Biocombustíveis

Maioria do setor automotivo defende carros flex na transição para elétricos no Brasil, diz estudo

Análise do BCG, Anfavea e Sindipeças revela otimismo dos fornecedores brasileiros com eletrificação nos próximos 5 a 10 anos

Estudo do BCG, Anfavea e Sindipeças mostra otimismo brasileiro com eletrificação, mas foco deve seguir nos carros flex. Na imagem: Diretor administrativo e sócio da BCG, Masao Ukon, durante o evento Renault E-Tech 100% Electric Days, no Parque Ibirapuera (SP), em setembro de 2023 (Foto: Divulgação Renault)
Diretor administrativo e sócio da BCG, Masao Ukon (Foto: Divulgação Renault)

BRASÍLIA – Estudo do Boston Consulting Group, Anfavea e Sindipeças aponta que  83% das empresas automotivas brasileiras acreditam que o Brasil deve manter o foco em veículos flex fuel, enquanto avança na transição para a eletrificação.

A pesquisa ouviu mais de 65 indústrias do setor, incluindo montadoras e fabricantes de peças.

O levantamento também revela otimismo da indústria brasileira quanto ao crescimento dos veículos eletrificados nos próximos cinco a 10 anos. 

No total, 81% planejam investir no processo de eletrificação, e 69% delas estão interessadas em incluir, em sua cadeia de suprimentos, produtos voltados a veículos elétricos.

Para 30% das entrevistadas, o país deve direcionar seus recursos para aprimorar a infraestrutura e capacidade de produção, em especial, de modelos híbridos.

Em contrapartida, a imprevisibilidade da demanda e a competitividade com o mercado internacional foram alguns dos principais obstáculos citados pelas indústrias. 

13% das empresas manifestaram a intenção de manter seus portfólios atuais, mesmo com a ênfase nos veículos a combustão.

Brasil na corrida global

Na corrida ao net zero até 2050, nações como a Europa, os Estados Unidos e a China estão apostando no desenvolvimento de tecnologias e cadeias de suprimento para a eletrificação, além de ações mais arrojadas para reduzir as fontes fósseis nos transportes.

Apesar dos mais de 20 mil emplacamentos de veículos eletrificados (totalmente elétricos, híbridos convencionais e híbridos plug-in) registrados apenas no primeiro semestre de 2023, no Brasil, a transição deve ocorrer de forma mais gradual.

De acordo com a análise, tal cenário oferece mais tempo para que a cadeia local se prepare adequadamente. Por outro lado, os suprimentos brasileiros podem se tornar obsoletos em relação à aplicação de novas tecnologias quando comparados aos mercados globais.

Mais:

O diretor administrativo e sócio da BCG, Masao Ukon, explicou que à medida que as regulamentações ao setor forem implementadas, haverá impulsos na demanda.

“Evoluções regulatórias na direção de eficiência e descarbonização estão previstas nos próximos meses. Com a oferta do mercado, os consumidores começam a experimentar esse produto e as vendas começam a crescer”, afirmou, durante o evento Renault E-Tech 100% Electric Days.

Novo Rota 2030

Na quinta (21/9), Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, confirmou que a segunda etapa do Rota 2030 vai promover uma maior aproximação entre empresas brasileiras e estrangeiras, visando estimular as exportações no Brasil.

“A nova fase estimula a aproximação entre os atores do ecossistema inovacional para fazer com que o Brasil tenha capacidades construídas com empresas nacionais e estrangeiras que corroborem a exportação da tecnologia”.

A previsão é que as novas regras do programa de fomento à pesquisa e desenvolvimento (P&D) na indústria automobilística brasileira sejam anunciadas nas próximas semanas.