana que vem para encontro com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Será a primeira visita de chanceler francês ao país desde 2019. O encontro deve preparar a vinda do presidente francês Emmanuel Macron.

Na semana passada, o presidente Lula (PT) recebeu um telefonema de Macron e o convidou para a Cúpula dos Países Amazônicos, programada para este primeiro semestre — o país europeu tem soberania sobre a Guiana Francesa, que faz parte do bioma amazônico. Agência Brasil

Parceria canadense

A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá (NRC, sigla em inglês) estão com chamada de inovação aberta para unir pequenas e médias empresas canadenses e a indústria brasileira.

Serão aceitas propostas nas áreas de saúde, bioeconomia florestal, mineração, agroindústria e aeroespacial. Para participar da seleção, empresas de ambos os países devem se unir em consórcio e apresentar uma proposta conjunta. Os selecionados vão receber apoio financeiro e suporte técnico. Informações e inscrições no site