NESTA EDIÇÃO. Alemanha expande financiamento de transição industrial para incluir CCS, pela primeira vez.
Licitação está prevista para ser lançada em meados de 2026.
O governo alemão divulgou nesta segunda (6/10) um pacote de 6 bilhões de euros para financiar a descarbonização industrial e prevê incluir, pela primeira vez, a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) no acesso a recursos climáticos.
O programa visa setores com uso intensivo de energia, como produtos químicos, aço, cimento e vidro, enquanto a Alemanha busca atingir suas metas climáticas em meio a preocupações com a competitividade industrial, relata a Reuters.
Hoje, cerca de 60% da eletricidade da Alemanha é fornecida por fontes renováveis. A meta é atingir 80% até 2030.
O aceno positivo ao CCS — tecnologia que está associada à prorrogação do consumo de combustíveis fósseis — ocorre em meio a mudanças no cenário político e energético do país.
Recentemente, os alemães também sinalizaram posição favorável à geração nuclear, inclusive como fonte de energia para alimentar eletrolisadores na produção de hidrogênio.
A chegada ao poder de Friedrich Merz e a nomeação de Katherina Reiche para o Ministério da Energia alteraram o tom do debate para “pragmatismo e realismo”.
“Somente com realismo a transição energética poderá ter sucesso e gerar crescimento. A neutralidade climática e a competitividade não devem ser mutuamente exclusivas – precisamos de ambas para garantir a prosperidade da Alemanha”, defende a ministra Katherina Reiche.
Amortecendo custos de transição
A licitação para empresas inscreverem seus projetos e acessarem os recursos está prevista para ser lançada em meados de 2026. Depende da aprovação do orçamento parlamentar e da autorização de um auxílio da União Europeia aos seus Estados-membros.
É uma expansão do programa lançado em 2024, para subsidiar, em contratos de 15 anos, os custos das empresas que investem em tecnologias para transição industrial.
Por meio de um leilão, o governo seleciona projetos priorizando aqueles que exigem o menor subsídio por tonelada de CO2 evitada. Em contrapartida, as empresas precisam cumprir metas de redução de emissões.
No hidrogênio europeu
A Europa, aliás, também revisou, recentemente, sua posição sobre o CCS, ao publicar as regras para acesso aos incentivos para produção de hidrogênio.
Em julho de 2025, a Comissão Europeia publicou o Ato Delegado definindo como hidrogênio de baixo carbono aquele que alcançar 70% de redução nas emissões de gases de efeito estufa em comparação com o uso de combustíveis fósseis.
“Isso significa que o hidrogênio de baixo carbono pode ser produzido de várias maneiras, por exemplo, usando gás natural com captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS)”, explica uma nota da Comissão.
No cenário de fundo, há uma preocupação sobre a capacidade de o bloco formado por 27 países conseguir alcançar o objetivo de ter 20 milhões de toneladas de hidrogênio renovável sendo consumido internamente até 2030, como previsto no RePowerEU — programa de substituição do gás natural russo.
Cobrimos por aqui
Curtas
Primeiro telefonema. O presidente Lula (PT) pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retire as tarifas sobre produtos brasileiros, na primeira conversa entre os líderes após a imposição das taxas. Segundo o Planalto, o diálogo por telefone nesta segunda-feira (6/10) teve tom amistoso e durou cerca de 30 minutos.
Taxonomia rural. A agenda de finanças do Brasil na COP30 mira mobilização de investimentos em agricultura e florestas, de olho no mercado de bioenergia. A estratégia é reduzir emissões e capturar carbono, por meio da proteção das florestas e recuperação de áreas degradadas para produção de biocombustíveis.
Agenda de Ação. O Brasil pretende fazer da Agenda de Ação o foco da sua presidência na COP30, em Belém, no tema da energia, consolidando as vitórias conquistadas no G20 do ano passado, na articulação em torno da transição justa e equitativa.
- A estratégia é usar a plataforma voluntária para transformar compromissos multilaterais já assumidos em outras COPs em resultados concretos e mensuráveis, em documento paralelo ao acordo final.
Gás de Vaca Muerta. A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (6/10) o seu primeiro teste de importação de gás natural não convencional de Vaca Muerta, na Argentina. A operação foi executada na sexta (3/10), em conjunto com a Pluspetrol, via Bolívia.
Bebidas adulteradas. A ANP colocou à disposição da Anvisa sua infraestrutura de fiscalização para identificar adulteração de bebidas com o uso de metanol. O país já soma 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol, registradas em São Paulo (53), Pernambuco (5) e Distrito Federal (1).