Biocombustíveis

Esforço de Biden para eletrificar frota federal une velhos adversários do setor energético

Parlamentares ligados ao petróleo e ao etanol afirmam que "soluções reais passam pelos combustíveis líquidos"

Joe Biden com a GMC Hummer EV, picape elétrica da GM (foto: GM/Divulgação)
Joe Biden com a GMC Hummer EV, picape elétrica da GM (foto: GM/Divulgação)

Legisladores que apoiam as indústrias rivais de petróleo e etanol dos Estados Unidos uniram forças esta semana para fazer oposição à investida do governo de Joe Biden para eletrificar a frota federal.

Biden assinou em dezembro de 2021 uma ordem executiva para eletrificação dos veículos federais, com previsão de substituição de mais de 645 mil carros do governo por veículos elétricos (VEs) até 2035.

A ordem também exige das agências federais a aquisição exclusiva de carros de passeio de emissão zero até o final do ano fiscal de 2027.

Para cumprimento da meta, o governo irá trabalhar com montadoras americanas, fabricantes de baterias e de equipamentos para carregamento.

No entanto, cinquenta republicanos — incluindo 17 do Texas rico em petróleo e 21 do Cinturão do Milho – alertaram o presidente norte-americano que a medida exigindo apenas veículos de emissão zero tornará os EUA “perigosamente dependente da China”.

Já que a grande maioria dos minerais críticos necessários para a fabricação de eletrificados provém da China, ou de países com investimentos e influência chinesa, “esta ordem executiva cria uma dependência de adversários estrangeiros”, escreveram os parlamentares em carta divulgada na última segunda (24/1).

Os legisladores defendem a oportunidade de cortar custos e emissões imediatamente usando combustíveis líquidos de alta octanagem, como etanol e diesel renovável — um momento raro de união de interesses entre as indústrias de etanol e petróleo.

As refinarias de biocombustíveis e petróleo estão há muito tempo em lados opostos sobre a exigência de mistura de alternativas como o etanol à base de milho na gasolina do país. Segundo a Bloomberg, o movimento pode gerar mais colaboração no futuro desse programa de biocombustíveis, já que a lei não dita explicitamente metas de mistura de biocombustíveis além de 2022.

Números e desafios da transição norte-americana

Um dos maiores desafios do mandato elétrico é substituir a frota de caminhões.  A tecnologia para eletrificação de veículos pesados ainda não está disponível em escala e custo competitivo.

Além disso, a infraestrutura de recarga atual é inexpressiva para atender à alta demanda na extensa malha rodoviária norte-americana.

De acordo com o jornal The Washington Post, parte da frota atual é composta por cerca de 200 mil carros de passeio, 47 mil vans, 847 ambulâncias, três limusines e 78,5 mil caminhões pesados.

Ao todo, o consumo de combustível dos carros federais chega a 400 milhões de galões (1,5 bilhões de litros) e emitem mais de 3,1 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Na frota leve, o Departamento de Segurança Interna vem testando em campo o Ford Mustang Mach-E para uso ainda este ano e o número atual de veículos do órgão se aproxima dos 30 mil veículos.

Com a assinatura da ordem executiva, o governo federal espera zerar as emissões nas compras e operações federais até 2050 e reduzir em 65% as emissões totais até 2030.

Promessa de campanha

Na corrida eleitoral à Casa Branca em 2020, Joe Biden se comprometeu com um plano de US$ 2 trilhões para o combate às mudanças climáticas com investimentos em energia limpa nos setores de infraestrutura, transporte e construção.

A meta anunciada foi que os recursos aportados nos quatro anos seguintes impulsionariam o país em direção à neutralidade das emissões na geração de energia pelos próximos 15 anos, a contar da data.

Entre as estratégias estaria a construção 1,5 milhão de novas casas e unidades habitacionais, todas com eficiências energética, e investimentos e incentivos para a ampliação da fabricação e a massificação de veículos elétricos no país, com a criação de meio milhão de estações de recarga de VEs.

Outro compromisso assumido foi o de zerar as emissões de novos ônibus americanos até 2030, provendo transporte público sustentável com investimentos federais para cidades com 100 mil ou mais habitantes, além da adaptação dos atuais sistemas de transporte e a criação de novas redes de VLTs.

Com informações da Bloomberg e do Autoesporte