BRASÍLIA — A revisão das regras do leilão de reserva de capacidade (LRCAP 2025) deve ser encarada como uma oportunidade para dar mais segurança ao mercado de gás natural, incluindo aí os produtores, defende a vice-presidente da Equinor no Brasil, Claudia Brun.
Claudia Brun participou da gas week 2025, evento promovido pela agência eixos, na terça (8/4), em Brasília. Assista a entrevista na íntegra acima.
O Ministério de Minas e Energia (MME) decidiu cancelar o leilão previsto para junho, após uma onda de judicialização de geradores e consumidores de energia. Um dos pontos, que está sendo rediscutido é a remuneração dos gasodutos de transporte, a fim de evitar impactos nas nas tarifas.
“O cancelamento veio com uma mistura de frustração, mas, ao mesmo tempo, alívio no sentido de que venha, uma nova sistemática que traga uma previsibilidade maior, uma segurança jurídica maior para não cair no risco de judicialização”, disse a executiva ao estúdio eixos.
A pasta sinalizou que vai colocar as novas regras em consulta pública em breve, para retomada do leilão ainda este ano.
“É necessário trazer mais potência, mais confiabilidade para o sistema elétrico“, diz. “Então, a esperança é que a gente consiga, sim, resolver isso o quanto antes”, diz Brun.
Equinor e o mercado de gás natural
Para a Equinor, a contratação das térmicas representa uma forma de ampliar a venda de gás natural em contratos flexíveis, a partir da sua produção nacional, mas também com importações de gás natural liquefeito (GNL).
“O setor elétrico é uma parcela relevante da demanda de gás no Brasil e a gente encara o leilão de reserva de capacidade como um mecanismo importante para lidar com flexibilidade. Principalmente, lidar com gás flexível”, disse.
“A gente já tem um portfólio de contratos firmes de gás. Então, a gente poder agregar contratos flexíveis também é uma forma interessante de fazer a gestão de risco. Então, realmente estávamos ansiosos e nos preparando muito para esse leilão”.
Produção e Importação de GNL
A Equinor é sócia da Petrobras no campo de Roncador e operadora do campo de Raia, ambos na Bacia de Campos. O gás natural de Raia deve começar a chegar ao mercado entre 2027 e 2028.
“Vai ser uma combinação do portfólio que a gente já tem e, eventualmente, até, se fosse o caso, podendo trazer GNL do nosso portfólio global. A gente vai olhar como um todo, no dia a dia, como que seria a fonte desse volume. Mas, certamente, contando com o portfólio de Raia e de Roncador”.
A executiva explica que a importação de GNL para atendimento às térmicas trata-se de mais uma opção, não necessariamente uma operação regular.
“Seria justamente em situações em que a gente visse essa oportunidade de arbitrar entre o mercado local e o mercado internacional, porque o mercado internacional de precificação do GNL também tem volatilidade”, diz.