O efeito imediato à reunião da OPEP desta sexta-feira (22/6) tem sido o aumento dos preços do petróleo. Os preços do Brent chegaram a subir 2% após as primeiras informações de que o crescimento de produção negociado entre Rússia e OPEP seria modesto frente às projeções iniciais.
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A conferência da OPEP realizada em Viena, com participação da Rússia, terminou com um novo acordo que deve representar uma alta de 600 mil barris/dia de produção entre os países membros, na prática, realinhando a expectativa de produção com a meta que já vinha sido definida.
A reunião de hoje revisa a execução do acordo de cortes de produção estabelecido em novembro de 2016, à época, para elevar os preços. O problema é que a OPEP vinha entregando uma produção inferior a cota estabelecida, de 32,5 milhões (produz em torno de 600 mil barris/dia a menos) e agora se compromete a atingir 100% da meta.
O corte de produção da OPEP ajudou a recuperar os preços que estavam na casa dos US$ 20 a US$ 30 por barril, em 2016, para o patamar atual de US$ 70 por barril.
Além do efeito moderado, investidores também precificam as dificuldades para aumentar o suprimento, tendo em vista que as exportações do Irã e Venezuela, membros da organização, sofrem sanções americanas, impostas pelo governo de Donald Trump.
O presidente dos Estados Unidos, inclusive, voltou a cobrar no Twitter que a OPEP aumenta a produção e reduza os preços. Trump tem feito acusações de que a OPEP está manipulando o mercado para manter os preços em alta, discurso que mira as críticas internas quanto a alta dos preços da gasolina no mercado americano.
Hope OPEC will increase output substantially. Need to keep prices down!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 22 de junho de 2018
Em meio às notícias de Viena, a China também ameaçou retaliar os Estados Unidos com redução das importações de petróleo americano a partir de setembro. É uma forma de o país pressionar na guerra comercial iniciada por Trump, que quer impor tarifas aos produtos chineses para proteger a indústria local. China é o segundo maior comprador de óleo americano.
Ainda que não participe diretamente das negociações com OPEP e Rússia, os Estados Unidos são uma figura central no mercado.
A recuperação dos preços tornou viável aumentar a produção interna do país, notadamente dos reservatórios não convencionais, o que ajudou a frear o impacto que o corte da OPEP teria no mercado internacional.
Atualmente, os Estados Unidos são importadores líquidos de cerca de 6 milhões de barris/dia de petróleo, sendo cerca de 25% desse volume da Arábia Saudita e do Iraque – no total, os 13 membros da OPEP representam 50% das importações líquidas. É o menor nível de importações desde meados dos anos 1990.
Com informações de Investing.com, Oil Prices e Reuters