diálogos da transição

Carros populares ganham vantagem em política automotiva verde

Cinco montadoras já têm veículos que poderão ser enquadradas no programa Carro Sustentável com IPI zero

Governo assina decreto com alíquotas do IPI Verde, garantindo desconto para quem polui menos (Foto: Júlio César Silva/MDIC)
Vice-presidente da República e ministro, Geraldo Alckmin, durante o lançamento do Programa Carro Sustentável (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

NESTA EDIÇÃO. Governo assina decreto com alíquotas do IPI Verde, garantindo desconto para quem polui menos.

Carros populares com eficiência energética comprovada poderão ser isentos de imposto sobre produtos industrializados.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O governo Lula (PT) lançou nesta quinta (10/7) as regras para acesso aos descontos no imposto sobre produtos industrializados previstos no programa Mobilidade Verde (Mover), com isenção para os carros populares de baixa emissão.
 
Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), cinco montadoras já têm modelos que se encaixam no perfil do chamado Carro Sustentável: Volkswagen (Polo), Chevrolet (Ônix), Renault (Kwid), Hyundai (HB20) e Stellantis (Mobi e Argo).
 
Pelo texto, carros com emissão inferior a 83g de CO2 por quilômetro — considerando o ciclo poço à roda —, compostos por mais de 80% de materiais recicláveis e montados no país (com etapas como soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem no país) terão IPI zerado.
 
É o chamado IPI verde que a indústria vinha cobrando há um ano, desde que a lei do Mover foi sancionada com a previsão dos descontos.
 
Além dos veículos de entrada, os movidos a etanol também terão vantagem sobre os modelos a gasolina e os flex fuel, que permitem abastecer com ambos os combustíveis.
 
Isso porque, embora a frota leve brasileira seja cerca de 80% flex, a participação do etanol no abastecimento desses carros é de aproximadamente 30%.

Veja detalhes:



A edição do decreto do tão esperado IPI Verde coincidiu com o anúncio, na véspera (9), da nova tarifa do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o Brasil. O norte-americano promete taxar em 50% todos os produtos que importa do Brasil.

A medida surpreendeu a indústria automotiva, que ainda não conseguiu avaliar os possíveis efeitos caso a taxação entre em vigor em 1º de agosto, como sinalizado por Trump.

Como o Brasil não exporta carros para os Estados Unidos, os efeitos seriam indiretos, em setores como o aço, por exemplo.

Vale dizer que nesta quinta o presidente Lula criou um comitê com empresários para “repensar” a política comercial com os EUA. (CNN)

Uma das medidas em estudo é o acionamento da recém aprovada Lei de Reciprocidade Econômica, que deve ter o decreto regulamentador publicado nos próximos dias, segundo o governo.


Impacto no petróleo… A analista da StoneX, Isabela Garcia, aponta que o petróleo brasileiro vai perder competitividade no mercado internacional, caso esteja sujeito às taxas de 50% de Trump. Segundo ela, isso  pode levar, inclusive, a um recuo nas exportações da produção brasileira.
 
…na petroquímica e nos combustíveis. Já o mercado de combustíveis no Brasil está sujeito a uma pressão inflacionária caso o governo siga em frente com a ideia de acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, aponta um relatório do BTG Pactual. O cenário teria impacto sobretudo no diesel, já que os EUA são um dos principais fornecedores de derivados para o Brasil.
 
Petroleiras pedem diálogo. O Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP) pediu diálogo entre lideranças brasileiras e estadunidenses para encontrar uma solução diplomática para as tarifas de Trump. O petróleo bruto é, atualmente, o principal produto exportado para o mercado dos EUA.
 
Energia pressiona inflação. A energia elétrica residencial aumentou 2,96% em junho e foi o subitem que exerceu a maior pressão individual no IPCA, com uma contribuição de 0,12%, informou o IBGE na quinta-feira (10/7). A alta foi impulsionada pela entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1.
 
Minerais para transição. O MME quer ampliar a participação das empresas de menor porte na Política Nacional de Mineração e Transformação Mineral para a Transição Energética. Em apresentação na Câmara dos Deputados, na quarta (9/7), o coordenador Gustavo Masili afirmou que o ministério tem apoiado iniciativas para estimular o investimento em empresas de pequeno porte.
 
Margem Equatorial. A Comissão de Desenvolvimento Regional vai levar a São Luís (MA) o debate sobre os impactos da exploração de gás e petróleo na Margem Equatorial brasileira. Encontro está marcado para a próxima segunda (14/7) e a lista de convidados inclui o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB); o diretor-geral da ANP, Bruno Caselli; e o presidente do IBP, Roberto Ardenghy.
 
Green Zone na COP30. As inscrições para participar da Green Zone na COP30 estão abertas até 22 de julho. A área temática terá hubs sobre temas como financiamento climático, inovação e tecnologias limpas. As inscrições podem ser feitas nesse link.

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