Eleições 2022

Lula adia escolha para MME, em disputa por partidos 

Presidente eleito anuncia 16 novos ministros, dentre eles Geraldo Alckmin no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

Lula adia escolha de ministro para MME, em disputa por partidos. Na imagem: Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia 16 novos ministros que comporão seu governo em 2023 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anuncia 16 novos ministros que comporão seu governo em 2023 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

BRASÍLIA e RIO — O presidente eleito Lula (PT) adiou a decisão sobre o Ministério de Minas e Energia (MME), que segue pendente da negociação para acomodação dos partidos políticos. Os próximos anúncios estão previstos para terça (27/12).

Essa semana, o senador mineiro Alexandre Silveira (PSD) voltou a ser considerado um nome forte para a pasta, após negociações passarem pelo União Brasil e MDB.

Integrante do gabinete de transição, Deyvid Bacelar, afirmou hoje que Silveira será o novo ministro de Minas e Energia; e o senador Jean-Paul Prates (PT/RN), vai assumir o comando da Petrobras.

“Com base no diagnóstico e informações que o GT disponibilizou para o presidente eleito, durante esta complexa transição, ele definiu o nome do companheiro e senador @senadorjean [Jean Paul Prates] ara a presidência da Petrobras e do senador Alexandre Silveira para o Ministério de Minas e Energia”, publicou o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no Twitter.

Prates e Silveira, de fato, são cotados para as vagas, mas a confirmação ainda não foi feita.

O senador Alexandre Silveira chegou a ser apontado como futuro ministro da Infraestrutura e, após a divisão da pasta, ficaria com Transporte, que não teve ministro anunciado nesta quinta (22/12).

Os gatilhos para formação da base na Câmara e no Senado foram a aprovação da PEC da Transição, promulgada na noite de ontem (21/12), e a definição do orçamento de 2023, na sessão de hoje do Congresso Nacional.

“Na semana que vem, terminaremos de escolher os nossos ministros. Ainda faltam 13 ministros. Portanto quem tem a expectativa, não perca a expectativa, porque tudo pode acontecer nesses próximos dias”, afirmou o presidente eleito Lula (PT).

O petista deu um recado aos novos ministros. “Que cada pessoa tente colocar no governo gente diversa, de outras forças políticas que nos ajudaram, porque somente assim a gente vai contemplar o espectro de gente que participou dessa comissão de transição”.

Os partidos do centrão, contudo, não têm interesse apenas em escalões menores. MDB, União Brasil e PSD estão na disputa por pastas estratégicas, como o MME.

Além disso, há demandas do PP de Arthur Lira (AL) e Ciro Nogueira (PI) — lideranças que trabalharam pela reeleição de Bolsonaro e agora negociam espaço no governo Lula.

As principais áreas de interesse das siglas são Cidades, Integração e Desenvolvimento Regional, Transportes e Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Alckmin e Mercadante na política industrial

Nesta quinta (22/12) foram anunciados 16 novos ministros, incluindo Geraldo Alckmin (PSB) para o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi a solução caseira para o comando do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que será recriado no governo Lula.

No comando do MDIC, Alckmin vai trabalhar ao lado de Aloizio Mercadante nas propostas de reindustrialização do país, promessa de campanha de Lula.

Mercadante já havia sido confirmado presidente do BNDES e essa semana anunciou diretores para o banco de fomento.

“Aluízio tem experiência legislativa — deputado e senador –, executiva — ministro de várias áreas — e uma sólida formação acadêmica”, elogiou Alckmin, durante a apresentação do relatório final da transição de governo.

Alckmin foi duas vezes governador de São Paulo (2001-2006 e 2011-2018) e secretário de Desenvolvimento Econômico no governo paulista de José Serra (PSDB), em 2009.

O PT sondou empresários para liderar a recriação do MDIC, entre eles o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes, da Coteminas e filho do José Alencar, vice de Lula nos primeiros mandatos. O executivo negou o convite, segundo informações de diferentes veículos.

“Ele me disse que não poderia ser ministro porque ele é presidente da Fiesp e tem uma disputa”, justificou Lula. Segundo o presidente eleito, Josué Gomes justificou também que não conseguiu se desligar do comando das companhias.

Novos diretores do BNDES

  • Financeiro: Alexandre Abreu, presidente do Banco do Brasil em 2015 e 2016 e ex-presidente do Banco Original;
  • Planejamento: Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento;
  • Mercado de Capitais: Natalia Dias, presidente do Standard Bank Brasil;
  • Inovação: José Luis Gordon, ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii);
  • Social: Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e uma das criadoras do Bolsa Família;
  • Economia Verde: Luciana Costa, presidente da subsidiária brasileira do banco de investimentos francês Natixis;

Márcio França com Portos e Aeroportos

Nesta quinta (22/12), foi confirmada também a separação do Ministério da Infraestrutura em Transportes e Portos e Aeroportos.

O deputado federal eleito e ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), foi confirmado para a pasta de Portos e Aeroportos.

Com Flávio Dino no Ministério da Justiça, o PSB assegura até o momento três ministérios, mas os rateios se confundem com a ‘cota pessoal’ de Lula, tema usado para administrar

Ex-governador de São Paulo (2018 a 2019), Márcio França (PSB) assumiu o Palácio dos Bandeirantes após o titular, Geraldo Alckmin, renunciar para se candidatar à presidência da República em 2018.

No governo Alckmin, foi secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Nas eleições de 2022, França foi candidato a senador por São Paulo, mas perdeu a disputa para o candidato bolsonarista Marcos Pontes (PL).

Ex-prefeito de São Vicente, no litoral paulista, França assume uma pasta com influência direta sobre seu berço político — zona de influência do Porto de Santos.

Luciana Santos no MCTI

A vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos (PCdoB) assumirá a pasta de Ciência e Tecnologia. É presidente nacional da sigla, ex-prefeita de Olinda (PE) e se elegeu na chapa de Paulo Câmara (PSB), em mandato que se encerra no fim do mês.

Teve experiência na área, ao ter comandado, entre 2009 e 2010, a secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, durante o governo de Eduardo Campos (PSB).

Foi deputada estadual entre 1997 e 2000 e federal entre 2011 e 2018. Engenheira eletricista, Luciana Santos começou sua trajetória política no movimento estudantil.

Outros 14 novos ministros de Lula anunciados nesta quinta (22/12)

Núcleo político 

  • Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Deputado federal, foi ministro da Saúde.
  • Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo (PT). Deputado federal, vice-presidente do partido.

Jurídico e conformidade 

  • Advocacia-Geral da União, Jorge Messias. É procurador da Fazenda Nacional, foi assessor direto de Dilma Rousseff. Foi incorretamente conhecido como “Bessias”, após o vazamento de conversas de Dilma pelo ex-juiz federal Sérgio Mouro.
  • Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho. Ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica Desenvolvimento (Cade).

Área econômica

  • Ministério da Gestão, Esther Dweck. Economista, professora da UFRJ, com passagem pelo Ministério do Planejamento. A pasta de Gestão é um desmembramento do atual Ministério da Economia.

Área social 

  • Ministério do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT). Quatro vezes governador do Piauí, foi eleito senador este ano.
  • Ministério da Saúde, Nisia Trindade. Servidora da Fiocruz desde 1987, assumiu o comando da instituição em 2017.
  • Ministério da Educação,  Camilo Santana (PT). Senador eleito, foi duas vezes governador do Ceará.
  • Ministério da Mulher, Cida Gonçalves. Ocupou a secretaria nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma.
  • Ministério da Cultura, Margareth Menezes. Artista e produtora cultural com mais de 30 anos de carreira.
  • Ministério da Igualdade Racial, Anielle Franco. Jornalista, professora e ativista, diretora do Instituto Marielle Franco.
  • Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Advogado e escritor, é doutor pela Universidade de São Paulo, além de professor visitante na Universidade de Duke (EUA).