Empresas com ativos contratados, capazes de entregar gás natural nacional para o mercado brasileiro, têm pressa em ver a materialização das reformas em curso no setor, entre elas, a Lei do Gás, em discussão no Congresso Nacional.
“Eu, como produtora de gás, tenho pressa. Não quero ficar discutindo como vai ser, lá na frente, um mercado de balcão de venda de gás [por exemplo]. Quero resolver o que está acontecendo agora”, afirma Cláudia Brun, conselheira de Cadeia de Valor da Equinor.
A empresa é operadora do BM-C-33, conhecido pela descoberta de Pão de Açúcar, no pré-sal da Bacia de Campos. Ainda em fase de delimitação, o ativo demanda uma solução para levar o gás descoberto até o mercado.
“Quero comercializar o meu gás e contratar capacidade firme de transporte em 2021, 2022. Não quero esperar até 2026 para as coisas acontecerem”, reforça a executiva.
Cláudia Brun participou do Backstage Rio Oil & Gas 2020, nesta terça (1º).
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Recentemente, foi fechada uma parceria com a Repsol Sinopec para comercialização conjunta de gás. Hoje, o BM-C-33 é operado pela Equinor (35%) e tem a Repsol Sinopec (35%) e a Petrobras (30%) como sócias.
A Repsol Sinopec foi operadora do bloco até a fase de avaliação da descoberta.
“Somos parceiros no BM-C-33, temos uma parcela relevante de gás a ser comercializado. O foco é buscar contratos de vendas de gás a longo prazo e viabilizar o BM-C-33. Temos um leque grande de possibilidades que estamos avaliando e tentando amadurecer”, explica Cláudia Brun.
Lei do Gás
Essa discussão passa pela nova Lei do Gás, que tramita no Senado Federal, mas também por mudanças regulatórias e de mercado, como as chamadas públicas para contratação de capacidade nos gasodutos de transporte.
“A Lei do Gás será um marco importante para a indústria como um todo, traz embasamento, mas não é uma questão totalmente crítica. A gente vem trabalhando em cima do que foi desenvolvido com o TCC, um marco muito importante para viabilizar o acesso de terceiros aos gasodutos de transporte. A Lei do Gás traz a robustez, mas não resolve todos os problemas”, avalia.
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TCC foi o acordo firmado pela Petrobras com o Cade, em que a empresa assumiu compromissos como a saída completa do mercado de distribuição e transporte de gás e antecipar contratos com as transportadoras, permitindo a contratação de capacidade por outros agentes.
Caso da TBG, responsável pelo transporte do gás importado da Bolívia, apontada como um elemento central para o desenvolvimento do mercado no país.
“Temos a chamada pública da TBG acontecendo em breve, mas temos que ter em mente que se não tivermos uma chamada pública integrada, coordenada, acabamos limitando o universo. A TBG viabiliza uma série de negócios, mas está limitada ao gás da Bolívia. Temos uma imprevisibilidade de quando as coisas vão acontecer. Temos aí alguns percalços em relação a cronograma que são relevantes para que o mercado se viabilize”, afirma.
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