Diálogos da Transição

Cooperação Brasil-França mira minerais estratégicos e hidrogênio

Segundo MME, intenção é aprofundar a parceria entre os dois países para atrair investimentos na cadeia de valor

Cooperação Brasil-França mira minerais estratégicos e hidrogênio, além de SAF e nuclear. Na imagem: MME assina cooperação em minerais estratégicos com governo francês (Foto: Divulgação MME)
MME assina cooperação em minerais estratégicos com governo francês (Foto: Divulgação MME)

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Editada por Nayara Machado
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O governo brasileiro assinou nesta quinta (28/3) dois acordos com a França para cooperação em minerais estratégicos e alternativas aos combustíveis fósseis como hidrogênio de baixo carbono, biocombustíveis, combustível sustentável de aviação (SAF) e energia nuclear.

Os documentos foram assinados pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), durante evento com Lula (PT) e o presidente da França, Emmanuel Macron.

Segundo Silveira, a intenção é aprofundar a parceria entre os dois países para atrair investimentos.

Duas declarações conjuntas sobre minerais críticos passam agora a integrar a Parceria Estratégica entre Brasil e França.

De acordo com informações do MME, na Declaração de Intenção Conjunta sobre a Cooperação Franco-Brasileira em Minerais Estratégicos, os países irão compartilhar conhecimentos e boas práticas em legislação, regulação, orçamento e organização no setor de mineração. Há previsão de buscar financiamentos na área.

Vale dizer: no início de março, o MME também assinou uma declaração conjunta de intenções com o Ministério da Economia e Ação Climática da Alemanha para cooperação nas áreas de extração e beneficiamento de recursos minerais e da economia circular, visando o compartilhamento de experiências em regulação.

A segunda declaração inclui, além dos minerais estratégicos, cooperações bilaterais relacionadas a hidrogênio de baixo carbono, biocombustíveis e energia nuclear.

Corrida mineral

Até 2030, o mundo precisa triplicar sua capacidade renovável para cumprir as metas do Acordo de Paris, o que intensifica a demanda por minerais críticos como lítio, cobalto, níquel e cobre, essenciais na fabricação de tecnologias como células fotovoltaicas solares, energia eólica, armazenamento de bateria e veículos elétricos.

Mas há risco de escassez. Analistas da McKinsey apontam que alguns materiais como o níquel devem sofrer escassez modesta (aproximadamente 10 a 20%), enquanto outros, como o disprósio, que é um material magnético usado na maioria dos motores elétricos, podem ficar até 70% abaixo da demanda até 2030.

Em meio à corrida por insumos, países europeus costuram acordos com mercados da América Latina para garantir fornecimento e enfrentar a China, líder no processamento desses minerais. O Brasil tenta aproveitar o momento.

Minerais críticos e hidrogênio do Brasil integram ainda a lista de importações estratégicas da Itália. A agência de fomento ao comércio exterior do Ministério da Economia e Finanças da Itália (Sace) desenvolve um programa de “garantia estratégica de importação” para cobrir parte dos empréstimos a fornecedores estrangeiros de matérias-primas e produtos estratégicos para a segurança energética e industrial do país.

Em entrevista à agência epbr no final de janeiro de 2024, a diretora de Negócios Internacionais, Michal Ron, disse que a agência está olhando para matérias-primas críticas como terras raras, nióbio e lítio.

O novo petróleo

Entre os minerais estratégicos para a transição, o lítio brasileiro tem atraído a atenção internacional.

Também nesta quinta, a japonesa Mitsui fechou um acordo de investimento na Atlas Lithium – companhia com sede nos Estados Unidos que desenvolve um projeto de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.

O acordo prevê a aquisição pela Mitsui de US$ 30 milhões em ações ordinárias da Atlas e um contrato de offtake para a compra futura de 15 mil toneladas de concentrado de lítio (ou espodumênio) da Fase 1, e 60 mil toneladas por ano, durante cinco anos da Fase 2 do Projeto Neves, da Atlas Lithium.

O Projeto Neves deve iniciar a operação no quarto trimestre de 2024, com produção anual de 300 mil toneladas de concentrado de espodumênio, o que equivale a aproximadamente 1 milhão de veículos elétricos, segundo a Atlas.

Em comunicado, a empresa japonesa afirma que a participação neste negócio de mineração de lítio fortalecerá o portfólio de negócios na indústria de baterias e estabelecimento de cadeias de valor. Leia na epbr

Cobrimos por aqui:

Curtas

Acordo Mercosul-UE

A CNI saiu em defesa, na quarta (27), da conclusão do Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo a associação da indústria, o acordo tem potencial de contribuir com agendas de clima, sustentabilidade e comércio. O assunto foi citado no Fórum Econômico Brasil-França, na sede da Fiesp, em São Paulo.

“A indústria vê este acordo como um marco institucional moderno e responsável para conduzir as relações econômico- comerciais no século XXI, levando em consideração a importância das questões ambientais e sociais junto aos objetivos econômicos”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Leilão de transmissão

A Aneel concluiu o leilão de transmissão nesta quinta-feira (28/3), com a venda de todos os quinze lotes disponíveis. As empresas e consórcios vencedores apresentaram ofertas que resultaram em um deságio de 40,78% sobre a Receita Anual Permitida (RAP) inicialmente prevista.

Corio e Prumo estudam eólica offshore

A Corio Generation e a Prumo anunciaram na quarta (27/3) a assinatura de um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar a implantação de projetos eólicos offshore no Porto do Açu, no norte do estado do Rio de Janeiro. O plano da Corio é desenvolver cinco parques no Brasil, somando até 6 GW no total, entre as costas do Nordeste, Sudeste e Sul. Cada parque é projetado para ter 1,2 GW.

Eólica no RS recebe licença

A Eletrobras recebeu no início desta semana (26/3) a licença de operação do Ibama, com validade de 10 anos, para as obras do Parque Eólico Coxilha Negra, no município de Santana do Livramento (RS), na divisa com o Uruguai. Com investimentos de R$ 2 bilhões, o projeto conta com três usinas eólicas com potência total de 302,4 MW, o equivalente à demanda de 1,5 milhão de consumidores.

BNDES financia usina de etanol de cereais

O banco de fomento aprovou R$ 729,7 milhões para a Be8 construir sua usina de etanol cereais (trigo, triticale e milho, entre outros) em Passo Fundo (RS). Desse total, R$ 500 milhões são provenientes do Programa BNDES Mais Inovação.

Capacitação em financiamento sustentável

O Instituto Clima e Sociedade (iCS) promove nos próximos dias 3 e 4 de abril uma capacitação online e gratuita sobre financiamento da transição para economia verde. O evento é organizado em parceria com o Institute of Finance and Sustainability (IFS) e a Capacity-building Alliance of Sustainable Investment (CASI), criada na COP28. Participam representantes dos setores financeiro e produtivo e tomadores de decisões públicos e privados do Brasil e da América Latina.