Energia

JBS lança empresa para locação de caminhões elétricos

Com lançamento da No Carbon, produtora de alimentos quer reduzir emissões de CO2 de escopo 3

JBS lança empresa para locação de caminhões elétricos
Caminhões frigoríficos elétricos da No Carbon (Foto: Ricardo Cardoso/Tanajura Filmes)

RECIFE — A produtora de alimentos à base de proteína JBS anunciou, na quarta-feira (27/4), o lançamento da No Carbon, empresa especializada em locação de caminhões elétricos.

A companhia atuará, inicialmente, nas operações logísticas da própria JBS, atendendo o setor de distribuição de produtos das marcas Friboi, Seara e Swift, e será responsável pela gestão de uma frota de caminhões movidos à energia elétrica.

O caminhão é equipado com baús frigoríficos que possibilitam o transporte de produtos resfriados e congelados, com capacidade de até quatro toneladas de carga. Os pontos de recarga dos veículos estarão disponíveis nos centros de distribuição das marcas. A autonomia do veículo (com o baú) é de até 150 quilômetros.

Ainda de acordo com a JBS, o veículo não possui filtros de ar, óleo ou combustível, sistema de escapamento, correias, bico injetor, bomba de injeção e demais itens que constituem um veículo a combustão.

Para atender os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal, serão utilizados 31 veículos urbanos de carga (VUC) elétricos. A expectativa é expandir a frota a médio prazo, com a possibilidade de abrir a locação para outros players do mercado com alta demanda por serviços logísticos, como redes varejistas e empresas de e-commerce.

A criação da empresa está ligada à estratégia da JBS para alcançar neutralidade de carbono até 2040.

Em março de 2021, a companhia comunicou que vai zerar o balanço líquido das suas emissões de gases causadores do efeito estufa, reduzindo a intensidade das emissões diretas e indiretas e compensando a produção residual.

A No Carbon irá impactar diretamente nas emissões de CO2 do chamado escopo 3 (emissões indiretas da empresa) — o mais complexo de conseguir resultados — ao substituir os modelos a diesel usados pelos prestadores de serviços logísticos do grupo.

“Com a No Carbon, a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil. Além disso, a nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável”, afirma Susana Martins Carvalho, diretora executiva da JBS Novos Negócios.

Este não é o primeiro movimento da empresa com relação à implementação da frota com veículos elétricos. Em abril de 2021, a Seara iniciou o transporte dos produtos através do caminhão elétrico.

O modelo apresenta um custo operacional três vezes menor, em comparação aos VUCs. No primeiro momento, o veículo atuou em Santa Catarina, entre Itajaí e Balneário Camboriú, em rotas do segmento premium, responsável pela distribuição de produtos de linhas como Incrível e Seara Gourmet.

A expectativa da JBS é conseguir 40% da frota desse setor padronizada em até cinco anos, dependendo da disponibilidade de equipamentos no mercado brasileiro para a produção do veículo.

Empresas se unem para impulsionar VE’s no Brasil

Um grupo de companhias do setor de mobilidade urbana, liderado pela empresa de tecnologia 99, lançou uma coalizão com o objetivo de impulsionar a infraestrutura para veículos elétricos no Brasil.

Uma das metas é criar 10 mil estações públicas de carregamento em todo o país até 2025. Atualmente, existem cerca de 1,5 mil pontos de recarga no mercado brasileiro.

Chamada de Aliança pela Mobilidade Sustentável, a iniciativa envolve a CAOA Chery, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric.

A aliança pretende discutir formas para impulsionar toda a infraestrutura necessária à eletrificação da frota brasileira, a partir da criação de postos públicos de recarga.

O grupo também quer diminuir as barreiras para a aquisição de carros elétricos. A estratégia passa por facilitar o aluguel de veículos do tipo entre motoristas de aplicativo; fornecer apoio às montadoras e às outras empresas da cadeia, como fornecedores de peças para esses veículos; além de monitorar a recepção pelo público. A cidade de São Paulo funcionará como polo pioneiro para implementação do programa.

A parceria contará com o suporte do DriverLAB, centro de inovações da 99 que deve investir cerca de R$ 250 milhões nos próximos três anos, sendo R$ 100 milhões em 2022.

Eletrificados avançam

Executivos da indústria global de automóveis acreditam que 41% dos novos veículos vendidos no Brasil em 2030 serão elétricos, de acordo com relatório divulgado pela consultora KPMG em 6/2/22.

Na  22ª edição da Pesquisa Executiva Anual do Setor Automotivo Global 2021 (Gaes), que ouviu 1.118 executivos — incluindo 372 CEOS  — em 31 países, a consultora perguntou qual porcentagem estimada de vendas de veículos novos alimentados por bateria, excluindo híbridos, dentro de cada mercado, até 2030.

Em 2021, a venda de veículos eletrificados no país bateu recorde, superando a marca dos 30 mil, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). O total de automóveis e comerciais leves eletrificados já em circulação no Brasil chega a quase 73 mil.

Apesar do crescimento acelerado na venda de veículos elétricos na América Latina, levantamento da S&P Global Platts mostra que essas vendas ainda representam 7% do mercado de carros novos no mundo.

Na AL, a expectativa é que os elétricos cresçam exponencialmente, para uma participação de 10% nas vendas até 2040.

Tempo de recarga e minerais críticos são desafios

Executivos ouvidos pela KPMG apontam que a redução no tempo de recarga das baterias é um dos principais desafios para a adoção de veículos elétricos pelos consumidores.

Para 77% dos entrevistados, os consumidores deverão exigir tempos de recarga inferiores a 30 minutos em suas viagens. Atualmente, a maior parte das estações de carregamento demora mais de três horas.

O suprimento de minerais é outro ponto. Estima-se que um carro elétrico demande seis vezes mais recursos minerais que um automóvel convencional.

No ano passado, a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) alertou que somente a demanda por lítio, por exemplo, deve crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.

Grafite, cobalto e níquel terão uma demanda entre 20 e 25 vezes maior, na comparação com o mercado atual.