Integração regional

Comercializadora argentina de gás e energia, Cinergia se prepara para entrar no Brasil em 2026

Companhia fechou seu primeiro acordo de suprimento com a Vista Energy, para enviar até 250 mil m³/dia, e busca parceria com comercializadores brasileiros

Sócio-fundador da Cinergia, Marco Bramante (Foto: Divulgação)
Sócio-fundador da Cinergia, Marco Bramante (Foto: Divulgação)

RIO — A Cinergia, comercializadora argentina de energia e gás natural, se prepara para começar a atuar no mercado brasileiro a partir de 2026.

A companhia fechou seu primeiro acordo de suprimento com a Vista Energy, para importar até 250 mil m3/dia na modalidade interruptível. A produtora independente já é fornecedora de gás para a Cinergia nas operações de exportação para o Chile.

A trader formalizou um pedido de autorização, junto ao governo argentino, para trazer o gás para o Brasil e, em paralelo, iniciou os trâmites para obtenção das autorizações junto às autoridades brasileiras para atuar como comercializadora no país.

Marco Bramante, um dos sócios fundadores da Cinergia, conta que a ideia é atuar no Brasil como comercializadora de gás e energia — repetindo, assim, o modelo de negócios da empresa em outros países. A companhia atua na Argentina, Chile e Uruguai.

A expectativa, segundo ele, é começar a operar no Brasil no início de 2026. A companhia mantém negociações com a YPFB, da Bolívia, para fechar o acordo de trânsito internacional da molécula para o Brasil.

Parceria com comercializadoras brasileiras

A Cinergia mira como potenciais clientes para o seu gás, num primeiro momento, termelétricas e comercializadoras

“Como os primeiros contratos são interruptíveis, entendemos que a demanda virá de térmicas ou algum comercializador que já opera no Brasil e que tenha GNL [gás natural liquefeito] na carteira de compra e que possa complementar seu portfólio com gás argentino”, comenta Bramante.

“No futuro, quando a Argentina oferecer gás firme, a ideia é chegarmos ao consumidor final”, completou.

A Cinergia, acrescenta, ainda está na fase de montagem de portfólio de gás e mira parcerias com outras comercializadoras no mercado brasileiro. O foco está em acordos comerciais, mas Bramante não descarta eventuais sociedades.

“Estamos avaliando alianças estratégicas com comercializadoras no Brasil. A ideia é buscar sinergias com companhias locais”, afirmou.

Argentina ganha competitividade com mudança regulatória

Bramante acredita que, com a decisão do governo argentino de flexibilizar o preço mínimo de exportação, o gás argentino tende a ganhar mais competitividade no mercado brasileiro.

“A limitação agora é mais física. É preciso ampliar os gasodutos para, fisicamente, chegarmos com gás firme ao Brasil”.

  • A produção de gás argentino  deve atingir um pico de 180 milhões de m3/dia na próxima década, quando o país vai substituir a Bolívia como o principal supridor regional, estima a Wood Mackenzie
  • A consultoria prevê que, nesse cenário, a Argentina precisará de pelo menos US$ 5 bilhões para financiar a expansão da infraestrutura de gás.

A expectativa, segundo ele, é que, no verão, a partir de outubro deste ano, até março de 2026, a janela de exportação de gás argentino ao Brasil volte a se abrir com   

“Acreditamos que no verão teremos operações, mas pontual, ainda interruptível, com gás de oportunidade”, disse.

Rota testada

A Cinergia e a Vista Energy são os mais novos players argentinos a se posicionarem de olho na integração com o mercado brasileiro pela rota via Bolívia.

Alguns agentes já realizaram, inclusive, os primeiros testes de exportação:

Além delas, a Pan American Energy (com o seu próprio braço de comercialização, a PAE do Brasil, além de acordos com a Tradener e Comgás); a Oilstone Energía (com a MGás); a YPF (com a Tradener, MGás e PAE) também têm autorização do governo argentino para enviarem gás ao Brasil.

Cinergia também mira comercialização de energia

Na comercialização de energia elétrica, segundo ele, o foco é atuar em compras e vendas de elétrons no mercado local

“Podem haver oportunidades de exportar energia para a Argentina. Já tivemos conversas desse tipo no passado, mas nosso modelo é operar 100% no Brasil com energia”, disse.

Ele conta que, na Argentina, o foco da empresa é na comercialização de energia gerada em térmicas a gás e que, no Chile, em renováveis.

“Temos experiência com os dois tipos de energia. Podemos operar com ambas, com mescla de energia térmica e renovável no Brasil.

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