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As medidas para enfrentar a crise hídrica no setor de energia

Horário de verão segue em avaliação

Alexandre Silveira fala durante formatura da Escola de Eletricistas e Pacto Nacional Por Mais Mulheres na Energia e Mineração, em 4/9/2024 (Foto Ricardo Botelho/MME)
Governo anunciou plano de contingência para lidar com efeitos da seca no setor elétrico | Foto Ricardo Botelho/MME

NESTA EDIÇÃO. O plano de contingência para lidar com a seca. Horário de verão segue em avaliação, mas recebe análise favorável do ONS. Chegada da primavera deve melhorar condições climáticas. 

As acusações de abuso de poder no mercado livre de energia. 

Hidrogênio verde vai demandar formação de técnicos.

Brasil enfrenta dilema entre exploração de petróleo e liderança climática.

Governo atende pedidos da indústria química por aumento das tarifas de importação. 

E gasoduto Subida da Serra não deve ter mais restrições de operação.


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Propostas para lidar com a seca. As alternativas apresentadas no plano de contingência do governo para atenuar os efeitos da seca sobre o setor elétrico incluem a antecipação da entrada em operação de linhas de transmissão e da usina Termopernambuco, da Neoenergia, no Porto de Suape (PE). 

Está prevista também a ampliação da geração na usina de Belo Monte (PA) em horários críticos para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

  •  A hidrelétrica tem restrições de vazão, por questões ambientais, e a decisão ainda precisa passar por outros órgãos do governo.

A reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) nesta quinta-feira (19/9) na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Rio debateu as alternativas para os reforços ao sistema no momento de baixa nos reservatórios das hidrelétricas. 

O retorno do horário de verão segue em análise. Estudos do ONS estimaram um potencial de economia com o adiantamento dos relógios de até 2,5 GW de despacho termelétrico no horário de ponta, o que reduziria custos e contribuiria para a eficiência do sistema elétrico. 

  •  O MME espera ter uma decisão definitiva sobre a adoção do horário de verão nos próximos dez dias.
  • A eventual adoção da medida será anunciada por meio de decreto presidencial, com implementação 30 dias após sua assinatura.

Em entrevista coletiva após a reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), também reforçou a prioridade da preparação dos leilões de capacidade, com o objetivo de garantir a segurança energética a médio prazo.

  •  A contratação deve ter efeitos somente a partir de 2027. 

Apesar do cenário hídrico desfavorável, o ministro assegurou que não há risco de falta de energia.

“Não estamos vivendo o cenário de 2021. Mesmo com o pior cenário de chuvas, nada nos leva a crer que teremos risco energético neste verão”, disse. 



Primavera deve melhorar condições climáticas. O fim do inverno tende a ser favorável para o setor elétrico, por conta da probabilidade de bons níveis de chuva, além de ventos em regiões geradoras de energia, segundo projeções da consultoria meteorológica Nottus. A chegada da primavera ocorre no domingo (22/9). A nova estação deverá trazer um aumento gradual na umidade nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, com retorno das chuvas no Sul do país.

Mercado livre puxa consumo de energia. O consumo de energia brasileiro aumentou 2,1% em agosto de 2024 na comparação com o mesmo mês no ano anterior, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A alta se deve à melhora do desempenho da indústria e à onda de calor. O maior aumento de demanda ocorreu no mercado livre, com uma alta de 4% na comparação anual. No ambiente regulado, a alta foi de 0,8%.

Abuso de poder no mercado livre. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) notificou 105 distribuidoras de energia elétrica e suas coligadas por suspeita de abuso de poder econômico. O governo informou que apura se as empresas fizeram uso e compartilhamento indevidos de dados restritos com pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico. As possíveis irregularidades teriam ocorrido durante processo de abertura do mercado livre para consumidores do Grupo A.

GreenYellow defende incentivos à eficiência energética. O Brasil ainda precisa avançar na legislação e no estímulo à eficiência energética para melhorar o ambiente de negócios para o setor elétrico, na avaliação do presidente da GreenYellow no Brasil, Marcelo Xavier. Entre os entraves para os negócios em terras brasileiras, ele cita a insegurança jurídica, o câmbio e a taxa de juros, além de questões de infraestrutura a serem resolvidas.

Hidrogênio verde vai demandar formação de técnicos. A indústria do hidrogênio verde no Brasil demandará a formação de quase três mil técnicos especializados por ano para atender às necessidades de instalação, manutenção e renovação de sistemas desta nova tecnologia, de acordo com uma pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Liderança pelo exemplo? Agro brasileiro mobiliza contra Lei Antidesmatamento da União Europeia e organizações ambientais reagem em carta a Ursula Von der Leyen. Na energia, exploração de petróleo na Amazônia e defesa do fracking marcam contradições na busca do governo Lula (PT) por protagonismo na agenda climática. Leia na Diálogos da Transição

Financiamento climático. O Banco Mundial informou nesta quinta (19/9) que entregou um recorde de US$ 42,6 bilhões em financiamento climático durante o ano fiscal de 2024, um aumento de 10% em relação aos US$ 38,6 bilhões do ano anterior e próximo de sua meta de uma parcela de 45% do financiamento total destinada a projetos climáticos. (Reuters)

Brasil enfrenta dilema entre exploração de petróleo e liderança climática. A produção de petróleo no Brasil promete ser um dos temas controversos da COP30. Embora o país seja referência em energias renováveis, o interesse na exploração de novas fronteiras petrolíferas – como a Margem Equatorial – levanta dúvidas entre organizações ambientais sobre como o país vai equilibrar suas credenciais climáticas para cobrar de países ricos recursos no financiamento da sua transição energética.

Petróleo da União. Petrobras, Galp e Acelen compraram 1,5 milhão de barris de óleo da União negociados pela Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA) nesta quarta (18/9). O processo contou, ainda, com a participação de Petrochina e Shell.

Petrobras e TGS. A Petrobras e a TGS, empresa norueguesa de sísmica, assinaram um memorando de entendimento para pesquisas avançadas e o desenvolvimento de novas tecnologias. A expectativa é que os estudos gerem maior conhecimento sobre as bacias sedimentares brasileiras.

Startups. A Petrobras vai lançar na próxima terça-feira (24/9) um novo edital para startups, dentro do Programa Petrobras Conexões para Inovação. No valor de R$ 16 milhões, a seleção, em parceria com o Sebrae, vai focar na área de integridade de ativos. Ao final do processo, as empresas vencedoras podem receber valores de até R$ 1 milhão.

Pleito da indústria química é atendido. O governo atendeu ao pleito da indústria química e acolheu o pedido de elevação temporária da tarifa de importação de uma série de produtos e matérias-primas essenciais ao setor. O aumento foi concedido nesta quarta (18/9), após análise do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex). A Associação Brasileira das Indústrias Químicas (Abiquim) vinha se articulando junto ao MDIC por mudanças relacionadas à importação de matérias-primas.

Braskem celebra. A petroquímica Braskem afirmou em comunicado ao mercado que o aumento do imposto de importação deve ter impactos positivos para a indústria brasileira. 

Subida da Serra sem interdições. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) se comprometeu a não tomar medidas restritivas à operação do gasoduto Subida da Serra, da Comgás, até novembro. As discussões com a Arsesp, o órgão regulador paulista, no Núcleo de Solução Consensual de Conflitos do Supremo Tribunal Federal (Nusol/STF), ficarão suspensas por dois meses. Na prática, foi dado um primeiro prazo para que a ANP e Arsesp cheguem a uma nova proposta de conciliação na disputa federativa pela classificação do gasoduto. 

Desenrola das agências. Sancionado com vetos, programa cria mecanismo para negociação de dívidas não tributárias, além de atualizar regras para disputas envolvendo débitos tributários e aduaneiros. Um dos setores econômicos mais suscetíveis é o de óleo e gás. Grande parte da dívida ativa abrangida pelo novo modelo transacional está concentrada, por exemplo, na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).