Diálogos da Transição

Indústria deve investir R$ 60 bi em P&D para descarbonizar veículos, estima Anfavea

Governo divulgou regras do Mover nesta terça (26); montadoras terão que cumprir percentuais mínimos de gastos com inovação

Indústria brasileira deve investir cerca de R$ 60 bilhões em P&D para descarbonização da frota, estima Anfavea. Na imagem: Volvo inaugura novo centro de testes de software de última geração na Suécia (Foto: Divulgação)
Volvo planeja utilizar alumínio e aço de emissão quase zero na fabricação de veículos (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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Estimativas preliminares da Anfavea (associação da indústria automotiva) apontam que o setor vai investir em torno de R$ 60-70 bilhões em pesquisa e desenvolvimento pelos próximos cinco anos para cumprir as exigências do Mover (Programa Mobilidade Verde e Inovação).

Nesta terça (26/3), o governo assinou a portaria que regulamenta o programa que destinará cerca de R$ 19,5 bilhões em incentivos à eficiência e descarbonização da indústria automotiva.

Entre as regras para as montadoras poderem usufruir dos créditos financeiros está a obrigatoriedade de investimentos mínimos em P&D visando a sustentabilidade da frota de carros, ônibus e caminhões. Veja detalhes

“[A regulamentação] nos dá previsibilidade. Contempla as diversas reuniões que ocorreram durante todos esses meses. Em geral, nós estamos bastante aliviados com a portaria e dando prosseguimento aos investimentos”, disse à agência epbr o presidente da Anfavea, Márcio Lima.

Na visão do executivo, o futuro da frota brasileira é eclético e o Mover contempla todas as tecnologias que levarão à descarbonização, respeitando as características de cada um dos combustíveis “de uma forma muito positiva”.

Durante a cerimônia de assinatura da portaria nesta terça, Lima disse que as políticas de incentivo anunciadas até agora pelo governo Lula 3 levam o setor a um novo patamar.

“O setor automotivo está de volta”, comemorou observando que, em dois anos, os investimentos previstos pela indústria dobraram, mas ainda são tímidos e podem melhorar.

Frota eclética

A expectativa é que, até 2026, será possível ultrapassar três milhões de veículos fabricados no país, aproveitando as diversas rotas de descarbonização: etanol, elétrico e híbrido.

“O otimista é um ingênuo e o pessimista é um chato. Mas eu sou um realista esperançoso. Nós vamos superar a meta dos três milhões”, afirmou Lima a jornalistas.

“Nós vamos ter produção tanto de veículos elétricos e híbridos elétricos no Brasil, em até dois anos. Alguns estão antecipando esse processo. Mas, sem dúvida, é uma realidade. Quem tem feito a escolha da tecnologia é o consumidor”, completou.

Para o presidente da Anfavea, enquanto nos Estados Unidos e Europa são as leis que estão definindo a rota de transição energética da frota, no Brasil, essa decisão caberá ao consumidor. “Nós vamos ter à disposição todas as tecnologias”.

Da combustão ao hidrogênio

Segundo o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, desde a assinatura da medida provisória que cria o Mover, montadoras já anunciaram cerca de R$ 107 bilhões no Brasil.

Os recursos estão previstos para serem investidos até 2028 na fabricação de veículos, com foco em tecnologias elétrica, híbrida e biocombustíveis.

Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), destaca que a transição é uma oportunidade para a indústria brasileira investir em modernização e novas tecnologias, a exemplo da China, líder no mercado global de veículos elétricos.

Por aqui, os anúncios de investimentos de montadoras chinesas GMW, BYD e Caoa Cherry somam R$ 21 bilhões.

“A gente já parte de uma base muito boa no Brasil, que é a nossa energia. Temos aqui a energia elétrica renovável. Temos os biocombustíveis, o etanol e o biodiesel, também agora crescendo. Então, a oportunidade de nós termos a tecnologia automotiva combinada com as fontes energéticas é muito boa”, comentou Bastos na cerimônia.

“A indústria automobilística está passando por uma transformação global e o Brasil se coloca, com o Mobilidade Verde e Inovação, não só para receber os investimentos estrangeiros, mas também, tirando proveito de toda essa cadeia que nós temos instalada, muito forte no modelo a combustão, mas temos os híbridos, os híbridos plug-in, os elétricos e temos o hidrogênio pela frente”, completou.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Lula e Macron em Belém

Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, desembarca nesta terça-feira (26/3) em Belém, onde será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos cumprirão extensa agenda bilateral ao longo dos próximos dias no país, com temas na área de meio ambiente, defesa, reforma dos organismos multilaterais, entre outros.

Disputa de áreas para eólicas offshore

O Ministério de Minas e Energia (MME) vai começar a avaliar a regulamentação dos parâmetros para a seleção de áreas destinadas a projetos de geração eólica offshore, segundo o secretário de Transição Energética e Planejamento do ministério, Thiago Barral. O executivo também disse que o ministério vai debater critérios para que a competição pelas áreas considere parâmetros além das propostas financeiras.

19 mil empresas no mercado livre

Atualização da Aneel mostra que, até 29 de fevereiro, 19.046 empresas haviam informado a intenção de migrar para o mercado livre de energia. Desse total, 95% são empresas de menor porte, com contas de luz acima de R$ 10 mil, afirma a Abraceel.

Clima extremo

Subiu para 20 o número de mortes no Espírito Santo, após as fortes chuvas que atingiram o sul do estado no fim de semana. Segundo a última atualização do boletim da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, sete pessoas ainda estão desaparecidas.

Biodiesel no Combustível do Futuro

A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) reúne em Brasília, nesta quarta (27) um grupo de prefeitos, ministros, parlamentares e empresários para apresentar dados inéditos sobre as contribuições da indústria do biodiesel no PIB dos municípios onde as usinas estão instaladas.

A divulgação ocorre em meio à chegada do Projeto de Lei do Combustível do Futuro ao Senado. A proposta prevê um piso de mistura do combustível renovável ao diesel e propõe cronograma de aumento do percentual.