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Aumenta pressão sobre a Petrobras pelos preços dos combustíveis

Companhia recebeu várias críticas no meio político e ainda colocou na berlinda o comando da companhia — há menos de um ano na gestão

Presidente da República Jair Bolsonaro, acompanhado do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e do ex Diretor-Geral Brasileiro, designado, da Itaipu Binacional, Francisco Ferreira, que pediu demissão em janeiro.
Foto: Alan Santos/PR
Presidente da República Jair Bolsonaro, acompanhado do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e do ex Diretor-Geral Brasileiro, designado, da Itaipu Binacional, Francisco Ferreira, que pediu demissão em janeiro. Foto: Alan Santos/PR

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O reajuste de gasolina, diesel e GLP nas refinarias da Petrobras, que entrou em vigor na sexta (11/3), provocou mais que corridas a postos e revendedores na véspera do aumento. Recebeu uma série de críticas no meio político e ainda colocou na berlinda o comando da companhia — que sequer completou um ano de gestão.

— “É de certa forma inaceitável que o preço dos combustíveis esteja nesse patamar. Todos têm que contribuir para que haja contenção do aumento de preços, o que é muito nocivo para a economia nacional”, disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Agência Senado

— No mesmo dia em que a Petrobras anunciou o aumento, os senadores aprovaram o PLP 11/20, que altera o ICMS dos combustíveis, e também o PL 1472/21, que cria um fundo de estabilização dos preços. A Câmara também aprovou o projeto do ICMS, que foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na noite de sexta (11).

— O reajuste irritou Bolsonaro, que não descartou adotar novas medidas — como subsídios ou uma mudança na política de preços da Petrobras — para conter os aumentos, segundo a Agência Brasil. Bolsonaro, partidos da oposição e aliados do governo são críticos ao Preço de Paridade de Importação (PPI) adotado pela estatal.

— Mesmo sem falar em demissão do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, Bolsonaro disse que, com exceção dele próprio e do vice-presidente, Hamilton Mourão, “qualquer um no governo pode ser trocado”. Auxiliares do presidente disseram à CNN que, diante do clima beligerante, o melhor seria o próprio Silva e Luna tomar a iniciativa de deixar a presidência da estatal.

— “Tem certas coisas que não preciso comentar. Ele [Silva e Luna] vai ligar pra mim e falar: ‘Está satisfeito com o reajuste?’. Não vai. Ele sabe o que eu penso disso e o que qualquer brasileiro pensa disso. Agora, o brasileiro tem que entender que quem decide esse preço não é o presidente da República. É a Petrobras com seus diretores e os seus conselhos”, disse Bolsonaro.

— “Lamento, porque poderia ter esperado mais um dia. A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população. É Petrobras Futebol Clube, o resto que se exploda”, disse a jornalistas no sábado (12/3). UOL

— O levantamento semanal de preços feito pela ANP entre 6 e 12 de março mostra que a cotação máxima da gasolina comum já supera R$ 8 na Bahia e no Rio de Janeiro. Foram pesquisados 5.040 postos de combustíveis em todo o país. A agência encontrou a gasolina a R$ 8,77 em um posto em Eunápolis, no sul baiano.

— O diesel já supera R$ 7 em cinco estados: Bahia, Goiás, Maranhão, Pernambuco e Santa Catarina. A maior máxima é registrada também na Bahia, com R$ 7,56. Quanto ao gás e cozinha, Acre, Goiás, Pará, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo registram máxima a partir dos R$ 130, com a maior cotação em Mato Grosso — R$ 140.

— Os reajustes promovidos pela Petrobras e também pela Acelen — que desde o início de dezembro de 2021 opera a Refinaria Mataripe (ex-RLAM), comprada da estatal — fizeram o Ministério da Justiça e Segurança Pública notificarem as empresas para que esclareçam os aumentos.

— E caminhoneiros e transportadoras decidiram parar a partir de sexta (11/3), alegando que o reajuste do diesel inviabilizou o frete. Segundo o Estadão, o assessor da presidência da Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA) diz que se trata de uma paralisação técnica e sem bloqueios nas estradas. A entidade afirma ainda que “o aumento fez com que o sistema entrasse em colapso”.

Venda de refinarias na berlinda De acordo com especialistas ouvidos pelo Valor, o aumento da pressão política sobre os preços da Petrobras e a ameaça de novos subsídios para os combustíveis elevaram a percepção de risco dos investidores e podem colocar uma pá de cal na venda de refinarias da Petrobras. Achar compradores para essas unidades já tinha se tornado pouco provável para 2022, ano eleitoral, mas o ambiente de negócios se deteriorou ainda mais na última semana.

— Na única venda fechada até o momento, a Acelen, criada pelo fundo Mubadala para operar a Refinaria de Mataripe (ex-RLAM), na Bahia, vem enfrentado dificuldades para competir com os preços praticados pela estatal brasileira, segundo o Valor.

Brasil vai aumentar produção de petróleo a pedido dos EUA A disparada do preço do petróleo provocada pela guerra na Ucrânia levou os EUA a pedir ao Brasil para ampliar sua produção. O pedido foi feito pela secretária de Energia do governo americano, Jennifer Granholm, ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

— “Os países que têm estoque, como EUA, Japão, Índia e outros, estão liberando. Mas também tem que ter o esforço de aumento da produção. Ela [Jennifer Granholm] me perguntou se o Brasil poderia fazer parte desse esforço, e eu falei ‘claro que pode’. Já estamos aumentando a produção”, disse Albuquerque. O Globo

— No entanto, vale lembrar que o ritmo de produção dos campos de petróleo e gás natural no país é ditado por Planos de Desenvolvimento, acordados entre a ANP e os operadores.

Governo lança plano nacional para fertilizantes O governo lançou, na sexta, (11/3), o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), para reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes. O PNF pretende reduzir a dependência de importações do agronegócio brasileiro de 85% para 45%, mas não vai receber aportes financeiros diretos do governo federal, informa o Valor.

— O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial do consumo global de fertilizantes, equivalente a 8%, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais, com 38%. Na sequência, aparecem o fósforo, com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%.

— Em fevereiro, o grupo Acron acertou a compra da fábrica de fertilizantes nitrogenados UFN-III, da Petrobras, em Três Lagoas (MS).

Petróleo sobe na sessão, mas balanço semanal é negativo Os contratos futuros do petróleo fecharam a sessão de sexta (11/3) em alta, mas recuaram na semana, revertendo parte do rali que levou os preços a máximas de 14 anos com os temores sobre sanções contra as exportações de energia russa, após a invasão da Ucrânia.

— O contrato do Brent para maio fechou em alta de 3,05% na sessão, mas recuou 4,60% na semana, a US$ 112,67 o barril, enquanto o WTI para abril subiu 3,12%, no dia, mas cedeu 5,48% nas últimas cinco sessões, a US$ 109,33 por barril. Valor

Alemanha tenta abandonar petróleo e carvão russos A Alemanha quer deixar de consumir petróleo russo até o final do ano e o carvão no outono do Hemisfério Norte, anunciou o ministro da Economia do país, Robert Habeck, no sábado (12/3). A Alemanha traz um terço de seu petróleo e quase 45% de seu carvão da Rússia.

— Já em relação ao gás, a situação é mais complicada, uma vez que não tem capacidade para importar gás liquefeito, disse o ministro. AFP

Governo vai ao TCU por privatização da Eletrobras Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque, irão ao Tribunal de Contas da União (TCU) nesta semana conversar com todos os ministros sobre a privatização da Eletrobras, informa o Estadão.

O TCU aprovou a primeira parte da privatização da estatal, mas ainda resta a segunda etapa, referente aos detalhes técnicos da modelagem da desestatização.

Acordo entre Santo Antônio Energia e BNDES A Eletrobras comunicou na sexta (11/3) a assinatura de aditivos contratuais da Santo Antônio Energia, que tem participação de sua controlada Furnas, com o BNDES prevendo a suspensão temporária do pagamento de um financiamento de R$ 2,521 bilhões.

— O acordo prevê a suspensão temporária do pagamento de principal e juros remuneratórios por sete meses, entre 15 de dezembro de 2021 e 15 de junho de 2022, sem alteração do termo final do prazo de amortização, da taxa de juros e do prazo final do contrato. As parcelas suspensas serão capitalizadas ao saldo devedor. Estadão

Consumo de energia sobe em março… O boletim do Programa de Mensal de Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da semana de 12 a 18 de março, prevê que o consumo de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) vai aumentar 2% em março, na comparação com igual período de 2021.

— A carga de energia do subsistema Sudeste/Centro-Oeste vai subir 1,6% e 43.178 MW médios, na comparação com março do ano passado. O Sul terá a maior alta, com 3,5% e 13.476 MW médios, seguido do Nordeste, com 3,4% e 11.792 MW médios. O Norte será o único subsistema em retração, de 1,4%, com 5.759 MW médios.

… E reservatórios hídricos se recuperam Ainda segundo o ONS, desde 2012 não eram registrados, para março, os volumes atingidos pelas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que tem projeção de 62,7% para o dia 31/03. Também o subsistema Norte não indicava marca tão alta desde 2012, de 98,8% em março. No Nordeste, a última vez que superou 92,6% de reserva foi em março de 2007, quando registrou 94,8%. Já a expectativa de armazenamento para o Sul é de 35,7%. <em><strong>Por email, você também recebe a agenda das autoridades do setor de energia no pais</strong></em>