Energia

Ministro de Minas e Energia propõe acordo comercial para venda de hidrogênio para Alemanha

Alexandre Silveira e Robert Habeck assinam novos termos em cooperação Brasil-Alemanhã na área de energia

Ministro de Minas e Energia propõe acordo comercial para venda de hidrogênio para Alemanha. Na imagem: Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia (Foto: Tauan Alencar/MME)
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (Foto: Tauan Alencar/MME)

BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD/MG), disse nesta segunda-feira (13/3) ter sugerido ao governo alemão uma parceria comercial para venda de hidrogênio verde ao país europeu.

A ideia seria estabelecer um investimento contratual, com demanda firme e previsibilidade, segundo afirmou Silveira em declaração à imprensa.

Com isso, seria possível desenvolver o parque industrial brasieleiro para atender à cadeia de produção.

Silveira classificou a proposta como “embrionária”, mas destacou que os interesses dos dois países convergem. “Essa é uma ideia para ser avaliada pelo governo alemão”, resumiu.

“Temos hoje muitas plantas P&D, de pesquisa e desenvolvimento, que são parques industriais menores, na produção do hidrogênio”, destacou Silveira, cujo estado natal, Minas Gerais, é um dos que mais avançam no país no setor de hidrogênio.

A sugestão de Silveira foi entregue ao vice-chanceler e ministro de Assuntos Econômicos e Ação Climática da Alemanha, Robert Habeck, que viajou a Brasília para assinar novos termos relativos à Parceria Energética Brasil-Alemanha, firmada em 2008.

Habeck declarou  que as conversas com o MME têm sido positivas e que o objetivo em comum é “extremamente concreto”.

Os detalhes do termo assinado nesta segunda (13/3) não foram divulgados pelo MME até o fechamento deste texto.

Além do hidrogênio verde, Silveira também disse que o Brasil tem interesse em desenvolver parcerias no setor de mineração com a Alemanha, sem entrar em detalhes.

Além do encontro com Silveira, Robert Habeck cumpriu agenda com o chanceler Mauro Vieira, para tratar do acordo comercial Mercosul-União Europeia, segundo o Itamaraty.

A agenda no Brasil inclui a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.

Habeck também participou da abertura do Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), sediado este ano em Minas Gerais.

Em janeiro, o chanceler alemão Olaf Scholz esteve no Brasil, em uma agenda política com o presidente Lula. Além dos temas econômicos, membros da União Europeia buscam a colaboração brasileira no isolamento da Rússia, passado um ano da invasão da Ucrânia.

Na época, Scholz classificou o encontro de “um novo capítulo nas relações entre os países”. Afirmou que energias renováveis e o hidrogênio verde serão centrais na colaboração entre os países.

Financiamento de projetos no Brasil

Em fevereiro, a Alemanha recebeu as propostas do primeiro leilão global para aquisição de produtos a base de hidrogênio de baixo carbono, por meio do H2Global, programa com 900 milhões de euros orçados para subsidiar as entregas.

Em outra frente, o programa IH2 Brasil selecionou oito projetos pilotos desenvolvidos nas universidades brasileiras para serem executados em 2023 com subsídios de até 1,2 milhão de euros.

A Alemanha está colocando recursos em economias emergentes que prometem ser grandes fornecedores de energia limpa para o resto do mundo. E assim se posiciona como consumidora prioritária, enquanto vai definindo os contornos desse mercado.

Indústrias em Minas Gerais

No domingo (12/3), o grupo Neuman & Esser lançou a pedra fundamental da primeira unidade dedicada à fabricação de equipamentos para produção de hidrogênio verde (H2V), o que inclui reformadores de etanol e biometano, de olho nos clientes do agro.

Com apoio da Invest Minas, a empresa alemã investirá R$ 70 milhões na fabricação de equipamentos como eletrolisadores de tipo PEM e alcalino e reformadores que poderão ser adaptados de acordo com a necessidade e os recursos de cada local de produção.

Minas Gerais foi o primeiro estado da região a aderir à campanha Race To Zero, da ONU, para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Foi o terceiro maior emissor brasileiro, com 168 milhões de toneladas de CO2,segundo dados do SEEG.

Outra empresa alemã de olho na demanda industrial brasileira é a Thyssenkrupp Nucera, que firmou um memorando de entendimento para fornecer eletrolisadores para a Unigel, que arrendou as fábricas de fertilizantes da Petrobras na Bahia e Sergipe, e planeja produzir amônia verde.