NESTA EDIÇÃO. Pressão na Conta de Desenvolvimento Energético contribui para projeções de maior aumento nas tarifas de energia este ano.
Lula conversa com Putin, em meio às taxações impostas pelos EUA.
Entidades propõem uso de biodiesel no abastecimento de veículos e geração de energia elétrica na COP 30.
Marina Silva elogia vetos presidenciais no PL do licenciamento; ambientalistas veem brechas.
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Subsídios vão fazer conta de luz crescer acima da inflação em 2025
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atualizou as projeções para as tarifas de energia e passou a prever um aumento médio de 6,3% nas contas de luz este ano.
- O percentual está acima das projeções para a inflação: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado para 2025 é de 5,1%.
- A projeção anterior, divulgada em março, previa uma alta de 3,5% nas tarifas de energia este ano.
O principal motivo para a alta esperada nas contas de luz é o crescimento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que custeia as políticas públicas no setor e é pago pelos consumidores.
- A Aneel fixou um valor de R$ 49,2 bilhões para a CDE em 2025, 32% maior do que o do ano passado.
- Contribuem para o aumento a elevação dos valores destinados às fontes incentivadas e aos projetos de micro e minigeração distribuída.
Também é da CDE que vão sair os recursos para a ampliação da Tarifa Social de Energia Elétrica, subsídio para famílias de baixa renda que foi ampliado e reformulado em maio, a partir da Medida Provisória 1300/2025.
- A nova tarifa social foi batizada de “Luz do Povo” e está valendo desde julho, depois da aprovação pela Aneel.
- O desconto passou a ser fixo, para o consumo de até 80 kWh na conta de luz das famílias que se encaixam nas regras.
Aliás, a Comissão Mista que vai analisar a medida provisória que instituiu o benefício vai ser instalada nesta terça-feira (12/8) no Congresso Nacional, depois de uma tentativa frustrada na semana passada.
- O colegiado será presidido pelo senador Eduardo Braga (MDB/AM) e terá o deputado Fernando Coelho Filho (União/PE) na relatoria.
- A MP perde a validade em 17 de setembro. Até lá, os parlamentares terão mais de mil emendas sobre o setor de energia para avaliar, considerando também a MP 1304/2025, a “MP dos Vetos”, editada em julho.
Por falar na CDE.. O presidente Lula (PT) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), anunciaram na sexta (8/8) novos investimentos de R$ 420 milhões no programa “Luz Para Todos” no Acre e Rondônia.
- O programa busca expandir o acesso à energia elétrica em sistemas isolados e também é custeado pela CDE.
Incentivos para renováveis no campo. O Projeto de Lei 221/2025, em análise na Câmara dos Deputados, cria o Fundo Nacional de Energias Renováveis em Pequenas Propriedades Rurais (FNERP). O objetivo é facilitar o acesso de pequenos agricultores a sistemas de energia solar e eólica por meio de financiamentos com condições especiais.
Preço do petróleo anda de lado. Os contratos futuros do Brent, para outubro, fecharam a sessão de segunda-feira (11/8) com alta de 0,06%, a US$ 66,63, cotação praticamente estável. Investidores monitoram a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como as tensões geopolíticas.
Telefonema com Putin. O presidente Lula recebeu, no sábado (9/8), ligação telefônica do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em nota, o Palácio do Planalto confirmou que os dois trataram dos esforços pela paz entre a Rússia e Ucrânia e compartilharam informações sobre discussões em curso com os EUA; e também trataram de assuntos bilaterais e do cenário político e econômico internacional.
- Lula já indicou que espera uma resposta conjunta do Brics às tarifas dos EUA. Na semana passada, conversou também com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Etanol mais caro. O preço médio do hidratado subiu 0,72% na semana passada, na comparação com a semana anterior, a R$ 4,17 o litro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), compilados pelo AE-Taxas.
Os preços, no entanto, caíram em 11 estados; subiram em sete e no Distrito Federal; e ficaram estáveis em oito estados.
Biodiesel na COP30. Produtores do biocombustível querem aproveitar a Conferência para divulgar o biodiesel como solução de baixo carbono no abastecimento de veículos e geração de energia elétrica.
- A Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) e três associações do setor — Aprobio, Abiove e Ubrabio — entregaram um documento ao Enviado Especial para a Agricultura, Roberto Rodrigues, propondo o uso do B100 em geradores estacionários durante a cúpula climática marcada para novembro, em Belém (PA).
Biometano no transporte. A Jomed, empresa do setor de transporte rodoviário de cargas, fechou um acordo com a Ultragaz para abastecimento de sua frota própria de caminhões com biometano. No primeiro ano do projeto, o biocombustível abastecerá 19 veículos a partir de uma única central exclusiva, dentro das instalações da Jomed.
Pressão contra Foz do Amazonas. Organizações ambientais entregaram na segunda (11/8) uma carta ao Itamaraty pedindo que o Brasil defenda o fim da expansão de petróleo e gás rumo à Amazônia.
- O movimento antecede a Cúpula de Bogotá da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), marcada para 22/8, na Colômbia, e que deve aprovar uma declaração conjunta sobre a crise climática. O texto servirá de base para a posição do bloco de países amazônicos na COP30.
Vetos ao PL do licenciamento. Entidades ambientalistas, contrárias à sanção do projeto de lei que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental, consideram que os vetos feitos pelo presidente Lula atingiram pontos de maior preocupação, mas há brechas e os artigos rejeitados podem ser retomados. As mudanças ainda desagradaram os estados, que buscavam maior autonomia nos processos de licenciamento.
- A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), elogiou os vetos. Ela também criticou a alta dos preços de hospedagens para a COP30 em Belém e chamou a prática de “extorsão”.
Combate à poluição pelo plástico. O Brasil contribui anualmente com até 190 mil toneladas do volume total de lixo no ambiente marinho, de acordo com relatório da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
- O documento analisa os efeitos do descarte inadequado do material e propõe estratégias de combate aos minúsculos fragmentos que contaminam o meio ambiente, especialmente rios e oceanos.