RIO – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, se reunirão nesta segunda (26/6) com uma extensa pauta de colaboração energética na pauta bilateral dos países.
Esta será a quarta visita de Fernández ao Brasil neste ano, a convite de Lula. O país vizinho busca alternativas para a escassez de divisas e o financiamento do comércio entre os países.
Em maio, Lula defendeu em reunião com empresários de São Paulo que “mais do que querer ajudar a Argentina, a gente quer ajudar os exportadores brasileiros que exportam para a Argentina”.
O país atingiu os maiores níveis de inflação em 30 anos, superando os 100% em 12 meses no primeiro trimestre deste ano. Brasil e Argentina são os maiores parceiros comerciais na América do Sul.
Financiamento de gasoduto na Argentina
Na ordem do dia, está o financiamento da expansão do gasoduto Presidente Néstor Kirchner, em um projeto que pode elevar a oferta de gás natural para o Brasil.
A Argentina busca financiamento no Brasil para elevar a capacidade de atendimento do mercado doméstico a partir da produção não-convencional em Vaca Muerta, na província de Neuquén – o shale gas argentino.
Futuramente, a nova infraestrutura pode sustentar a conexão com o Brasil, para atendimento à indústria da região Sul. Recentemente, o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB) defendeu a integração com a Argentina à epbr.
O balanço envolve a Bolívia, com produção em declínio, que também também aos argentinos, especialmente no inverno, o que se mostra um desafio para manutenção dos volumes enviados pelo Gasbol – Gasoduto Bolívia-Brasil, da TBG, empresa controlada pela Petrobras.
Em julho, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, planeja uma viagem à Bolívia para dar continuidade às conversas com o governo de Luís Arce sobre a retomada de investimentos da companhia brasileira no país.
Lítio, SAF e energia na agenda Brasil-Argentina
A agenda bilateral abrange uma série de temas relacionados ao mercado de petróleo, gás natural e energia, além de transição energética e lítio.
Entre os pontos discutidos estão a parceria estratégica em Combustíveis Sustentáveis da Aviação (SAF), a descarbonização no setor portuário e a adequação dos portos brasileiros para a recepção de embarcações com combustível verde.
As equipes técnicas dos dois países estudam projetos para incentivar cadeias e complexos produtivos binacionais e regionais. Para a transição energética, o foco está na energia eólica e solar, bem como nas cadeias de lítio, mineral crítico para o setor energético.
Por aqui, as atenções estão voltadas para Minas Gerais, o projeto Vale do Lítio, na agenda do governo Lula e do governador Romeu Zema (Novo).
Lula e Fernández também determinaram a formação de grupos para aprofundar as discussões sobre a integração energética bilateral.
Na energia nuclear, a cooperação mira projetos conjuntos nos usos pacíficos e o intercâmbio da experiência na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e do Reator Multipropósito Argentino (RA-10).
Agenda bilateral entre Brasil-Argentina para o mercado de energia:
- Possível parceria estratégica em Combustíveis Sustentáveis da Aviação (SAF), alternativa para descarbonização do setor aéreo. Descarbonização no setor portuário, uso de embarcações com combustíveis alternativos em rotas entre os países;
- Cadeias e complexos produtivos binacionais e regionais, financiamento e convergência em padrões comuns e ferramentas comerciais, com ênfase na energia eólica e solar e nas cadeias do lítio e do hidrogênio.
- Mercado de energia sul-americano e aumentar o intercâmbio de energia elétrica entre os dois países, além dos mercados de gás natural e gás liquefeito de petróleo (GLP).
- Cooperação bilateral e projetos conjuntos nos usos pacíficos da energia nuclear, e troca de experiência da parceria bilateral na construção do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e do Reator Multipropósito Argentino (RA-10).