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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Reveja os debates dos Diálogos da Transição
Série exclusiva da epbr para discutir transição e descarbonização nos transportes
O emprego global no setor de energia subiu acima de seus níveis pré-pandemia, liderado pelo aumento das contratações em energia de baixo carbono, mas a participação de mulheres segue abaixo da média econômica geral.
Relatório lançado hoje (8/9) pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que o emprego total de energia em 2021 tenha aumentado cerca de 1,3 milhão em relação a 2019, e pode avançar mais 6 pontos percentuais até o final de 2022.
A energia limpa é responsável por praticamente todo esse crescimento, impulsionado por contratações em novos projetos de energia solar e fabricação de veículos elétricos.
A análise segue uma tendência verificada em 2019, quando a indústria de baixo carbono ultrapassou a marca de 50% de sua participação no emprego total de 65 milhões de pessoas no setor de energia.
Naquele ano, solar e eólica empregavam 7,8 milhões, equivalente ao fornecimento de petróleo. Já a fabricação de veículos, que emprega 13,6 milhões em todo o mundo, concentrou 10% de sua força de trabalho na fabricação de eletrificados, seus componentes e baterias.
No setor de petróleo e gás, a maior parte da projeção de novas vagas vem de projetos em desenvolvimento, com destaque para infraestruturas de gás natural liquefeito (GNL).
O horizonte é promissor…
Em todos os cenários da IEA, o emprego em energia deve crescer, superando os declínios nas ocupações com combustíveis fósseis.
No cenário de Emissões Líquidas Zero até 2050, a estimativa é que 14 milhões de vagas sejam criadas na indústria de energia limpa até 2030, enquanto outros 16 milhões de trabalhadores mudarão para novas funções.
Até 2050, o segmento de renováveis pode ser responsável por 43 milhões de empregos — dos 122 milhões de trabalhadores no setor de energia.
…apenas para uma parte da população
Na economia em geral, mulheres ainda não conseguiram equidade e representam 39% do emprego global. Na indústria de energia, o cenário é ainda pior: apenas 16% das vagas em setores tradicionais são ocupadas por elas.
E, assim como no restante da economia, a participação em altos cargos é de pouco menos de 14% em média, com grandes variações por segmento: nuclear e carvão têm as piores taxas, com 8% e 9%, respectivamente, enquanto as concessionárias de energia elétrica estão entre as mais altas, com quase 20%.
“Embora os índices sejam melhores em regiões com estruturas políticas e fortes esforços do setor privado para melhorar o equilíbrio de gênero, todas as geografias mostram que o setor de energia fica atrás da média da economia quando se trata da participação das mulheres em cargos de gerência sênior no setor”, comenta o relatório da IEA.
Vale dizer: não há grandes diferenças na proporção de empregos femininos entre combustíveis fósseis e energia limpa globalmente.
Quem tem saído à frente são as startups. O levantamento indica que há “sinais de mudanças” com uma parcela maior de mulheres fundadoras e inventoras em energia limpa, mesmo que ainda muito aquém da paridade.
“Isso marca uma oportunidade para esses segmentos em crescimento ajudarem a aumentar a representação feminina. No entanto, medidas adicionais devem ser tomadas em todos os setores de energia para que o papel das mulheres nas empresas de energia melhore”, completa a agência.
Entre os motivos para maior diversidade, a IEA aponta melhora no desempenho da empresa, competitividade a longo prazo e maior inovação.
A três séculos de distância
Estudo conjunto da ONU Mulheres e do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) lançado na quarta (7/9) alerta que, no ritmo atual de progresso, a plena igualdade de gênero pode levar 300 anos para ser alcançada.
Desafios globais, como a pandemia de covid-19 e suas consequências, conflitos violentos, mudanças climáticas e a perda de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres estão exacerbando ainda mais as disparidades de gênero.
Ainda seriam necessários 140 anos para que as mulheres fossem representadas igualmente em posições de poder e liderança no local de trabalho e pelo menos 40 anos para alcançar a igualdade de representação nos parlamentos nacionais.
Em uma citação sobre o Brasil, o relatório aponta que a disparidade social deixa muitas mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade.
No acesso à energia limpa, meninas brasileiras em áreas rurais com acesso à eletricidade têm 1,5 vezes mais probabilidade de concluir o ensino fundamental aos 18 anos. Entre as trabalhadoras assalariadas rurais, o acesso à eletricidade se correlaciona com um aumento de 59% nos salários.
Cobrimos por aqui:
- Novos empregos, velhos padrões
- O longo caminho do setor de energia até a diversidade
- Empresas de energia entre as melhores para trabalhadores LGBTI+
- Como as empresas estão caminhando para a diversidade
Abiogás lança agenda para presidenciáveis
O documento indica medidas para fomentar o crescimento do biogás para geração de energia, como a desoneração tributária de equipamentos, o incentivo ao uso de energia gerada pela fonte em prédios públicos e a criação de linhas de crédito em bancos para projetos de geração centralizada e distribuída, assim como facilitar a compra dessa eletricidade.
E do biometano para descarbonização dos transportes pesados, por meio de iniciativas que facilitem o acesso ao biocombustível por meio a interiorização da oferta e harmonização das regras às aplicadas ao gás canalizado.
Quanto aos programas do governo, a associação propõe adequações no RenovaBio e a implementação do programa Metano Zero.
Certificados de energia renovável
A S&P Global Commodity Insights anunciou um conjunto independente de avaliações de preços para Certificados Internacionais de Energia Renovável (I-RECs na sigla em inglês) no Brasil. As avaliações também estão disponíveis na Índia e Turquia.
As avaliações de preços Platts Global I-REC cobrem geração hidrelétrica, solar, eólica e de biomassa e refletem os valores no final do dia, no mercado de certificados spot. As avaliações serão expressas em várias moedas por megawatt-hora (MWh).
Transição justa para a África
A Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) formou uma rede africana para impulsionar o financiamento da transição energética no continente. A rede trabalhará com bancos africanos, proprietários e gestores de ativos e outras instituições financeiras em todo o continente para ampliar o financiamento climático e o investimento em oportunidades de transição.
Os países africanos estão desproporcionalmente mais expostos aos efeitos das mudanças climáticas, apesar de contribuírem com uma parcela muito pequena das emissões globais de gases de efeito estufa. Apenas 2% do investimento global em energia renovável nas últimas duas décadas foi feito na África, disse a GFANZ. Argus
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