Não é novidade que o Brasil tem, ou deveria ter, papel de liderança no processo de transição energética. Temos vento soprando em terra, sol escaldante e água em abundância para gerar energia. Nossa matriz elétrica é invejada por grande parte dos países do planeta, afinal 87,9% dela é composta por renováveis.
Sendo assim, o festejado hidrogênio verde pode ser uma excelente opção para o Brasil. Seria o combustível capaz de auxiliar a indústria nacional na retomada da competitividade e reduzir ainda mais as emissões, descarbonizando o processo produtivo da indústria nacional.
Mas, como de costume, o Brasil está perdendo uma oportunidade de ouro e corre o risco de fazer com o hidrogênio, e com a transição energética como um todo, o que se fez no setor elétrico ao longo dos anos: altos subsídios pagos pelos consumidores de energia e privilégios injustificados, para garantir um novo mercado para alguns, que será pago pela grande maioria da população.
Já se fala que, até 2030, a demanda do energético deve chegar a 130 Mton. Parte desse hidrogênio terá que ser de baixa emissão. E nós temos o potencial para exportar esse combustível para o mundo.
Políticas coordenadas para o hidrogênio
Para tanto, precisamos de uma governança capaz de gerenciar esse processo e que coordene também as políticas que serão desenvolvidas sobre o tema, inclusive com estreito relacionamento no ambiente do poder.
Sabemos que o Legislativo tem tipo papel importante no aumento dos custos da energia, com projetos que trazem subsídios que aumentam a conta.
Hoje, o hidrogênio está vivendo do marketing. O processo de comunicação em volta do chamado combustível do futuro tem sido, muitas vezes, raso e sem considerar o histórico brasileiro de caminhar na contramão da competitividade e da lógica do mercado.
E o caminho da governança é fundamental para que o hidrogênio produzido aqui seja voltado, num primeiro momento, para o mercado nacional.
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Assim podemos potencializar os ganhos de redução de emissões da indústria e retomar a competitividade da indústria com uma enxurrada de produtos de baixo carbono. O resultado seria óbvio: mais emprego, renda e desenvolvimento. E ainda tem a nossa rede de gás natural e nosso enorme potencial do pré-sal.
Podemos até integrar nossa rede ao hidrogênio em gasodutos de transporte e distribuição desde que se façam estudos sobre o percentual técnico seguro da injeção do energpetico na rede de gás e que essa opção se mostre a mais econômica para os futuros consumidores de hidrogênio de baixo carbono.
Temos potencial para fazer do hidrogênio verde uma nova fronteira de desenvolvimento para o Brasil. Mas, estamos atrasados e caminhando para fazer dele mais um exemplo de combustível que carrega subsídios injustificados que serão pagos pelos consumidores de energia.
Se esse for o caminho, perdemos mais uma chance de trazer competitividade para a indústria nacional e vamos acabar não exportando produtos de baixo carbono para o mundo, perdendo assim nossa grande chance na transição energética.