Diálogos da Transição

Emergentes devem priorizar mercado doméstico em políticas para hidrogênio, diz relatório

ONU e Irena sugerem a países que aproveitem hidrogênio verde para descarbonizar suas indústrias e gerar empregos

Emergentes devem priorizar mercado doméstico em políticas para hidrogênio, diz relatório (Foto: Pixabay)
Países devem priorizar descarbonização de suas indústrias antes de exportar hidrogênio verde, sugere documento (Foto: Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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Estudo da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), com a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena) e o Instituto Alemão de Desenvolvimento e Sustentabilidade, defende que países emergentes, como o Brasil, priorizem a indústria doméstica em suas estratégias para desenvolver o mercado de hidrogênio de baixo carbono.

O grupo faz quatro sugestões para os governos levarem em consideração no desenho de suas políticas.

Além de priorizar o uso local antes da exportação, a implementação da cadeia de hidrogênio deve estar alinhada aos conceitos de transição justa, para levar desenvolvimento econômico à população dos países que vão fornecer energia descarbonizada para o resto do mundo.

As outras sugestões são começar com projetos de pequeno a médio porte, para depois ir aumentando a escala, e implementar, de forma sequencial, a produção e aplicação.

“Os formuladores de políticas devem priorizar intervenções estratégicas e instrumentos para alcançar a diversificação industrial verde, incentivando tanto as indústrias existentes quanto as emergentes a se envolverem na produção de bens verdes e maximizar os benefícios da produção de hidrogênio de baixo carbono”, diz o documento (.pdf em inglês)

Um mercado de trilhões de dólares, o desenvolvimento da cadeia de valor de hidrogênio de baixo carbono depende de muitos fatores. De tecnologia a recursos naturais disponíveis, passando por ambiente de negócios favorável e incentivos.

Países ricos na Europa, por exemplo, estão lançando mão de uma série de subsídios para incentivar a descarbonização de seus parques industriais. Mas boa parte da nova energia deve vir de países emergentes, que também precisam garantir a competitividade das suas companhias.

No Brasil, a política para o hidrogênio está em discussão no Congresso Nacional. Após as idas e vindas dos projetos de lei, da Câmara e do Senado, que tentam estabelecer um marco legal, as discussões sobre os subsídios a essa nova indústria voltam à pauta com o início das atividades parlamentares esta semana.

Demanda brasileira

Um estudo publicado em 2022 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que os setores de refino e fertilizantes — grandes consumidores de hidrogênio fóssil — têm potencial de uso imediato das opções sustentáveis como estratégia de descarbonização.

refino tende a ser o principal cliente — hoje, cerca de 74% do hidrogênio consumido na indústria brasileira são destinados às refinarias.

Já no curto e médio prazos (três a cinco anos), siderurgia, metalurgia, cerâmica, vidro e cimento aparecem como os potenciais consumidores.

Petrobras é uma candidata a ancorar a demanda pelo gás de baixo carbono no Brasil. Durante inauguração das obras do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em janeiro deste ano em Pernambuco, o presidente Lula (PT) afirmou que o hidrogênio verde produzido no Brasil vai priorizar o mercado nacional.

“Esse país não quer ser exportador de hidrogênio verde. Quando estiver produzindo hidrogênio na Bahia, em Pernambuco, sabe quem vai comprar? A Petrobras, porque ela vai ser uma grande consumidora de energia limpa. A siderúrgica quer produzir aço verde? Vem pro Brasil. Quem quer produzir com uma fábrica limpa, venha para o Brasil”, defendeu o presidente brasileiro.

Na indústria de fertilizantes, a Atlas Agro planeja produzir 500 mil toneladas por ano de fertilizantes nitrogenados com hidrogênio verde a partir de 2027, na fábrica que está sendo construída em Uberaba, Minas Gerais.

Contrariando as previsões do mercado, o produto descarbonizado será ofertado ao agronegócio brasileiro ao mesmo preço que o convencional, produzido com gás natural, afirma a companhia.

Piloto de H2 na Petrobras

A petroleira, que estuda substituir hidrogênio fóssil por renovável nas refinarias, anunciou nesta quarta (7/2) a assinatura de um Termo de Cooperação com o Instituto Senai de Energias Renováveis do Rio Grande do Norte (Senai-ER) para a construção de uma planta piloto de eletrólise.

Com investimento de R$ 90 milhões, a Petrobras pretende aumentar a capacidade da usina fotovoltaica de Alto Rodrigues, de 1,0 MWp (Megawatt pico) para 2,5 MWp, para suprir a demanda elétrica da futura unidade de eletrólise.

O hidrogênio produzido será utilizado para avaliar o desempenho e integridade estrutural de microturbinas durante a combustão de misturas com gás natural.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirma que a iniciativa contribuirá para a análise de viabilidade econômica de projetos de hidrogênio de baixo carbono e seus derivados, visando modelos de negócio de interesse da companhia.

Europeias de olho no Brasil

Também esta semana,  o CEO global da Statkraft, Christian Rynning-Tønnesen, disse que a empresa avalia potenciais investimentos no Brasil em hidrogênio e biocombustíveis, além de considerar transformar todos os projetos de geração eólica no país em híbridos, com geração solar fotovoltaica associada.

“No futuro, o mundo vai precisar de moléculas, não apenas de eletricidade. E essas moléculas devem ser, predominantemente, de hidrogênio”, disse em visita ao Brasil esta semana.

A Statkraft está iniciando a construção dos seus primeiros projetos de hidrogênio na Europa. A ideia é, eventualmente, replicar o modelo por aqui. Segundo o executivo, a mesma estratégia deve ocorrer no segmento de biocombustíveis, área na qual a companhia está iniciando a atuação, com a construção de uma planta piloto na Noruega.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Eletrificados

Levantamento da ABVE apontam janeiro de 2024 como o segundo melhor mês da série histórica para a venda de carros elétricos no Brasil. No mês passado, 12.026 unidades foram emplacadas, crescimento de 167% em relação ao mesmo período de 2023. Segundo a associação, este foi também o melhor janeiro de toda a série, mesmo com a cobrança do Imposto de Importação de veículos elétricos que entrou em vigor este ano.

Hub de recarga

A Enel X inaugurou na terça (6/2) seu primeiro hub de recargas na capital paulista, no estacionamento do Shopping SP Market. O novo eletroposto tem capacidade para recarregar até 20 veículos simultaneamente, com opção de recargas rápidas, que permite carregamento completo do veículo em apenas 30 minutos.

Mercado livre cresceu 23% em 2023

De acordo com dados da Abracee, mais de 37 mil unidades consumidoras no país estão na modalidade que permite a contratação direta de eletricidade. No ano passado, foram registradas cerca de 7 mil novas unidades consumidoras. O volume de energia médio transacionado através da modalidade, de 128 mil MW, correspondeu a 72% do total do país.

Vagas exclusivas para PCDs na Engie

A empresa de energia está com inscrições abertas para a segunda edição do #geraInclusão, programa de capacitação para pessoas com deficiência (PCDs). São 18 vagas para diferentes regiões do país, em áreas como administrativa, compras e tecnologia. Interessados têm até o dia 22 de fevereiro para realizar a inscrição no site.