Integração regional

EXCLUSIVO: Edge faz sua primeira importação de gás natural argentino

Comercializadora trouxe, em caráter de testes, uma carga da Tecpetrol oriunda da Bacia Noroeste, no país vizinho

Operações da Tecpetrol em Vaca Muerta, na Argentina (Foto Divulgação)
Operações da Tecpetrol em Vaca Muerta | Foto Divulgação

RIO A Edge realizou nesta terça-feira (15/4) a sua primeira operação de importação de gás natural da Argentina, via Bolívia. A comercializadora do grupo Compass trouxe, em caráter de testes, uma carga da Tecpetrol, oriunda da Bacia Noroeste, do país vizinho. A Tecpetrol é do Grupo Techint, controladora da Ternium, Usiminas e Tenaris.

O CEO da Edge, Demétrio Magalhães, destacou que este é um primeiro passo da integração com os produtores argentinos e que a expectativa é manter a importação, ainda em caráter interruptível, nos próximos dias. 

A Edge tem o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP) como sua fonte de suprimento principal, mas vem diversificando seu portfólio por meio de aquisições complementares de gás do pré-sal, da Bolívia e, agora, da Argentina.

“É mais uma opção para o nosso portfólio. Com o TRSP, temos flexibilidade para minimizarmos nossas posições de portfólio. Estamos próximos deles e, tendo disponibilidade de mais gás interruptível que faça sentido, pode ter outros volumes chegando”, disse Magalhães à agência eixos.

Teste da rota boliviana

A importação de gás argentino envolveu, ainda, a YPFB, que, por sua vez, fez o trânsito internacional

A estatal boliviana lançou, em 2024, uma nova linha de negócios que consiste no serviço de agregação e transporte do gás argentino ao Brasil, por meio de sua infraestrutura.

Segundo Demétrio Magalhães, a companhia conseguiu negociar com os bolivianos uma tarifa mais competitiva do que os patamares que vinham sendo comentados no mercado.

Inicialmente, a YPFB havia precificado o serviço entre US$ 1,4 e US$ 2 o milhão de BTU, dependendo do prazo do contrato (se sazonal, trimestral, mensal ou diário). Quanto mais longo o prazo de contratação, menor a tarifa.

Agentes do mercado se movimentam desde 2024 para tentar viabilizar as primeiras importações de gás argentino na janela de verão – quando o país vizinho, historicamente, costuma ter um balanço de excedentes de gás.

No início do mês, a MTX Comercializadora de Gás Natural, subsidiária da Matrix Energy, anunciou a realização da primeira operação via Bolívia.

O fornecedor, nesse caso, foi a TotalEnergies, por meio da Total Austral e TotalEnergies Gas Cono Sur.

Edge monta portfólio na Argentina

A Edge não entrou em detalhes sobre os volumes trazidos. A empresa tem acordo com a Tecpetrol e outros dois supridores na Argentina: a Pan American Energy (PAE) e a TotalEnergies – todos os contratos na modalidade interruptível.

Da Tecpetrol, a comercializadora brasileira tem autorização do governo argentino para importar:

  •  até 500 mil m3/dia da Bacia Noroeste, a US$ 7,1 o milhão de BTU na fronteira com a Bolívia (considerado o preço do Brent a US$ 80 o barril);
  • e até 1 milhão de m3/dia da Bacia Neuquén, a US$ 7,5 o milhão de BTU na fronteira com a Bolívia (considerado o preço do Brent a US$ 80 o barril)

A Tecpetrol possui produção própria de 25 milhões de m3/dia na Argentina, onde opera dois campos de gás convencional na Bacia Noroeste e o principal campo de gás não convencional do país: Fortín de Piedra, localizado na Bacia de Neuquén.

“Nosso principal objetivo é abrir novos mercados regionais, gerando e impulsionando demanda para a crescente oferta de gás no país, especialmente com o potencial que Vaca Muerta vem revelando”. 

“Há uma enorme oportunidade, e estão em andamento — e em planejamento — ampliações na capacidade de transporte que nos permitirão abastecer, de forma competitiva e segura, todos os nossos países vizinhos”, destacou o  CEO da Tecpetrol, Ricardo Markous, em nota.

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