Combustíveis e Bioenergia

Novo presidente interino da Petrobras é contra intervencionismo

Fernando Borges já manifestou, no passado, preocupação com interferências nos preços da estatal

Fernando Borges [na foto]: presidente interino da Petrobras é contra intervencionismo (Foto: Alaor Filho/Agência Petrobras)
Novo presidente interino da Petrobras, Fernando Borges, também é crítico ao regime de partilha, a política de conteúdo local e o aumento da taxação sobre O&G (Foto: Alaor Filho/Agência Petrobras)
RIO — O novo presidente interino da Petrobras, Fernando Borges, já manifestou, no passado, preocupações com os impactos da interferência do governo nos preços dos combustíveis. Funcionário de carreira da estatal, o executivo é um crítico de políticas mais intervencionistas, como o regime de partilha, a política de conteúdo local e o aumento da taxação sobre a indústria de óleo e gás.

Assista, na íntegra, entrevista concedida por Borges à epbr em 2021, e conheça mais sobre o seu perfil:

No mesmo dia em que Borges foi anunciado como presidente interino da Petrobras, Arthur Lira (PP/AL), promete se reunir com líderes de partidos governistas e da oposição para discutir a política de preços da estatal e outros dois temas que, no passado, já foram rejeitados pelo próprio presidente da Câmara: o aumento da CSLL sobre o lucro da companhia (o windfall tax à brasileira) e a taxação das exportações de petróleo.

Em entrevista à agência epbr, em 2021, Fernando Borges alertava que os riscos de interferências nos preços da companhia já impactavam, naquele momento, o programa de venda das refinarias.

  • “Porque ninguém construiu refinaria [no Brasil]? O preponderante é o risco de interferência no preço, a margem é pequena e, se você controla o preço na refinaria, pode operar com margem negativa. A gente viveu isso no passado recente”, disse em referência aos governos petistas.
  • “É um dos riscos que não está tornando fácil a Petrobras vender suas refinarias. Esse histórico de interferência no Brasil é longo e, quando se tem alternância de governo, pode ter um outro que acha que é a solução controlar preço”, em relação às eleições deste ano.

Até o momento, apenas uma das oito refinarias colocadas à venda pela Petrobras foi vendida, de fato: a Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. O ativo foi vendido para o fundo Mubadala, por US$ 1,65 bilhão, em 2021.

A estatal já assinou outros três contratos, mas os negócios ainda não foram concluídos:

Quem é Fernando Borges?

Borges assumiu o cargo na diretoria de exploração e produção da Petrobras na chegada de Joaquim Silva e Luna, em abril de 2021. Foi uma das ‘pratas da casa’ escolhidas para compor a diretoria da estatal, naquele momento, ao lado de seus colegas Cláudio Mastella (diretor de comercialização), Rodrigo Araújo (diretor financeiro e de relações com investidores) e João Henrique Rittershaussen (diretor de desenvolvimento da produção).

Funcionário de carreira, Fernando Borges trabalha na Petrobras há quase 40 anos.

Ocupou diversas funções gerenciais na companhia, dentre elas as gerências-executivas de Libra e de Relacionamento Externo.

Entre 2016 e 2020, atuou como diretor no Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). E ainda atua como membro do conselho de administração da entidade — que representa os interesses das petroleiras e é defensora da livre formação de preços.

Em meio às ameaças de interferência na política de preços da Petrobras e de aumento da taxação sobre o setor, o IBP emitiu nota, nesta segunda-feira (20/6), defendendo “os princípios da liberdade econômica e a livre formação dos preços dos produtos da cadeia petrolífera como o único caminho possível para a consolidação de um mercado mais competitivo no Brasil”. E disse que “não apoia o controle de preços na cadeia de abastecimento ou a criação de gravames à exportação de petróleo”.