Os automóveis e comerciais leves eletrificados (EVs) batem recorde de vendas em 2021, com 34.990 unidades vendidas.
Superando todas as expectativas da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o aumento foi de 77% sobre os 19.745 emplacamentos deste tipo de modal em 2020 e de 195% sobre os 11.858 de 2019.
Em perspectiva, segundo balanço divulgado em 6/1 pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o total geral de automóveis emplacados em 2021 (incluídos veículos à combustão) foi de 1,55 milhão de unidades. Elétricos representam 2% das vendas no ano.
Somente em dezembro, melhor mês da história da eletromobilidade no país, foram comercializados 4.545 eletrificados. O aumento foi de 29% sobre novembro (3.505) e de 133% sobre dezembro de 2020 (1.949).
Se comparados à totalidade de automóveis emplacados também em dezembro (156,1 mil unidades), os eletrificados representam quase 3%.
Na América Latina, levantamento da S&P Global Platts, mostra que as vendas de VEs ainda representam 7% do mercado de carros novos no mundo.
Nos cálculos, foram considerados os automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) emplacados de janeiro a dezembro do último ano.
Os dados foram compilados pela ABVE, a partir da planilha de emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores/Ministério da Infraestrutura).
Adalberto Maluf, presidente da ABVE, comemorou: “O brasileiro está claramente optando pelo veículo elétrico limpo, silencioso e sustentável. A eletromobilidade avança no país, em contraste com o mercado convencional de veículos a combustível fóssil”.
Dessa forma, a frota eletrificada total em circulação no Brasil contabiliza 77.259 automóveis e comerciais leves (2012-2021).
Os líderes de venda continuam sendo os elétricos híbridos flex a etanol (HEV), fabricados no Brasil pela Toyota, com 54% do total (18.948 unidades). Com destaque para o Corolla Cross Híbrido Flex que, lançado em março de 2021, fechou o ano já totalizando 11.027 unidades.
Elétricos puros
Os veículos 100% elétricos (BEV) também se destacaram com 2.851 unidades vendidas, um aumento de 256% sobre as vendas em 2020 (801 unidades).
A participação (market share) dos BEVs no total de eletrificados dobrou em relação a 2020. 2.851 unidades representaram 8% do total (34.990) vendido em 2021 enquanto no ano anterior a proporção foi de 801 sobre 19.745, uma participação de 4%.
O Nissan Leaf Tekna (R$ 264 mil na tabela Fipe), 100% elétrico mais vendido no ano passado, quebrou a hegemonia dos veículos de alto luxo nas vendas de BEVs.
Os dez BEVs leves (comerciais e passeio) mais vendidos no Brasil em 2021, segundo levantamento da ABVE:
- Nissan Leaf Tekna: 439
- Porsche Taycan: 379
- Volvo XC40 Recharge: 375
- BMW Mini Cooper Electric: 313
- Audi E Tron: 252
- BMW i3 BEV 120AH: 159
- Fiat 500 E Icon: 146
- GM Bolt: 132
- BYD eT3: 124
- Renault Kangoo: 120
Dentre esses dez modelos mais vendidos no último ano, dois são furgões elétricos de transporte urbano de carga: o BYD eT3 (124 emplacamentos ou 49,4% das vendas da categoria) e o Renault Kangoo Max (120 ou 47,8%).
O furgão BYD eT3 possui autonomia para até 300 km e possibilidade de recarga rápida de 20% a 80% da bateria em apenas 30 minutos, o que garante até 180 km a mais de viagem. O modelo tem capacidade para 720 kg de carga e espaço no compartimento para 3,3 mil litros, com peso total de 1.700 kg.
Conforme explicou a BYD, “O furgão elétrico é uma solução amplamente sustentável, pois deixa de emitir 16.534 kg de CO2 por ano (equivalente ao plantio de 1.377 árvores por veículo). Em termos econômicos, comparando com um veículo a gasolina equivalente, o veículo a combustão tem um custo aproximado de R$ 0,41 por km rodado, enquanto a recarga do furgão custa em torno de R$ 0,09 por km (78% menor).
Híbridos
O híbridos seguem firmes na liderança das vendas de eletrificados. Dos 34.990 eletrificados emplacados no ano passado, 20.678 eram elétricos híbridos (HEV) e 11.461 híbridos plug-in (PHEV) — olha o etanol aí.
O ranking por padrão de eletrificação ficou assim:
- Híbridos (HEV): 20.678 (59% do total);
- Híbridos plug-in (PHEV): 11.461 (33%);
- Elétricos puros (BEV): 2.851 (8%).
Veja como foi na última década a evolução de unidades vendidas:
VEs vieram para ficar
Para o presidente da ABVE, os números crescentes de comerciais leves vendidos confirmam a tendência de fortalecimento dos serviços de transporte sustentável.
“Essa também é uma tendência irreversível, liderada pelos prefeitos de várias cidades brasileiras, preocupados com as emissões de poluentes, e pela agenda ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), assumida por muitas empresas”, afirmou Adalberto Maluf.
Para Márcio D’Agosto, coordenador do Programa Logística Verde Brasil, “A eletrificação do transporte delivery pode ser considerada como uma das principais ações para reduzir impactos ambientais em áreas urbanas, como a emissão de poluentes atmosféricos e ruídos, nocivos à saúde da população e da emissão de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pelas mudanças climáticas”, conclui.
BYD no mercado brasileiro
O ano de 2022 consolidará ainda mais a participação da BYD no Brasil. Ainda no primeiro trimestre, o TAN EV, primeiro SUV de sete lugares 100% elétrico, começará a ser vendido. Em um primeiro momento, serão comercializadas cerca de 200 unidades, declarou a empresa.
Até o final de 2022, a BYD pretende contar com concessionárias da marca nas principais cidades brasileiras. A EuroBike, grupo que atua no segmento de veículos Premium, foi confirmada como a primeira concessionária no segmento de automóveis elétricos da marca no Brasil.
Além disso, a BYD já dispõe de uma das maiores redes de recarregamento de baterias elétricas, com 29 pontos distribuídos por seis estados brasileiros. Desse total, 21 estão localizados no estado de São Paulo. O Rio de Janeiro possui quatro e Distrito Federal, Pará, Minas Gerais e Paraná, uma unidade em cada estado. A ideia é que, futuramente, haja, no mínimo, um ponto de carregador de bateria elétrica em cada concessionária do grupo.
A BYD comercializa no Brasil empilhadeiras, vans, caminhões, furgões e automóveis, todos totalmente elétricos e não poluentes.
Um futuro próspero para eletrificados no mundo
Executivos da indústria global de automóveis acreditam que 41% dos novos veículos vendidos no Brasil em 2030 serão elétricos, de acordo com relatório divulgado pela consultora KPMG nesta quinta (6/1).
Na 22ª edição da Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021 (GAES), que ouviu 1.118 executivos – incluindo 372 CEOS – em 31 países, a consultora perguntou qual porcentagem estimada de vendas de veículos novos alimentados por bateria, excluindo híbridos, dentro de cada mercado, até 2030.
Globalmente, na Índia, se espera que no fim da década a participação de EVs será de 39%, enquanto no Japão, China, Estados Unidos e na Europa Ocidental, os executivos acreditam que os EVs representarão metade do mercado automotivo.
Na AL, a expectativa é que os elétricos cresçam exponencialmente, para uma participação de 10% nas vendas até 2040.
No horizonte até 2050, a consultoria vê os biocombustíveis como a principal solução de baixo carbono para a América Latina.
Desafios para adoção de elétricos
Entre os desafios apontados por executivos ouvidos pela KPMG para a adoção de veículos elétricos pelos consumidores está a redução no tempo de recarga das baterias.
Para 77% dos entrevistados os consumidores deverão exigir tempos de recarga inferiores a 30 minutos ao viajarem. Atualmente, a maior parte das estações de carregamento demoram mais de três horas.
Quanto à demanda por recursos minerais, estima-se que um carro elétrico precise de 6 vezes mais recursos minerais que um automóvel convencional.
No ano passado, a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) alertou que somente a demanda por lítio, por exemplo, deve crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.