A estatal cubana Unión Cuba-Petróleo, a CUPET, vai promover em parceria com a BGP Offshore, subsidiária da chinesa CNPC, o primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo em Cuba em Londres, durante a conferência de geociência EAGE 2019, na primeira semana de junho, quando a rodada será oficialmente lançada. A BGP afirma que o potencial das áreas é de 10 bilhões de barris recuperáveis.
Nesta quinta, 23, a BGP iniciou a promoção do evento, informando a imprensa internacional que abriu inscrições para empresas interessadas em conhecer os 24 blocos que serão ofertados na parte do Golfo do México localizado na zona econômica exclusiva (ZEE) de Cuba, as oportunidades exploratórias identificadas e o arcabouço legal para operar no país.
Esse roadshow incluirá encontros privados com executivos da CUPET para visualização dos novos dados geológicos da BGP, que concluiu as primeiras interpretações de 26,880 km de sísmica 2D, de alta definição, fruto de um levantamento feito em 2017.
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A BGP estima que há, na região, 10 bilhões de barris recuperáveis de petróleo – barris recuperáveis significam uma reserva com grau de incerteza alto, não representando o volume economicamente viável ou reservas provadas.
“O Golfo do México é uma das regiões offshore mais ricas e prospectivas do mundo”, destacou a empresa no comunicado. Veja o mapa das áreas no fim da matéria
Em 2012, três poços foram perfurados em projetos da Repsol, Petronas e PDVSA, mas resultaram em poços secos ou descobertas de óleo não comerciais. A novidade que a BGP está vendendo é a identificação de oportunidades no jurássico inferior, enquanto os poços de 2012 tiveram como alvo rochas carbonáticas do período cretáceo.
Além do risco geológicos, uma das barreiras é insegurança jurídica ao fazer negócios com Cuba. Não existe um um arcabouço legal específico para a indústria de petróleo, como é comum se estabelecer em outros países que tentam atrair investimentos estrangeiros para a área.
Cuba também está sujeita às relações diplomáticas com os EUA, devido ao embargo imposto a ilha após a revolução, em 1958. Uma das preocupações é com a possibilidade de abertura de processo contra empresas que investiram ou aturaram no país depois da tomada do poder por Fidel Castro, quando o governo revolucionário expropriou propriedades de nacionais cubanos e de estrangeiros.
Recentemente, o governo Trump rompeu uma tradição e não renovou a suspensão de um artigo previsto na lei americana que dá poderes tanto a cidadãos americanos como cubanos naturalizados de buscar na justiça ressarcimento pelo uso das suas propriedades que foram tomadas pela ditadura castrista.
Os chamados Act III e Act IV do Libertad Act, promulgado por Bill Clinton em 1996, nunca tinham entrado em vigor por uma previsão que presidentes americanos podem suspender sua aplicação por períodos de seis meses, o que foi feito por Clinton, Bush e Obama, mas não por Trump. O mecanismo legal começou a valer no início de maio.
O U.S.-Cuba Trade and Economic Council, uma organização privada e sem fins lucrativos, faz o mapeamento de empresas que estariam sob risco de e inclui em sua lista a Sherritt International (Canadá) e a Gazprom (Rússia), empresas que fizeram investimentos no país no setor de petróleo e gás.
O envolvimento de empresas chinesas, como a BGP, subsidiária da CNPC, não é por acaso. Em terra, a Great Wall China, também da CNPC, é responsável pela perfuração de novos poços em Cuba, com um efetivo de mais de 160 funcionários na ilha. As informações são da Xinhua, agência de notícias do Partido Comunista Chinês, que publicou, em abril, uma matéria sobre as atividades na região.
“As bandeiras nacionais de Cuba e China hasteadas lado a lado sobre uma torre de perfuração de 60 metros na costa da ilha caribenha, um símbolo da cooperação bilateral em exploração de petróleo offshore”, afirma a agência estatal.