A privatização da Sergas é apenas mais um dos negócios que devem movimentar Sergipe em 2020

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Diálogos da Transição

apresentada por

Quem faz
Felipe Maciel, Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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O mercado futuro de gás natural em Sergipe

Principal promessa para o desenvolvimento de um novo mercado de gás natural, Sergipe está atraindo atenção de empresários, executivos e mobilizando políticos do estado em torno do setor. Esses grupos participaram em peso, na segunda (9), do Fórum Sergipano de Petróleo e Gás.

Um dos menores consumidores de gás do país, Sergipe deve movimentar alguns bilhões de reais, já em 2020, ainda que não em investimentos diretos no estado. A Petrobras tem um FPSO para contratar para o projeto de águas profundas, que também está à venda, numa tentativa da empresa de atrair um ou mais sócios para investir nos ativos.

Sem falar na demanda por infraestrutura, essa sim local. A Petrobras precisa construir até 2024 um gasoduto marítimo para escoar a produção em águas profundas e a Celse, planeja um duto terrestre, para ligar o terminal de GNL, que começa a operar em janeiro, à malha de transporte.

Soma-se aí a venda da Sergas, distribuidora de gás do estado, que teve seu projeto de privatização assinado pelo governador Belivaldo Chagas (PSD), durante o evento em Aracaju.

[amplie a imagem] Malha de distribuição da Sergas
(fonte: EPE, elaborado pela epbr)

Oferta conjunta de ações da Sergas

A cena política para o estado é avaliada positivamente pelos produtores de gás, que enxergam nas mudanças a criação de novas oportunidades de investimentos. Antes do anúncio da privatização da Sergas, o governo promoveu uma reforma na regulação, para desenvolver o mercado livre no estado.

A privatização da Sergas, inclusive, deve ser feita em conjunto com a venda da parcela da Petrobras, em uma tentativa de dar mais atratividade para um novo controlador, afirmaram fontes da companhia à epbr. Essa semana, Castello Branco comentou os planos para a Gaspetro e, dado o volume de negócios a ser liquidado, uma alternativa é o IPO da subsidiária. 

A Sergas é uma sociedade entre o governo do estado, que detém 17% do capital total, com Gaspetro (41,5% do capital), por sua vez uma empresa da Petrobras (51%) e Mitsui (49%). O grupo japonês detém, diretamente, os outros 41,5% da distribuidora.

Até setembro deste ano, a empresa demandou 355 mil m³/dia em média (MME) de gás natural, ficando na 16ª posição considerando a demanda não termoelétrica das distribuidoras do país. São cerca de 240 km de dutos de distribuição, restritos à capital, Aracaju.

O estado também é um dos menores produtores, com 2,2 milhões de m³/dia, em média, em 2018 – realidade que deve mudar em 2024, com a entrada do primeiro FPSO da Petrobras, projetado para comprimir 10,5 milhões de m³/dia de gás natural (e processar mais 100 mil barris/dia de óleo).

[amplie a imagem] Infraestrutura atual e projetos de gás natural em desenvolvimento em Sergipe (fonte: EPE e ANP, elaborado pela epbr)

 

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85% das empresas identificam riscos ligados às mudanças climáticas

Estudo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com o apoio da WWF-Brasil e do Carbon Disclosure Program (CDP) América Latina identificou que as mudanças climáticas são um fator de risco no planejamento da grande maioria de grandes empresas que atuam no Brasil.

A 2ª edição da pesquisa Como as empresas vêm contribuindo para o Acordo de Paris, foi lançada na COP 25. Ouviu executivos de 61 companhias com operações no Brasil, que representam cerca de 90% do capital comercializado em bolsa no país.

A estimativa é que as mudanças climáticas podem gerar um impacto financeiro de US$ 45 bilhões para essas empresas, mas ao mesmo tempo são oportunidades para ganhos da ordem US$ 124 bilhões, que demandariam US$ 17,5 bilhões em investimentos.

E há fundos para tal. De acordo com o CEBDS, há um apetite crescente de investidores por produtos financeiros que levam em conta critérios de sustentabilidade – requisitos ambientais, sociais e de governança (ASG)

Principais resultados da pesquisa:

  • 83% das empresas identificam riscos associados às mudanças climáticas e 85%, oportunidades;
  • 93% integram mudança do clima à estratégia de negócios e 68% fazem uso de cenários climáticos no seus planejamentos;
  • 30% desenvolveram um plano de descarbonização e 10% têm um plano de descarbonização em desenvolvimento a ser finalizado nos próximos 2 anos;
  • 33% utilizam precificação interna de carbono, e mais 21% pretendem fazê-los nos próximos 2 anos;
  • 32% se comprometeram com uma meta baseada na ciência.

Curtas

O BNDES fechou acordo com o banco de desenvolvimento alemão KfW para estruturação de projetos de mobilidade, que contribuam para a redução de emissões de poluentes. Pode render uma chamada pública para seleção de até cinco projetos financiáveis com 450 mil euros, não reembolsáveis, do KfW.

A Ubrabio estima que a oferta no próximo leilão de biodiesel será de 1,350 bilhão de litros, para uma demanda de 1,159 bilhão, assegurando a capacidade para elevar o teor do biocombustível para 12% (o B12), vigente a partir do primeiro trimestre de 2020. No último leilão deste ano, foram contratados 1 bilhão de litros, e ofertados 1,2 bilhão.

Esse saldo foi apresentado esta semana à Renata Isfer, secretária de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME). Além de representantes da Ubrabio, participou da reunião o deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel.

O deputado Gildenemyr (PL/MA) está sugerindo ao Ministério de Meio Ambiente a edição de um projeto de lei criando linhas de financiamento e apoio para projetos de eficiência no uso de energia e água, Programa de Incentivo à Construção ou Reforma Sustentável de Residências (PIC Sustentável).

E Ricardo Teobaldo (PODE/PE) tenta garantir, em lei, a isenção de IPI para geradores solares fotovoltaicos. PL do deputado federal isenta do tributo os kits solares, sem limite de potência, que já são beneficiados por incentivos fiscais. Inclui também componentes, como bombas e inversores.

Recentemente, o governo vetou um projeto similar, mas que isentava do imposto de importação toda sorte de células solares. Está no pacotão de vetos a serem apreciados neste fim de ano pelo Congresso Nacional, mas não deve representar risco para o governo, dada a falta de aderência à Lei de Responsabilidade Fiscal.

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