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Diretores, academia e mercado saem em defesa de agências reguladoras

Defesa da autonomia dos reguladores começou depois de críticas do governo à Aneel

Cenário atual permite debater fim de restrições ao uso de GLP (o gás de botijão), diz Rodolfo Saboia. Na imagem: Diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, em entrevista ao estúdio epbr durante o 37º Congresso da Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo (AIGLP), no Rio, em 14/3/2024 (Foto: Victor Curi/epbr)
Diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, durante participação no 37º Congresso da AIGLP (Foto: Victor Curi/epbr)

NESTA EDIÇÃO.

Autonomia das agências reguladoras em debate.
 
São Paulo tem fortes chuvas e falta de luz novamente.
 
Gás para Todos aumenta demanda por GLP.
 
Petrobras amplia medições para eólicas offshore.
 
EPE vê gargalos para hidrogênio no Nordeste.
 
Noruega leva CCS ao G20


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O tema da autonomia das agências reguladoras ganhou espaço entre os diretores dos órgãos, além de representantes da academia e do mercado, depois que o governo indicou que poderia alterar os mandatos nas autarquias. 
 
A melhoria no orçamento e na disponibilidade de recursos humanos, assim como o respeito ao período dos mandatos, são algumas das principais defesas no debate pela independência regulatória
 
“A agência já convive com limitações de toda a ordem”, disse o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, em evento no Rio na quinta (24/10), ao lembrar que o órgão tem recebido novas atribuições com a transição energética.

O debate sobre as agências reguladoras esquentou depois que representantes do governo criticaram a conduta da Aneel após os apagões em São Paulo

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, levantou a possibilidade de uma alteração na duração dos mandatos de diretores e conselheiros de agências reguladoras, de modo a coincidir com as mudanças de governo.

Em paralelo, surgem no Congresso iniciativas que podem ampliar a pressão política sobre os órgãos.

  • A Câmara aprovou este mês um projeto de lei que dá aos municípios participação ativa na fiscalização e controle das licitações e contratos de distribuição de energia.
  • Há ainda uma articulação do deputado Danilo Forte (União Brasil) para apresentar um projeto que vai subordinar as decisões das agências ao Legislativo.  

Mas faz sentido? A discussão no governo, seja para reduzir a duração de mandatos de diretores ou aumentar o controle sobre o trabalho das agências, ocorre em meio a articulação do Planalto com o Senado Federal para indicar os seus nomes e fazer, assim, a transição de poder nas diretorias.   

Ao todo, 15 vagas estarão abertas até o fim deste ano. Das 11 agências, três já estão com cadeiras vazias (Anac, Aneel e ANP). Apenas na área de energia:

  • Uma cadeira está vazia na Aneel e tem levado a embates nas decisões, com a divisão dos diretores.
  • Na ANP, é necessário indicar um nome para substituir o ex-diretor Cláudio Jorge, que teve o mandato encerrado em 2023, além do próximo diretor-geral, já que Saboia encerra seu ciclo em dezembro. 


SP sob ameaça de novas chuvas. A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu um alerta de nova previsão de chuvas e ventos, que podem ultrapassar 70 km/h até sexta-feira (25/10). A distribuidora Enel São Paulo mobilizou 2.500 profissionais para atender problemas no fornecimento de energia elétrica. 

  • Mais de 70 mil unidades consumidoras ficaram sem energia na grande São Paulo na quarta (23), devido a um temporal. É o segundo apagão na região metropolitana este mês. 

Gás para Todos.  A demanda por gás natural liquefeito (GLP), o “gás de botijão”, vai ser puxada pelo programa Gás para Todos e pelo crescimento econômico do país nos próximos meses de 2024 e no ano de 2025, segundo a diretora da EPE, Heloísa Borges.

  • Segundo o boletim bimestral da EPE, em 2024 a demanda por GLP vai ficar em 7,6 milhões de toneladas, alta de 1,9% em relação ao ano anterior. Já em 2025 o consumo deve chegar a 7,7 milhões de toneladas, crescimento de 1% na comparação anual

Amazonas Energia. A Justiça Federal retirou a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) do processo em que a Amazonas Energia pede a aprovação da transferência de controle à Âmbar, por considerar que os contratos de fornecimento de gás natural não devem sofrer alterações.

  • O dispositivo está previsto na Medida Provisória 1232/2024 e visa diminuir a sobrecontratação da Amazonas Energia. A MP prevê que os contratos passariam a ser pagos por todos os consumidores de energia elétrica do Brasil.

Petrobras amplia medições para eólicas offshore. A Petrobras vai investir R$ 60 milhões para medições de ventos no mar. Serão lançadas cinco novas boias Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore), para avaliação de recursos eólicos offshore.

Acordo no RN. O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis e a fabricante chinesa de turbinas eólicas Mingyang assinaram acordo de cooperação para atividades relacionadas ao mercado de eólica offshore no Rio Grande do Norte. A intenção é desenvolver a capacitação local para a atividade. 

  • O estado reúne 25,5 GW em projetos com pedidos de licenciamento no Ibama, do total de 234 GW em potenciais projetos na costa brasileira.

Gargalos para hidrogênio. A EPE identificou sobrecargas em algumas linhas de transmissão pré-existentes no Rio Grande do Norte, que poderiam se agravar com a conexão de plantas de hidrogênio verde. A conclusão é de um estudo divulgado na quarta-feira (24/10) que avalia as condições do sistema de transmissão da região Nordeste para a conexão de grandes cargas, focando na produção de hidrogênio.

Indústria química de olho no hidrogênio. Os subsídios destinados ao hidrogênio de baixo carbono devem garantir que o país avance na descarbonização de sua própria indústria, defende o diretor do Instituto Nacional do Desenvolvimento da Química (IdQ), Milton Rego. Para o executivo, o apoio deve ir além da produção do hidrogênio, e alcançar o consumo interno.

Acordo para Mercado de Carbono. Após quase um ano de negociações e reclamações dos dois lados, Senado e Câmara finalmente avançaram para um acordo em relação ao texto projeto de lei que cria o mercado brasileiro e regulado de carbono. 

  • Segundo previsão do líder do governo no Senado, Otto Alencar (PSD/BA), após o fechamento do acordo, o projeto será apreciado em plenário até o fim de novembro, possivelmente antes do encerramento da COP 29.

Noruega defende CCS no G20. A Noruega quer a inclusão da captura e armazenamento de carbono (CCS) nos comunicados finais do G20 como uma das soluções para a descarbonização do planeta. O tema é uma das principais defesas do país nos fóruns internacionais e deve ser levado pelo primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, à Cúpula de Líderes. 

  • Em visita ao Brasil esta semana, a ministra do Comércio e Indústria da Noruega, Cecilie Myrseth, disse que as empresas norueguesas querem ampliar ainda mais as cooperações já existentes com o Brasil a respeito de energias renováveis e tecnologias de descarbonização. 

 
BIP seleciona projetos. O governo brasileiro anunciou a seleção de projetos da Acelen, Vale, Fortescue, Atlas Agro e Meteoric para integrar a recém-lançada Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil (BIP). Os projetos selecionados incluem iniciativas nas áreas de biocombustíveis, hidrogênio verde e minerais críticos. 
 
Opinião: Apesar dos compromissos globais para a redução de gases de efeito estufa e dos incentivos econômicos para a economia de baixo carbono, a indústria de petróleo e gás continuará resistente a essas pressões, por conta da sua rentabilidade e importância política, escreve o pós-doutorando da FGV-EBAPE e do PMJ College, Tércio Pinho Filho.